Página inicial > Ocidente > Huxley – O plano estritamente humano é o do mal

Huxley – O plano estritamente humano é o do mal

Aldous Huxley  . Também o cisne morre

— Há algo a fazer   — continuou Mr. Propter —, mas sob a condição de que se conheça a natureza   do mundo  . Desde que se saiba que o plano estritamente humano é o do mal  , não se perderá tempo   tentando produzir o bem   nesse plano. O bem só se manifesta no plano animal e no da eternidade. Sabendo disso, qualquer um   perceberá logo que o mais que se pode fazer no plano humano é preventivo. Pode-se fazer com que as atividades puramente humanas não interfiram demasiadamente nas manifestações do bem nos outros planos. E isto é tudo  . Mas os políticos não conhecem a natureza da realidade  ; se conhecessem, não seriam políticos. Reacionários ou revolucionários, são todos humanistas, todos românticos. Vivem num mundo de ilusão  , num mundo que é mera projeção de suas próprias personalidades humanas. Seu modo de agir seria apropriado se existisse realmente o mundo em que eles julgam viver. Mas infelizmente não existe, a não ser   em suas imaginações. Por isso, nada   do que eles fazem é apropriado ao mundo real. Todas as suas ações são ações de lunáticos, todas — e aí está a história   para demonstrá-lo — são, mais ou menos, completamente desastrosas. Isto quanto aos românticos. Os realistas, que estudaram a natureza do mundo, sabem que uma atitude exclusivamente humanista para com a vida   é sempre fatal, e que todas as atividades estritamente humanas devem, pois, ser   reduzidas a instrumentos do bem espiritual ou animal. Em outras palavras, sabem que o papel do homem   é preparar o mundo humano para os animais e espíritos. Ou, talvez — acrescentou, voltando-se para Jeremy —, talvez, na qualidade de inglês o senhor prefira a frase de Lloyd George à de Wilson: “Uma pátria digna de heróis  ” , não é isso?, uma pátria digna de animais e espíritos, da fisiologia e da consciência   desinteressada. Atualmente, receio que o nosso mundo seja profundamente inadequado. O mundo que construímos para nós é um mundo de corpos enfermos e personalidades insanas ou criminosas. Como transformar este mundo em um mundo adequado a nós, na nossa qualidade de animais e espíritos? Respondida esta pergunta, estará descoberto o que fazer.