##### A problemática da intemporalidade e a mediação da figura
* Se o estilo do pensamento se situa como um termo médio entre uma lógica fundamental e a pluralidade das figuras, sendo comandado pelo movimento que reconduz a essência e seu gesto originário através das etapas de categorizações singularizantes até o múltiplo das determinações históricas, torna-se inevitável questionar o estatuto do espaço e do tempo dentro deste paradoxo que relaciona interioridade e exterioridade, uma vez (…)
Página inicial > Palavras-chave > Temas > tempo
tempo
Matérias
-
Pierre-jean Labarrière – Do espaço e do tempo
28 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro -
David Loy – o tempo
3 de julho, por Murilo Cardoso de CastroO tempo é meramente uma grade neutra para a narrativa, ou sua estrutura dá significado ao que acontece? A estrutura temporal básica da modernidade tem sido o progresso: o quanto estamos melhorando o mundo. O futuro redimirá o passado, que é um peso a ser superado.
Sociedades pré-modernas geralmente idealizavam o passado, estando mais preocupadas com o quão longe caímos ou podemos cair. Quando a estória é cosmologia, o tempo e o que acontece no tempo não são distinguidos. A Idade de Ouro (…) -
Horto do Esposo III
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroHorto do Esposo — MARIO MARTINS
E é neste ponto que surge, no Horto do Esposo, a parábola do unicórnio cristianizada na legenda de S. Barlaão e S. Josafá.
Viver é um durar precário, constantemente roído pelo tempo, e todos somos reservados e guardados pera a morte. Ainda mais: todos morremos e assy escorremos como a água êna terra. É o fluir da existência, o ir-passando.
E tal ir-passando abrange também o mundo, que morre em si ou, pelo menos, morre para nós. Nada há de estável e tudo (…) -
Mário Martins – O tempo em lendas de viagens
4 de julho, por Murilo Cardoso de CastroSobre o mar sem fim, navegou o abade irlandês S. Brandão, com a sua marinhagem de religiosos. E falamos também dele por em Portugal existirem apógrafos medievais das suas aventuras . Dizia-se mesmo, segundo nota Zurara, que S. Brandão passara pelo Cabo do Bojador.
Que estranhas foram as suas viagens de ilha em ilha! Viram a Cidade Desabitada, desembarcaram na Ilha das Ovelhas Gigantes, subiram para cima dum grande peixe, pensando que era uma ínsua, escutaram a música de aves misteriosas do (…) -
Mário Martins – Introdução histórica à vidência do tempo e da morte
4 de julho, por Murilo Cardoso de CastroNão um problema exclusivo da Idade Média, embora nela encontrasse eco enorme. Antes problema de choque para todos os homens — o animal que mais escapa à fascinação do momento efêmero e que, por isso mesmo, melhor entra na consciencialização do tempo e da morte, sentindo em si a ferida estranha do ir passando.
Como na água-forte de Alberto Dürer, o homem e a morte cavalgam lado a lado. A morte e o tempo, simbolizado na ampulheta fatal na mão descarnada.
E assim, vivemos ilaqueados pelo (…) -
Ricoeur (TR1) – A medida do tempo
26 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro* A resolução do enigma da medida constitui o ponto fulcral através do qual Agostinho alcança a caracterização definitiva do tempo humano, retomando a problemática da mensuração no estágio em que esta fora suspensa para afirmar que a medição dos tempos ocorre enquanto estes transcorrem, ou seja, como *praetereuntia*; contudo, esta asserção, reiterada com a convicção de que não se pode medir o que não existe, transmuta-se imediatamente em aporia, visto que o que passa é o presente e, conforme (…)
-
Philip K. Dick – Ubik, considerações
9 de julho, por Murilo Cardoso de Castro1974–1976
[4:1] Em Ubik, a força propulsora do tempo (ou a força do tempo expressa como um campo érgico) cessou. Todas as mudanças resultam disso. As formas regridem. O substrato é revelado. O resfriamento (entropia) é permitido avançar sem impedimentos. O equilíbrio é afetado pelo desaparecimento da força do tempo que move para frente. A estrutura básica, por assim dizer, do mundo, nosso mundo, é revelada. Vemos o Logos dirigindo-se às muitas entidades vivas.* Auxiliando e (…) -
Borges – Duração do Inferno
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroJorge Luis Borges — DISCUSSÃO Excertos da tradução em português de Claudio Fornari
A DURAÇÃO DO INFERNO
Especulação que vem se tomando cansativa com o passar dos anos, essa do Inferno. Descuidam-se dela os próprios pregadores, talvez desamparados da pobre, ainda que serviçal, alusão humana de que as fogueiras eclesiásticas do Santo Ofício eram neste mundo um tormento temporal; um tormento temporal, sem dúvida, mas não indigno, dentro das limitações terrenas, de ser uma metáfora do (…) -
Horto do Esposo I
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroHorto do Esposo — MARIO MARTINS
Antes de mais nada, uma pequena mas necessária divagação. Temos, em filosofia, o «mal metafísico», a negação de perfeições indevidas a tal ou tal ser. Um cavalo não tem a beleza alada da borboleta nem a inteligência do homem. Este não-ter constitui um mal metafísico. Por sua vez, a borboleta não possui a força do cavalo, nem a sua capacidade de viver longos anos. Enfim, o homem não tem a inteligência perfeita dos anjos.
