Sob esse tema, talvez, apareçam os paradoxos mais profundos de Melville. Novamente é Babbalanja quem fala: "’Sim, os mortos não podem ser encontrados, nem mesmo em suas sepulturas. Nem simplesmente partiram; pois não quiseram ir; não morreram por escolha; aonde quer que tenham ido, para lá foram arrastados; e se acaso estão extintos, suas nulidades não foram mais contra sua vontade do que seu abandono forçado de Mardi. De qualquer forma, algo aconteceu com eles que não buscaram’" (M 237). Em (…)
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Matérias
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Melville – Mardi, tempo - finitude - morte (Krell)
27 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
Mário Martins – Introdução histórica à vidência do tempo e da morte
4 de julho, por Murilo Cardoso de CastroNão um problema exclusivo da Idade Média, embora nela encontrasse eco enorme. Antes problema de choque para todos os homens — o animal que mais escapa à fascinação do momento efêmero e que, por isso mesmo, melhor entra na consciencialização do tempo e da morte, sentindo em si a ferida estranha do ir passando.
Como na água-forte de Alberto Dürer, o homem e a morte cavalgam lado a lado. A morte e o tempo, simbolizado na ampulheta fatal na mão descarnada.
E assim, vivemos ilaqueados pelo (…) -
Mário Martins – O tempo em lendas de viagens
4 de julho, por Murilo Cardoso de CastroSobre o mar sem fim, navegou o abade irlandês S. Brandão, com a sua marinhagem de religiosos. E falamos também dele por em Portugal existirem apógrafos medievais das suas aventuras . Dizia-se mesmo, segundo nota Zurara, que S. Brandão passara pelo Cabo do Bojador.
Que estranhas foram as suas viagens de ilha em ilha! Viram a Cidade Desabitada, desembarcaram na Ilha das Ovelhas Gigantes, subiram para cima dum grande peixe, pensando que era uma ínsua, escutaram a música de aves misteriosas do (…) -
Suassuna (RPR) – vida é um jogo estranho
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroTerei que voltar ainda, várias vezes, a essa “Casa-Forte da Onça Malhada”, importantíssima em nossa história, assim como à Capela de paredes recobertas por pinturas estranhas — Demônios esverdeados, Santos com mantos castanho-vermelhos que pareciam incêndios, dragões negro-vermelhos e brasões, coisas de que depois falarei melhor. Devo fazer, porém, agora, uma referência ao pé de Cajarana, que ficava junto à esquina da calçada de pedras da casa. Era uma árvore enorme, venerável, velhíssima, (…)
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Patocka – o sentido da vida
3 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPara o escritor moderno, poeta ou prosador, essa apreensão individual do sentido da vida é determinante. O que valorizamos no escritor-artista é o que ele consegue revelar do sentido da vida mediante a linguagem corrente, formada pelo uso prático cotidiano, orientada para as coisas, recorrendo também a nosso saber objetivo. Utilizar a linguagem para fins que não são seus fins habituais, para objetivos que não pretendia visar; da expressão das coisas que era, transformá-la na expressão da (…)
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Vouga (BJM:49-77) - le sacrifice et la prière
18 de novembro de 2022, por Murilo Cardoso de Castro« Baudelaire et Joseph de Maistre », par Daniel Vouga. Librairie José Corti, 1957
Je sais que la douleur est la noblesse unique. Baudelaire, Bénédiction.
Maistre peut dire, après Plutarque : « L’occasion ne fait pas le méchant, elle le manifeste » (IXe Entretien). Il n’en admet pas moins implicitement que la réité peut demeurer latente ou s’extérioriser en actes et devenir culpabilité, puisqu’il parle parfois de justes, parfois même d’innocents. Dès lors, proclamer que le mal physique, (…) -
Abellio (Ézéchiel) – Vida, fugas e retornos
7 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPara que serve a astúcia? A poesia me arrebata, como sempre. Um ano de solidão, de despojamento, de reflexão sobre as coisas essenciais, para me deixar ainda prender nas armadilhas da poesia e da noite! Esta noite me vampiriza, me dispersa e me dissolve em pó de estrelas. É apenas a perspectiva nebulosa da rue Réaumur, mas as luzes se alinham e se ordenam, sua longa fila se estende tão longe quanto se queira, eixo do reino onde se encontram as promessas de felicidade e as verdades eternas. (…)
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Patocka – o mundo da vida
3 de julho, por Murilo Cardoso de CastroParece que o conceito husserliano de "mundo da vida" traz aqui uma solução. Aquilo em que vivemos originalmente não é o "mundo em si", ao qual só chegamos através de um longo e laborioso processo de eliminação progressiva de todo "antropomorfismo", mas sim o mundo da vida, cujo sentido é constantemente elaborado e enriquecido pelas funções "anônimas" da vida. Essas funções são anônimas porque, embora estejamos a todo momento em presença de seus resultados, o emissor permanece ausente. O (…)
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A Fonte da Vida (O Romance da Rosa)
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroA Fonte da Vida ("Sermão de Genius")
A fonte da qual vos falo é um manancial saudável, belo e maravilhoso. Ouvi-me atentamente: suas águas têm um sabor agradável e são boas para os animais melancólicos; surgem claras e vivas de três mananciais admiráveis, que estão próximos uns dos outros e se reúnem em um só. Contudo, ao contemplá-los, ora vereis um, ora três, mas jamais quatro—essa é sua singularidade. Nunca vimos uma fonte como esta, pois ela brota de si mesma, enquanto as outras (…) -
Mário Martins – O tempo em "Demônios" de Dostoiévski
4 de julho, por Murilo Cardoso de CastroMais uma vez, abramos Os Demônios, de Dostoiewski. Kirillov, engenheiro e teórico do suicídio, batia com uma bola de borracha no chão e fazia-a saltar até ao tecto, entre os gritos entusiastas de uma pequerrucha que gritava: Bola, bola!
A bola rebolou para debaixo dum armário, Kirillov deitou-se no soalho e estendeu os braços para encontrar o brinquedo. Foi nesta posição que Stavroguine o encontrou.
— Queres chá?, perguntou-lhe Kirillov.
Stavroguine vinha encharcado e bebeu o chá (…)