Antígona é, portanto, uma confirmação mítica da não autonomia essencial do sentido e do mundo humanos. A atestação da dependência do homem, de sua finitude fundamental, de sua crise e de seu errar na questão do bem e do mal, faz parte da essência do mito autêntico. O mito tal como o homem moderno o compreende é, por outro lado, um mito essencialmente falseado. O pensamento racionalista tem razão em se insurgir contra o mito na medida em que toma essa falsificação como alvo de seus ataques. O (…)
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teatro / tragédia / comédia
Matérias
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Patocka – Antígona, não autonomia do sentido e do mundo humanos
3 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
Gurdjieff (RBN): Ato Teatral
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroGurdjieff: Relatos de Belzebu a seu neto (p. 482 seg.)
Assim, pois, em Babilônia, os membros eruditos do clube dos Adeptos do Legominismo pertencentes a esse grupo, registravam da seguinte maneira os devidos conhecimentos em movimentos e ações dos participantes do mistério:
Se, por exemplo, um participante do mistério, tendo suscitado num ou noutro de seus cérebros, segundo associações de conformidade com as leis, tal impressão nova correspondente a seu papel, devia reagir com tal (…) -
Patocka – o medo-pavor e a piedade-compaixão
3 de julho, por Murilo Cardoso de CastroA poesia, diz Aristóteles (e ele entende por isso principalmente o drama e, sobretudo, a tragédia), é nitidamente mais filosófica que a historiografia, pois a crônica é uma simples descrição do que foi, dos fatos singulares e, portanto, contingentes, ao passo que a poesia concerne a algo universal, as possibilidades da natureza humana e do destino do homem em geral .
O que é essa coisa necessária e sempre possível? Quais são esses aspectos essenciais do humano — não apenas da natureza do (…) -
Nancy (Scène) – retorno à questão da subjetividade
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroComo se pode imaginar, não vou defender um desses enfadonhos “retornos ao/ do sujeito” que alguns se esforçavam por promover há algum tempo. Ao contrário, estou plenamente convencido de que estamos no fim da subjetividade entendida como a presença-a-si que sustenta as representações e que as refere a si mesma como suas – sendo ela própria, precisamente, irrepresentável. Mas eu diria antes que o irrepresentável talvez seja ele mesmo apenas um efeito programado pelo sistema da subjetividade. E (…)
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Nancy (Scène) – mise en scène (encenação)
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroCaro Philippe Lacoue-Labarthe,
Como nos foi pedido para contribuir a um trabalho sobre "a cena", gostaria de aproveitar a oportunidade para retomar um debate que iniciamos várias vezes, já há muito tempo. Na época, resumi o tema na palavra grega opsis, que em Aristóteles designa, grosso modo, o que chamamos de "encenação". ("Grosso modo" já é um problema de tradução e, consequentemente, de sentido e de implicações. Também se traduz por "espetáculo". Podemos voltar a isso.)
A opsis é uma (…) -
Nancy (Scène) – questão do corpo na encenação
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroE como tu mesmo indicas, sem que eu te tenha solicitado nesse sentido (se bem me lembro da minha primeira carta), trata-se de uma questão de "corpo". Não insistirei muito nessa palavra, em relação à qual conheço tuas reticências ou resistências.
(Sem dúvida há aí, entre o calvinismo que evocas e o catolicismo que eu poderia evocar, assim como provavelmente entre um helenismo e outro – digamos, por dispositivo sinalético, "Platão"/"Aristóteles" – ou entre um judaísmo e outro – (…) -
Comédia (Gelven, 2000)
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroA essência da comédia não é meramente a tolice agraciada, pois essa maravilhosa combinação também ocorre além das artes. Portanto, somos obrigados a refinar a sugestão: a comédia é a síntese realizada da graça e da tolice, na qual a própria performance, como aquilo que liga a tolice à graça, é uma instância da verdade. Parte do valor da arte cômica é, de acordo com essa sugestão, o alegre aprendizado da verdade inacessível de qualquer forma fora do fenômeno dramático. Uma vez que a (…)
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Patocka – Antígona e a lei
3 de julho, por Murilo Cardoso de CastroVamos tentar traduzir a mensagem de Sófocles em uma linguagem compreensível para os homens de hoje. Vamos tentar levar a sério mesmo o que à primeira vista nos parece não apenas estranho mas chocante: o culto aos mortos que supera o respeito pelos vivos, o risco da própria vida pelos costumes e ritos, a crença nos oráculos e nos deuses. A mensagem de Sófocles é eminentemente simples, mas é precisamente isso que complica a tarefa de compreendê-la. Outra dificuldade reside no fato de que o (…)
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Patocka – Digressão sobre a tragédia ática
2 de julho, por Murilo Cardoso de CastroA tragédia ática expressa de maneira nova uma intuição homérica muito antiga: por mais forte, por mais semelhante aos deuses que seja, não é permitido ao homem transgredir a lei suprema, sob pena de cair fora de seu papel em uma queda tanto mais cruel quanto mais alto seu destino o tiver elevado. A consciência desse interdito é agora abordada sob um ângulo diferente, em uma nova luz dada pela relação com a sociedade, com a comunidade, com a coletividade humana em geral. É aí, nessa nova (…)
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Patocka – compenetração do dramático e do épico
3 de julho, por Murilo Cardoso de CastroÉ portanto a essa época [Antiguidade grega] que remonta o apoio recíproco, a compenetração teórica e prática do dramático e do épico, do drama e do épos. Apoio e compenetração para os quais a objetividade épica é o próprio solo da formação poética do destino humano, sem o qual a criação dramática tampouco poderia, de maneira verdadeiramente artística, captar, conhecer e explorar a fonte autônoma de sentido que lhe é própria. O vínculo estreito dos dois vai tão longe que, no fim mesmo dessa (…)
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