Neste sentido, o mal metafísico é (…) -
Borges – Eternidade em Plotino
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroJorge Luis Borges — HISTÓRIA DA ETERNIDADE Excertos da tradução em português de Carmen Cirne Lima
Naquela passagem das Enéadas que pretende interrogar e definir a natureza do tempo, afirma-se que é indispensável conhecer previamente a eternidade, que — como todos sabem — é seu modelo e arquétipo. Essa advertência preliminar, tanto mais grave se a considerarmos sincera, parece aniquilar toda esperança de nos entendermos com o homem que a escreveu. O tempo é um problema para nós, um terrível (…) -
Ricoeur (TR1) – O livro XI das Confissões de Agostinho
26 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroA antítese principal em torno da qual nossa reflexão girará encontra sua expressão mais aguda no final do livro XI das Confissões de Santo Agostinho. Duas características da alma humana são confrontadas, às quais o autor, com seu gosto marcado por antíteses sonoras, dá o nome de intentio e distentio animi. É esse contraste que compararei posteriormente com o do mythos e da peripeteia em Aristóteles.
Duas observações preliminares devem ser feitas. Primeira observação: começo a leitura do (…) -
Ricoeur (TR1) – A intriga: um modelo de concordância
26 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### A centralidade do mythos e a dialética entre ordem e tempo
* É imperativo suspender momentaneamente a indagação sobre o estatuto da mimesis, exceto na medida em que esta se define pela tessitura da intriga, para nos voltarmos resolutamente à teoria do mythos a fim de nela discernir o ponto de partida de nossa própria teoria da composição narrativa, sem jamais esquecer que a teoria do mythos é uma abstração derivada da definição da tragédia apresentada por Aristóteles na Poética, (…) -
Horto do Esposo II
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroHorto do Esposo — MARIO MARTINS
Como escapar a este doloroso fluir das coisas amadas? Temos uma saída drástica: Destemporalizar-nos! Pensar, amar e realizar a nossa eternidade. Desenraizar-nos deste mundo e caminhar internamente para Deus e para o que não muda, seguindo a nossa vocação essencial de peregrinos, de caminhantes.
E aqui surge a função espiritual da dor, essa mão implacável que nos arranca do mundo e das coisas. Bem-aventurados os cegos, os surdos, os infelizes, porque Deus (…) -
Ricoeur (TR1) – O contraste da eternidade
26 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro* A objeção crítica contra a leitura fragmentada do livro XI das *Confissões*, que isolaria artificialmente as seções analíticas da grande meditação sobre a eternidade, permanece válida e exige superação, uma vez que a tese de que o tempo reside na alma e nela encontra seu princípio de medida (*distentio animi*), embora possua autonomia suficiente para responder às aporias internas do ceticismo sobre a mensurabilidade do tempo, carece ainda do sentido pleno que somente o contraste com a (…)
-
Melville – Mardi, tempo - finitude - morte (Krell)
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroSob esse tema, talvez, apareçam os paradoxos mais profundos de Melville. Novamente é Babbalanja quem fala: "’Sim, os mortos não podem ser encontrados, nem mesmo em suas sepulturas. Nem simplesmente partiram; pois não quiseram ir; não morreram por escolha; aonde quer que tenham ido, para lá foram arrastados; e se acaso estão extintos, suas nulidades não foram mais contra sua vontade do que seu abandono forçado de Mardi. De qualquer forma, algo aconteceu com eles que não buscaram’" (M 237). Em (…)
-
Mário Martins – O tempo em "Demônios" de Dostoiévski
4 de julho, por Murilo Cardoso de CastroMais uma vez, abramos Os Demônios, de Dostoiewski. Kirillov, engenheiro e teórico do suicídio, batia com uma bola de borracha no chão e fazia-a saltar até ao tecto, entre os gritos entusiastas de uma pequerrucha que gritava: Bola, bola!
A bola rebolou para debaixo dum armário, Kirillov deitou-se no soalho e estendeu os braços para encontrar o brinquedo. Foi nesta posição que Stavroguine o encontrou.
— Queres chá?, perguntou-lhe Kirillov.
Stavroguine vinha encharcado e bebeu o chá (…)