##### A IDADE DE OURO DA HERMENÊUTICA ALEXANDRINA
* A hermenêutica, compreendida como *interpretatio* e exegese, remete à mensagem de Hermes e à transferência de significação, constituindo um ministério da comunicação cuja tarefa inacabável consiste em desvelar a não evidência do sentido, o que leva Nietzsche a definir a filologia como a arte de ler, uma erudição clássica que remonta ao século III a.C. * A fundação de Alexandria no Egito em 330, estabelecendo a capital cultural do Ocidente (…)
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hermenêutica / interpretação / exegese
Matérias
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Gusdorf: Origem da Hermenêutica
25 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro -
Hermenêutica e Desconstrução
25 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### O Encontro Histórico e as Raízes Filosóficas Comuns
* O primeiro encontro entre Gadamer e Derrida, ocorrido em Paris em abril de 1981, embora inicialmente caracterizado por participantes e testemunhas como um diálogo de surdos, revelou-se um evento de proporções epocais cujos desdobramentos intelectuais foram documentados na obra *Dialogue and Deconstruction*, editada por Philippe Forget; a despeito da percepção inicial de incomunicabilidade, a questão legítima da diferença entre a (…) -
Gusdorf: Superabundância de sentido
25 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### A ruptura ontológica entre o Iluminismo e o Romantismo
* A sabedoria do século das Luzes circunscreve-se a uma sabedoria dos limites, sintetizada na resignação final de Cândido de cultivar o próprio jardim após o término das aventuras, ao passo que a sensibilidade romântica se situa nos confins do ilimitado, abandonando-se às tentações da aventura perpétua onde a morte, tal como ocorre a Dom Quixote, é apenas um acidente ou um novo ponto de partida para a verdadeira busca de sentido (…) -
Gusdorf: O modelo biológico nas ciências humanas
25 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### A Epistemologia Vitalista e a Natureza da Compreensão Hermenêutica
A tarefa da compreensão nas ciências humanas configura-se como uma reação contra a constante dissipação do sentido, o qual tende a fluir como água na areia assim que fixado em documentos, exigindo dos sábios a função de reanimadores de uma memória humanitária permanentemente ameaçada pelo esquecimento e pela morte, em um processo de palingênese que visa salvar as configurações fugazes do mundo da cultura. A (…) -
Hermenêutica e crítica da ideologia
25 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro* A gênese do debate entre a hermenêutica filosófica e a crítica da ideologia remonta à publicação, em 1967, de um extenso artigo de pesquisa intitulado *Zur Logik der Sozialwissenschaften* na *Philosophische Rundschau*, no qual Jürgen Habermas assumiu pela primeira vez uma posição formal em relação à filosofia de Gadamer. Embora a controvérsia resultante tenha sido breve e fortemente marcada pelo espírito da época do final da década de 1960, ela acarretou consequências significativas para (…)
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Hermenêutica e Neopragmatismo
25 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### A recepção da hermenêutica nos Estados Unidos e a interlocução com o neopragmatismo
* Após o ano de 1968, Hans-Georg Gadamer lecionou em diversas universidades americanas, momento em que sua obra foi inicialmente acolhida com maior entusiasmo por estudiosos da literatura, teólogos e juristas do que propriamente nos departamentos de filosofia, onde predominava a filosofia analítica, embora Gadamer jamais tenha buscado evitar o debate com essa corrente, procurando, inclusive, (…) -
Faivre (Grimm) – contos, por uma mito-crítica
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroSe fosse preciso buscar uma estrutura não abstrata para dar conta da especificidade dos Märchen em geral e dos KHM em particular, é sem dúvida no discurso alquímico que se poderia encontrá-la. Não que nossos contos se reduzam a ele, mas como a alquimia ocidental é uma simbólica irredutível a outra coisa senão o que ela é, e se apresenta como um denominador comum do mito judaico-cristão e de vários outros mitos, ela poderia iluminar nossos contos tão bem quanto o faz a psicanálise junguiana — (…)
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Gadamer (VM) – Verdade e Método
26 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroVerdade e Método I Introdução PRIMEIRA PARTE: A LIBERAÇÃO DA QUESTÃO DA VERDADE DESDE A EXPERIÊNCIA DA ARTE 1. O ato de transcender da dimensão estética 1.1. A significação da tradição humanística para as ciências do espírito 1.1.1. O problema do método 1.1.2. Os conceitos-guia humanísticos a) A formação b) O sensus communis c) O juízo d) O gosto 1.2. A subjetivação da estética pela crítica kantiana 1.2.1. A doutrina kantiana do gosto e do gênio a) A caracterização transcendental (…)
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Faivre (Grimm) – contos, simbolismo numérico
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroO formalista esbarra necessariamente em um dado que, no entanto, é bem formal na aparência: os números. Ele sempre pode notá-los, ver como se combinam entre si, mas não saberia dizer a qual necessidade interna eles obedecem. Ora, eles ocupam um lugar de destaque nos contos. Não falo aqui dos números que um estudo formal pode induzir, mas daqueles que se apresentam como tais no relato.
