À medida que o Pequod ganha o mar aberto, Ismael diz isto: "voltei-me para admirar a magnanimidade do mar, que não permite registros" (MD 60). Escrito na água, de fato. O mar, não mais uma avenida de fuga da América puritana ou um boulevard de conquista colonial, é agora um enigma governado por nenhum arconte, sofrendo nenhum arquivo, e tendo um mistério como sua ἀρχή. A plena terribilidade do mar e todos os seus monstros para uma humanidade impotente é o que logo atinge Ismael:
Mas (…)
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Melville
Melville, Herman (1819-1891)
Matérias
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Melville – Mobi-Dick, o mar (Krell)
27 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
Melville – Problema do bem e do mal (Arendt)
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEra talvez inevitável que o problema do bem e do mal, de seu impacto sobre o curso dos destinos humanos, em sua simplicidade crua e sem sofisticação, assombrasse a mente dos homens no exato momento em que afirmavam ou reafirmavam a dignidade humana sem qualquer recurso à religião institucionalizada. Mas a profundidade desse problema dificilmente poderia ser sondada por aqueles que confundiam bondade com a ‘repugnância natural e inata do homem em ver seus semelhantes sofrerem’ (Rousseau), e (…)
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Melville – Mobi-Dick, Ahab (Krell)
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroAs primeiras indicações do fenômeno de Ahab aparecem no romance antes que a própria personagem entre em cena. Ishmael se refere a “um homem de força natural grandemente superior, com um cérebro globular e um coração ponderoso”, claramente o coração pensante de um pensador pericárdico; tal homem está pronto “para aprender uma linguagem audaz, nervosa e elevada”, que é talvez a melhor descrição que se tem dos solilóquios de Ahab que virão; tal homem seria “uma poderosa criatura de pompa, (…)
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Melville – Mobi-Dick, a baleia (Krell)
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroDois dos "Extratos" de Melville me impressionam com força particular, um afirmando que a baleia é a "coisa mais soberana da terra" (MD xix), o outro relatando um detalhe da dissecação de uma baleia (MD xxiii). Juntos, eles trazem à mente uma cena incrível descrita por Jacques Derrida nas décima e décima primeira sessões do primeiro ano de seu curso sobre A Besta e o Soberano. Derrida retrata o Rei Sol, Luís XIV, observando a dissecação de um elefante pelos médicos da corte. No mau cheiro (…)
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Herman Melville — Um Manuscrito de Moby Dick
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroPrimeira edição em 1947 desse reconhecido clássico da crítica literária americana que explora as influências — especialmente as de Shakespeare — nos escritos de Melville de “Moby-Dick”. Um dos primeiros estudiosos de Melville a levar adiante, desde que se tornou conhecida, a "teoria de 2 Moby-Dicks," Olson demonstra que existiram 2 versões de Moby-Dick, e que a leitura de “King Lear” por Melville pela primeira vez entre a primeira e segunda versões do livro teve profundo impacto na concepção (…)
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Melville – Mardi, o filósofo Babbalanja (Krell)
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroSe Babbalanja antecipa o ensaio sobre a verdade de Heidegger, o próprio Melville antecipa de tantas maneiras, e em tantos momentos, Nietzsche. Por exemplo, o Nietzsche da gaia ciência. O narrador de Mardi, envolvendo a descrença em uma crença mais ampla e generosa, reflete sobre a vida após a morte dos peixes e a possibilidade de um céu para baleias, uma reflexão que não considera ingênua:
Pois, não parece um tanto irracional imaginar que exista qualquer criatura, peixe, carne ou ave, tão (…) -
Camus – Herman Melville
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroNaqueles tempos em que os baleeiros de Nantucket passavam muitos anos no mar, o jovem Melville (aos 22 anos) embarcou em um deles, depois num navio de guerra, e cruzou os oceanos. Ao retornar à América, publicou seus relatos de viagem com relativo sucesso, e seus grandes livros em meio à indiferença e à incompreensão. Após a publicação e o fracasso de The Confidence-Man (1857), Melville, desencorajado, “aceita a aniquilação”. Torna-se funcionário aduaneiro e pai de família, e adentra um (…)
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Melville – Mobi-Dick, rascunho de um rascunho (Krell)
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroMelville conclui seu capítulo sobre "Cetologia" com isto: "Deus me livre de completar qualquer coisa. Este livro inteiro não passa de um rascunho—não, apenas o rascunho de um rascunho. Ó Tempo, Força, Dinheiro e Paciência!" (MD 145). A observação parece modesta, mas é verdade que Melville se sentiu pressionado a enviar os capítulos iniciais ao editor antes de decidir como encerrar a história. Esse era o problema do Dinheiro—ou da falta dele. Já adiantado no romance, em "O Afidávite", (…)
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Melville (Krell)
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO capítulo 6 considera Herman Melville o grande pensador americano da finitude humana e divina. O capítulo enfoca especialmente a transição pela qual passam as histórias marítimas de Melville na escrita de Mardi and a Voyage Thither (1849), que está bem encaminhada para Moby Dick (1851). O narrador de Mardi, acompanhado por um poeta e um filósofo particularmente loquaz, passa grande parte do tempo à deriva no Pacífico discutindo a natureza da arte e da religião, o problema do livre arbítrio (…)
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Melville – Mardi, "revelações crepusculares" (Krell)
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroQuaisquer verdades que o narrador espera perseguir, certamente derivarão do que ele chama de "revelações crepusculares":
Em clima claro no mar, uma vela, invisível no pleno brilho do meio-dia, torna-se perceptível ao pôr do sol. O inverso ocorre pela manhã. Visível no cinza do amanhecer, o navio distante, embora na realidade se aproxime, recua da vista à medida que o sol sobe cada vez mais alto. Isso se mantém verdadeiro até que sua proximidade o faça cair facilmente dentro do alcance (…)
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