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L’Entretien infini

Blanchot – O "desconhecido" na pesquisa

quarta-feira 2 de julho de 2025

Das observações anteriores, retenhamos duas indicações. O desconhecido que está em jogo na pesquisa não é nem objeto nem sujeito. A relação de palavra onde se articula o desconhecido é uma relação de infinitude; donde se segue que a forma em que se realizará essa relação deve de alguma maneira ter um índice de "curvatura" tal que as relações de A para B nunca serão diretas, nem simétricas, nem reversíveis, não formarão um conjunto e não tomarão lugar num mesmo tempo, não serão portanto nem contemporâneas nem comensuráveis. Problema para o qual se vê que certas soluções podem não convir: por exemplo, uma linguagem de afirmação e resposta, ou então uma linguagem linear de desenvolvimento simples, isto é, uma linguagem onde a própria linguagem não estaria em jogo.

Mas o que é impressionante, e compreensível também, é que as soluções são buscadas em duas direções opostas. Uma comporta a exigência de uma continuidade absoluta e de uma linguagem que se poderia dizer esférica (como Parmênides foi o primeiro a propor sua fórmula). A outra comporta a exigência de uma descontinuidade mais ou menos radical, a de uma literatura do fragmento (ela predomina tanto entre os pensadores chineses quanto em Heráclito, e os diálogos de Platão também a ela se referem; Pascal, Nietzsche, Georges Bataille, René Char mostram sua persistência essencial; mais ainda, a decisão que ali se prepara). Que as duas direções se imponham alternadamente, compreende-se bem no final. Voltemos à relação mestre/discípulo, na medida em que ela simboliza a relação em jogo na pesquisa. Essa relação é tal que inclui a ausência de medida comum, a ausência de denominador comum e portanto, de certo modo, a ausência de relação entre os termos: relação exorbitante. Donde a preocupação em marcar seja a interrupção e a ruptura, seja a densidade e a plenitude do campo resultante da diferença e da tensão. No entanto, compreende-se também que a continuidade risque ser apenas a de um desenvolvimento simples, suprimindo a irregularidade da "curvatura", ou que a descontinuidade risque ser a simples justaposição de termos indiferentes. A continuidade nunca é suficientemente contínua, sendo apenas de superfície, não de volume, e a descontinuidade nunca é suficientemente descontínua, não passando de uma discordância momentânea e não de uma divergência ou diferença essenciais.

É com Aristóteles que a linguagem da continuidade se torna a linguagem oficial da filosofia, mas por um lado essa continuidade é a de uma coerência lógica reduzida aos três princípios de identidade, não-contradição e do terceiro excluído (coerência portanto de determinação simples) e, por outro lado, ela não é nem realmente contínua, nem simplesmente coerente, na medida em que o Corpus do saber que Aristóteles institui não passa de um conjunto mal unificado, uma soma disparatada de exposições reunidas. Será preciso então esperar a dialética hegeliana para que a continuidade, engendrando-se a si mesma, indo do centro à periferia, do abstrato ao concreto, não sendo mais apenas a de um conjunto sincrônico, mas acrescentando o "parâmetro" da duração e da história, se constitua como uma totalidade em movimento, finita e ilimitada, segundo a exigência circular que responde ao mesmo tempo ao princípio do entendimento que só se satisfaz com a identidade pela repetição e ao princípio da razão que quer o superamento pela negação. Aqui, vê-se, a forma da pesquisa e a pesquisa mesma coincidem ou deveriam coincidir o mais próximo possível. Além disso, a palavra da dialética não exclui, mas busca incluir o momento da descontinuidade: ela vai de um termo ao seu oposto, por exemplo do Ser ao Nada; ora, o que há entre os dois opostos? Um nada mais essencial que o próprio Nada, o vazio do entre-dois, um intervalo que sempre se aprofunda e ao se aprofundar se infla, o nada como obra e movimento. Certamente, o terceiro termo, o da síntese, vai preencher esse vazio e preencher o intervalo, mas no entanto em princípio não o faz desaparecer (pois tudo pararia imediatamente), ao contrário o mantém ao realizá-lo, o realiza justamente naquilo que falta e assim faz dessa falta um poder, uma possibilidade ainda.

Procedimento formalmente tão decisivo que a filosofia parece dever nele repousar em seu movimento. No entanto, várias dificuldades logo farão explodir essa forma. Uma é que a parte da descontinuidade ali se revela insuficiente. Dois opostos, porque são apenas opostos, ainda estão muito próximos um do outro; a contradição não representa uma separação decisiva; dois inimigos já estão engajados numa relação de unidade, enquanto a diferença entre o "desconhecido" e o familiar é infinita. Daí que, na forma dialética, o momento da síntese e da reconciliação acabe sempre por predominar. Formalmente, essa postura fora de jogo da descontinuidade se traduz pela monotonia do desenvolvimento em três tempos (substituindo a retórica clássica das três partes do discurso), enquanto institucionalmente ela desemboca na identificação da Razão e do Estado e na coincidência da Sabedoria e da Universidade.

Esta última característica não é secundária. O fato de o Sábio aceitar desaparecer nessa instituição que é a Universitas, tal como ela se organiza no século XIX, é significativo. A Universidade não é mais então senão uma soma de saberes determinados, que não tem outra relação com o tempo senão a de um programa de estudos. A palavra que ensina não é em nada aquela que a estrutura mestre/discípulo nos revelou própria para se abrir a uma ruptura fundamental, mas ela se contenta com a tranquila continuidade discursiva. O mestre competente fala diante de um auditório interessado, e pronto. Que se evoque o nivelamento de relação que a posição ligeiramente elevada do conferencista diante de um grupo de estudantes dóceis introduz na linguagem filosófica, e começaremos a compreender como o filósofo, tornado professor, determina um achatamento tão visível da filosofia que a dialética não deixará de romper com o que lhe parece ser o idealismo da palavra, para chegar às divisões mais sérias da luta revolucionária.


BLANCHOT, Maurice. L’Entretien infini. Paris: Gallimard, 1969