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Melville (Moby Dick) – Acab
A mudança na forma das palavras da nota para o romance é de extrema significação . Não é por economia de frase. A remoção do Cristo e do Espírito Santo ─ “Filli et Spiritus Sancti” ─ é um ato mecânico espelhando o imaginativo. Por necessidade , do mundo de Acab, ambos, o Cristo e o Espírito Santo, estão ausentes. Acab se move e tem seu ser em um mundo para o qual Eles e o que Eles importam são hostis: lembre, Acab lutou uma rixa mortal com um espanhol diante do altar em Santa, e cuspiu dentro da cuia de prata. [1] O conflito no mundo de Acab é abrupto, mais que entre Satã e Jeová, mais da Antiga Providência que da Nova. É o símbolo do mundo externo da verdade interior que o nome de Cristo [2] é pronunciado, apenas uma vez no livro e, assim mesmo, arrancado de Starbuck, o único homem possível de fazer uso dele, em um momento de angústia, a noite antes do fatal terceiro dia da caçada.
Acab é um invocador de demônios. Invoca seu próprio mundo do mal . Ele próprio usa magia negra para alcançar seus fins vingativos. Com as exatas palavras “in nomine diaboli”, está convencido que lança um sortilégio e executa um Ritual de tal magia. [3]
O mundo de Acab está mais próximo a “Macbeth” que para “Lear”. Neste o sobrenatural é aceito. Fedalah aparece gratuitamente como as ParcasParcas [4]. Antes mesmo que Acab tivesse feito sua primeira aparição , ele se identifica com o mal, o que Macbeth não faz senão no decorrer de sua peça, sob a influência do medo. Os gênios do mal dispensam a Acab como a Macbeth uma segurança enganosa, graça a um ardil idêntico: a profecia não realizável. O falar tenso e nervoso de Acab se parece àquele de “Macbeth” mais que ao de “Lear”. “Macbeth” e Acab tem em igualdade o mesmo inferno de sonhos criminosos, destruidores do sono. Todos dois universos maléficos se correspondem exatamente. Tanto em um quanto em outro, o divino tem muito pouco lugar. Melville certas exclusões, o Cristo e o Espírito Santo estão entre elas. Infelizmente! Acab não podia batizar mesmo em nome do Pai ! Só podia fazer em nome do Demônio.
[1] capítulo XIX, “...nothing about that deadly skrimmage with the Spaniard afore the altar in Santa? — heard nothing about that, eh? Nothing about the silver calabash he spat into?”.
[2] Vide início do texto de “Augustine’s symbolic theories of ritual: Holy Signs and Demonic Contracts” do artigo disponível na internet de Olivier Dufault, in: “Magic and Religion in Augustine and Iamblicus”
[3] Vide no segundo parágrafo e nos seguintes do texto de “Augustine’s symbolic theories of ritual: Holy Signs and Demonic Contracts”, do artigo disponível na internet de Olivier Dufault, In: “Magic and Religion in Augustine and Iamblicus”.
[4] No texto “”