Não é indiferente, todavia, que se tenha podido induzir a partir deles, mas trata-se de outra coisa. (…) -
Faivre (Grimm) – contos, exegese junguiana
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroA abertura junguiana rompeu as cercas freudianas, integrando as conquistas anteriores em um contexto ampliado. O inconsciente não é mais apenas o de um indivíduo ou de um grupo, mas uma realidade sincrônica, arquetípica, e a imagem é dotada de uma salvação ontológica. Certamente, os produtos do imaginário sempre foram considerados pela psicanálise como representações de processos de nossa atividade inconsciente, mas Jung mostrou que esta tende a se expressar sobre si mesma, a traduzir nas (…)
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Faivre (Grimm) – contos e iniciação
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroRepetição, impregnação, evocam também a importância do conto para as crianças, seu papel educativo, formativo. É historicamente certo que os irmãos Grimm não reuniram os KHM para uso infantil, mas sim de um público adulto, e que aqueles que os transmitiram de geração em geração os contavam pelo menos tanto para os adultos. Tudo se passa como se ocorresse periodicamente um deslizamento dos destinatários, como em As Viagens de Gulliver, de Swift, e Robinson Crusoé, de Defoe. Por que essa (…)
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Faivre (Grimm) – contos, interpretações freudianas
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPara a psicanálise freudiana, as imagens são primeiramente sintomas. “Dize-me quais são as tuas imagens e direi qual é a tua neurose”: assim poder-se-ia resumir, não sem algum exagero, o estatuto freudiano da imagem. As situações dos heróis de contos representam dilemas psicológicos, frequentemente de tipo edipiano. A origem de cada conto reside no passado individual daquele que o elaborou; este conteúdo se encontra reativado por aqueles que virão em seguida adicionar novos elementos a esta (…)
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Faivre (Grimm) – contos, estruturalismo de Propp
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroFoi visto que a pesquisa dispõe de um sistema tipológico, devido a Antti Aarne e Stith Thompson, que facilita o trabalho dos cientistas e dos editores. Stith Thompson catalogou cerca de quarenta mil motivos, acompanhados cada um de numerosas referências. O primeiro grupo de motivos concerne os contos de animais, o segundo os contos (Märchen) propriamente ditos, o terceiro as histórias facetas. O segundo, que interessa aqui, é dividido em subgrupos:
— a) Um herói deve lutar contra um (…) -
Gusdorf: Hermenêutica Romântica
25 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### O SABER ROMÂNTICO E AS UNIVERSIDADES
* Uma nova cultura elabora-se em Gottingen e nas demais universidades alemãs, contrastando vivamente com o vazio universitário francês verificado tanto antes quanto depois de Napoleão, pois enquanto as instituições germânicas como Iena, Heidelberg, Munique e Berlim se consolidam como focos do romantismo e instituições em espírito e verdade, a França carece de uma estrutura equivalente que integre o saber de forma orgânica e espiritual.
* A (…) -
Caputo: Gadamer
25 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### A Estabilização da Hermenêutica Filosófica e a Superação da Consciência Estética
* Hans-Georg Gadamer consolidou a disciplina hermenêutica no século XX ao transformar as intuições radicais de Martin Heidegger em uma narrativa compreensível e abrangente para as humanidades, despindo a ontologia heideggeriana de sua linguagem extravagante e inclinações místicas, ao mesmo tempo que manteve a ruptura fundamental com a tradição metafísica anterior. Diferente do gênio desbravador de (…) -
Zarader (2000:129-131) – Erklärung - Erläuterung - Erörterung
27 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroPrimeiro a definição. É balizada por três vocábulos chave, que só encontram a sua ressonância no alemão: die Erklärung (a explicação), die Erläuterung (a elucidação ou o esclarecimento), die Erörterung (a situação).
A explicação é o modo de pensamento dominado pelo princípio da razão, modo de pensamento que encontra o seu pleno desenvolvimento na ciência moderna, mas que já reina secretamente na metafísica. Na medida em que está como onto-teo-logia, funde o sendo no seu ser, e o ser num (…) -
A recepção e a história dos efeitos da hermenêutica filosófica de Gadamer
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* A publicação de *Verdade e Método* marcou a transposição da hermenêutica para o centro da cena filosófica, alcançando uma ressonância que a consagrou como uma das contribuições mais significativas para a filosofia do século XX, fato corroborado pela amplitude das recensões críticas surgidas a partir da década de 1960 tanto na Europa quanto na América do Norte, indicando um potencial que transcende o horizonte estrito da filosofia acadêmica. Embora para o próprio Gadamer a obra (…) -
Faivre (Grimm) – exemplos de estruturalismo de Propp
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroOs KHM não são tão "puros" quanto os contos coletados por Afanasiev, mas sabemos que, embora se possa concordar com Propp nesse ponto, seria errado suspeitar que os irmãos Grimm tenham feito principalmente uma obra de "poesia de arte". Trata-se muito mais de "poesia da natureza" — não de Kunstmärchen. A própria diferença observada por Propp entre os contos de Afanasiev e os KHM leva a tentar aplicar a estes o esquema das funções proposto pelo autor da Morfologia do conto. Este, como se viu, (…)
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Warnke: Gadamer Hermenêutica
25 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### O Contexto Filosófico da Finitude e os Limites da Verdade
* Observa-se, na produção intelectual recente, uma predominância de obras que abordam a questão dos limites sob diversas perspectivas filosóficas, exemplificadas por livros como *Liberalismo e os Limites da Justiça*, de Michael Sandel, e *Ética e os Limites da Filosofia*, de Bernard Williams, bem como por estudos desconstrucionistas e historicistas que enfatizam as restrições do conhecimento textual, científico e pessoal. * A (…) -
Caputo: Uma questão de interpretação
25 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### O que é hermenêutica?
* A hermenêutica configura-se como a teoria da interpretação, sustentando a premissa fundamental de que a totalidade da experiência e da compreensão é uma questão interpretativa. Defende-se a ideia de que não existem fatos puros ou isolados, pois por trás de cada interpretação reside invariavelmente outra camada interpretativa, sendo impossível descascar as camadas de sentido para atingir um fato nu e cru, desprovido de mediação; mesmo a proclamação ruidosa de (…)