Antígona é, portanto, uma confirmação mítica da não autonomia essencial do sentido e do mundo humanos. A atestação da dependência do homem, de sua finitude fundamental, de sua crise e de seu errar na questão do bem e do mal, faz parte da essência do mito autêntico. O mito tal como o homem moderno o compreende é, por outro lado, um mito essencialmente falseado. O pensamento racionalista tem razão em se insurgir contra o mito na medida em que toma essa falsificação como alvo de seus ataques. O (…)
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teatro / tragédia / comédia
Matérias
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Patocka – Antígona, não autonomia do sentido e do mundo humanos
3 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
Patocka – Tragédias de Sófocles
3 de julho, por Murilo Cardoso de CastroA ideia de representar juntas as três tragédias sofoclianas sobre o tema dos Labdácidas se impõe do ponto de vista da unidade da história mítica das gerações sucessivas dos descendentes de Lábdaco, do ponto de vista do destino que se cumpre de pai para filho e até os filhos desse filho. Mas a unificação também coloca um problema: se Antígona, obra anterior às outras duas e concebida independentemente delas, é, nessa perspectiva, colocada no final, o espectador pode crer erroneamente que a (…)
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Patocka – compenetração do dramático e do épico
3 de julho, por Murilo Cardoso de CastroÉ portanto a essa época [Antiguidade grega] que remonta o apoio recíproco, a compenetração teórica e prática do dramático e do épico, do drama e do épos. Apoio e compenetração para os quais a objetividade épica é o próprio solo da formação poética do destino humano, sem o qual a criação dramática tampouco poderia, de maneira verdadeiramente artística, captar, conhecer e explorar a fonte autônoma de sentido que lhe é própria. O vínculo estreito dos dois vai tão longe que, no fim mesmo dessa (…)
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Patocka – o medo-pavor e a piedade-compaixão
3 de julho, por Murilo Cardoso de CastroA poesia, diz Aristóteles (e ele entende por isso principalmente o drama e, sobretudo, a tragédia), é nitidamente mais filosófica que a historiografia, pois a crônica é uma simples descrição do que foi, dos fatos singulares e, portanto, contingentes, ao passo que a poesia concerne a algo universal, as possibilidades da natureza humana e do destino do homem em geral .
O que é essa coisa necessária e sempre possível? Quais são esses aspectos essenciais do humano — não apenas da natureza do (…) -
Patocka – Digressão sobre a tragédia ática
2 de julho, por Murilo Cardoso de CastroA tragédia ática expressa de maneira nova uma intuição homérica muito antiga: por mais forte, por mais semelhante aos deuses que seja, não é permitido ao homem transgredir a lei suprema, sob pena de cair fora de seu papel em uma queda tanto mais cruel quanto mais alto seu destino o tiver elevado. A consciência desse interdito é agora abordada sob um ângulo diferente, em uma nova luz dada pela relação com a sociedade, com a comunidade, com a coletividade humana em geral. É aí, nessa nova (…)
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Nancy (Scène) – princípio de sobriedade
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroIsso me leva a uma última palavra, sobre o princípio de sobriedade que invocas. Gostaria de tentar dar-lhe um conteúdo mais definido. Por ora, proporia o seguinte: a sobriedade não se oporia primeiro, de modo simplesmente exterior e formal (pois, precisamente, onde começa a "forma"?), à sobrecarga ou à embriaguez. Significaria antes que não se trata de crer num álcool das palavras e das formas, cujos vapores dariam acesso a alguma revelação. A arte sóbria se oporia à arte mistagógica – no (…)
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Patocka – Antígona e a lei
3 de julho, por Murilo Cardoso de CastroVamos tentar traduzir a mensagem de Sófocles em uma linguagem compreensível para os homens de hoje. Vamos tentar levar a sério mesmo o que à primeira vista nos parece não apenas estranho mas chocante: o culto aos mortos que supera o respeito pelos vivos, o risco da própria vida pelos costumes e ritos, a crença nos oráculos e nos deuses. A mensagem de Sófocles é eminentemente simples, mas é precisamente isso que complica a tarefa de compreendê-la. Outra dificuldade reside no fato de que o (…)
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Gurdjieff (RBN): Ato Teatral
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroGurdjieff: Relatos de Belzebu a seu neto (p. 482 seg.)
Assim, pois, em Babilônia, os membros eruditos do clube dos Adeptos do Legominismo pertencentes a esse grupo, registravam da seguinte maneira os devidos conhecimentos em movimentos e ações dos participantes do mistério:
Se, por exemplo, um participante do mistério, tendo suscitado num ou noutro de seus cérebros, segundo associações de conformidade com as leis, tal impressão nova correspondente a seu papel, devia reagir com tal (…) -
Patocka – o épico e o dramático
3 de julho, por Murilo Cardoso de CastroTalvez não seja sem interesse para os especialistas do teatro, cuja atenção se volta, muito compreensivelmente, para os imperativos do presente, para a atualidade com seu turbilhão multifacetado e sua imensa multidão de aspirações que não se pode abarcar com o olhar, se um não-especialista, aproveitando o distanciamento que sua posição lhe oferece, tenta uma reflexão mais fundamental, considerando o tempo presente como uma simples fase sem autonomia do emaranhado das eras. Antigamente, um (…)
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René Daumal – A Origem do Teatro de Bharata
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroO texto. - O Nâtya-Çâstra de Bharata é o mais antigo tratado de arte dramática hindu. Nâtya significa inicialmente dança e representação mimada, mas o teatro hindu, desde a origem, é a arte total. É dança, mímica, música, canto, poesia, arquitetura, encenação e até pintura. Em todas essas matérias, o Nâtya-Çâstra é a primeira autoridade, porque é um saber tradicional; recebe até o nome de Quinto Veda.
Entende-se por saber tradicional (veda, vidyâ) um corpo de doutrina que desenvolve o (…)
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