Certamente, ainda se publica, em todos os países e em todas as línguas, livros dos quais uns são considerados obras de crítica ou de reflexão, outros levam o título de romance, outros se dizem poemas. É provável que tais designações durarão, assim como ainda haverá livros, muito tempo depois que o conceito de livro estiver esgotado. No entanto, é preciso primeiro fazer esta observação: desde Mallarmé (para reduzir este a um nome e este nome a uma referência), o que tendeu a tornar estéreis (…)
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Blanchot
Maurice Blanchot (1907-2003)
Matérias
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Blanchot – Nota de abertura a "L’Entretien infini"
2 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
Zarader – Blanchot: a noite, o fora, o neutro, o desastre
2 de julho, por Murilo Cardoso de CastroA primeira decisão será submetê-lo [a Blanchot] a uma leitura filosófica. Isso supõe, primeiramente, que os vocábulos que usa (principalmente os quatro grandes vocábulos diretores: a noite, o fora, o neutro, o desastre) sejam esclarecidos em sua especificidade, claramente diferenciados de conceitos vizinhos dos quais emprestam alguns de seus traços sem, contudo, se reduzir a eles; única forma de circunscrever o que, por eles, é proposto ao pensamento. Isso supõe, em seguida, que essas (…)
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Blanchot – O "desconhecido" na pesquisa
2 de julho, por Murilo Cardoso de CastroDas observações anteriores, retenhamos duas indicações. O desconhecido que está em jogo na pesquisa não é nem objeto nem sujeito. A relação de palavra onde se articula o desconhecido é uma relação de infinitude; donde se segue que a forma em que se realizará essa relação deve de alguma maneira ter um índice de "curvatura" tal que as relações de A para B nunca serão diretas, nem simétricas, nem reversíveis, não formarão um conjunto e não tomarão lugar num mesmo tempo, não serão portanto nem (…)
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Blanchot – A "forma" da pesquisa
2 de julho, por Murilo Cardoso de CastroA poesia tem uma forma; o romance tem uma forma; a pesquisa, aquela em que está em jogo o movimento de toda pesquisa, parece ignorar que não tem uma ou, o que é pior, recusa-se a interrogar-se sobre a que toma de empréstimo à tradição. "Pensar" aqui equivale a falar sem saber em que língua se fala nem de qual retórica se serve, sem pressentir sequer o significado que a forma dessa linguagem e dessa retórica substitui àquele sobre o qual o "pensamento" gostaria de decidir. Acontece que se (…)
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Blanchot – A linguagem da pesquisa
2 de julho, por Murilo Cardoso de CastroUma das questões que se colocam à linguagem da pesquisa está, portanto, ligada a essa exigência de descontinuidade. Como falar de modo que a palavra seja essencialmente plural? Como pode se afirmar a busca por uma palavra plural, fundada não mais na igualdade e desigualdade, não mais na predominância e subordinação, não na mutualidade recíproca, mas na assimetria e irreversibilidade, de tal forma que, entre duas palavras, uma relação de infinitude esteja sempre implicada como movimento do (…)
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Zarader – Blanchot, doação da "noite"
2 de julho, por Murilo Cardoso de CastroEm primeiro lugar, procurar-se-á demonstrar como Blanchot consegue assegurar a doação do que ele denomina a «noite». Mais exatamente, procurar-se-á mostrar que é possível assegurar rigorosamente essa doação — mesmo que, se for o caso, complementando as justificativas que ele propõe. O importante é que, ao afirmar o aparecimento da noite, Blanchot realiza um ato que pode (e deve) ser filosoficamente assumido, embora suponha uma crítica às filosofias anteriores.
Para demonstrar isso, convém, (…) -
Zarader – Blanchot: a força do negativo
5 de julho, por Murilo Cardoso de CastroHegel alcança o status de interlocutor privilegiado no momento em que Blanchot admite uma equivalência, ao menos parcial, entre o que ele nomeia, em sua linguagem metafórica, a noite e o que Hegel chamava de negativo. Reconhece, portanto, nele um pensador que enfrentou a mesma questão que ele, e que a considera central. Mas Hegel representa também, aos olhos de Blanchot, uma das respostas a essa questão, talvez mesmo, concede, a única resposta possível. É, portanto, em relação a ela que ele (…)
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Zarader – Blanchot, uma abordagem fenomenológica
2 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPara que esta demanda tenha alguma chance de sucesso, é preciso ainda dispor de um método apropriado. Daí a segunda decisão interpretativa: ela consiste em suspender essa avaliação filosófica da obra a um critério estritamente fenomenológico. Convém explicar-se. É evidente que Blanchot não se reivindica diretamente da fenomenologia, corrente de pensamento da qual, aliás, tem apenas um conhecimento fragmentário. Mas a questão não é essa: é antes saber se o pensamento que ele implementa se (…)
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Zarader – Blanchot: a paixão da noite (Faux pas)
4 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPartir-se-á de uma «experiência», tal como ela se apresenta a uma «consciência». É possível que essas palavras — consciência, experiência — se revelem finalmente impróprias, mas ainda não sabemos disso. Damonos a nós mesmos uma consciência em confronto com um mundo, segundo todo o leque de sua experiência, ou seja, exposta a tudo o que pode encontrar. E isolamos uma experiência que nos propomos a descrever em seu modo de aparição, ou seja, na forma como é vivida pela consciência — sem (…)