Rabelais interessou-se pela alquimia. Teria sido bem surpreendente que fosse de outro modo. Poucos assuntos lhe permaneceram estranhos. Mas, além disso, a alquimia encerrava então todo o conhecimento dos minerais, tudo o que se tornou, evoluindo, a ciência química. Fazia parte da bagagem habitual do homem instruído, mais ainda se fosse médico, já que a terapêutica emprestava ao reino mineral bom número de suas drogas. Vemos Gargantua e seu preceptor que, quando o ar estava chuvoso, "iam ver (…)
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Alquimia
Matérias
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Mérigot (Hermès) – Rabelais e a alquimia (3)
10 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
Mérigot (Hermès) – Rabelais e a alquimia (5)
10 de julho, por Murilo Cardoso de CastroEm tudo isso, olhamos sobretudo, por assim dizer, de fora a obra rabelaisiana; é hora, para tentar concluir, de penetrá-la e nos entregarmos mais a ela. É o conjunto de uma Ilíada e de uma Odisseia burlescas, entre as quais as discussões filosóficas do Tiers Livre estabelecem um elo de aparência frágil. A inspiração, qualquer que seja a hipótese que se faça sobre o sentido oculto da obra, é popular, bastante conforme nisso ao "gênero" franciscano, e em todo caso nitidamente anticavaleiresca: (…)
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Mérigot (Hermès) – Rabelais e a alquimia (2)
10 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPode-se a priori presumir que uma obra emana de uma tradição esotérica quando vários autores trabalharam nela, em datas por vezes muito diferentes, com um espírito manifestamente idêntico, embora com talentos literários diversos. Essa observação vale para Le Roman de la Rose, mas também pode ser aplicada ao Pantagruel, cujo quinto livro parece claramente ser em parte de outra mão, embora proceda da mesma tendência que os outros. Além disso, a divisão em cinco livros chama a atenção do leitor (…)
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Albert-Marie Schmidt : Alta ciência e poesia francesa no século XVI (6)
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroOriginal
##### A Atitude Poética e Histórica Perante a Alquimia
* Excetuando-se talvez a figura de Belleau, observa-se que os escritores cujas intuições cósmicas foram analisadas parecem nunca ter considerado as teses da alquimia com a seriedade que lhes seria devida, tendo provavelmente sorrido à leitura das novelas de Bonaventure Des Periers, o qual ora faz equívocos propositais com a palavra alquimia, ora compara seus adeptos àquela camponesa imprudente das fábulas de La Fontaine, (…) -
Albert-Marie Schmidt : Alta ciência e poesia francesa no século XVI (5)
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroOriginal
A cabala pouco seduziu os poetas cuja gnose se tentou, até aqui, expor.
Scève conhece evidentemente sua teodiceia. Mas dela toma emprestados poucos traços, embora, pintando no fim do Microcosme o homem chegado ao último período de seu desenvolvimento, o mostre Atestando, ao numerar, o número do número. Ronsard não ignora nada das especulações aventureiras de Guillaume Postel, o maior dos cabalistas ocidentais, o continuador genial de Pico della Mirandola e de Reuchlin. Mas as (…) -
Francis Utéza (JGR) – A Travessia Iniciática
23 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro* **A Estrutura Iniciática e os Ciclos de Metamorfose** * A análise do percurso do protagonista revela a existência de três mortes iniciáticas que pontuam a narrativa, sendo a primeira localizada no Cansanção-Velho após a batalha do Alto dos Angicos e marcada pelo relato de Jõe Bexiguento sobre Maria Mutema, a segunda ocorrendo na encruzilhada das Veredas Mortas à meia-noite do São João de inverno, e a terceira culminando no alto da Torre do Paredão ao fim de uma agonia reveladora. * (…)
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Albert-Marie Schmidt : Alta ciência e poesia francesa no século XVI (4)
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroOriginal
Viu-se, por uma citação precedente, como Ronsard reporta à ação da “Alma do Mundo” a formação das pedras preciosas nas entranhas da terra. Assim dirige um encorajamento discreto a seu amigo Belleau. Este último, nessa data (1561), já prepara seus Amours et nouveaux Echanges des Pierres précieuses. Poeta demasiado escrupuloso, só os entrega à impressão em 1576.
Hoje não se vê mais, nesse encantador recueil de fábulas lapidárias, senão um divertimento retórico, o testemunho de (…) -
Francis Utéza (JGR) – A Obra em negro
23 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### O Ciclo Iniciático e a Dualidade do Ser no Limiar da Metamorfose
* O percurso iniciático, em sua totalidade, compreende necessariamente uma etapa preliminar de retração que culmina em uma morte simbólica, liberando a parte divina aprisionada na materialidade corpórea, processo mediante o qual, através das operações de fixação e subsequente separação, o Ser profundo reúne-se à matriz universal para regenerar-se antes de reanimar o antigo despojo. * No derradeiro ciclo da aventura, o (…) -
Albert-Marie Schmidt : Alta ciência e poesia francesa no século XVI (3)
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroOriginal
##### A Predestinação Saturnina e a Sensibilidade aos Intersignos
* Ronsard, cuja existência se desenrola sob a pesada influência de Saturno, manifesta desde a infância dons mediúnicos excepcionais que o tornam arisco, desconfiado, triste e melancólico, predispondo-o a respirar o perfume musical das solidões e a provocar continuamente o aparecimento de intersignos, independentemente do ambiente em que se encontre. Movido por uma ambição de descobrir os segredos da Natureza e (…) -
Eugène Canseliet: Cyrano de Bergerac, filósofo hermético
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroOriginal
##### A Transfiguração Literária e a Realidade Histórica de Cyrano * É forçoso admitir que a literatura operou uma metamorfose absoluta na figura de Cyrano de Bergerac, conferindo-lhe uma reputação quase universal e o favor do grande público, impondo assim uma verdade construída sobre os tablados e no entusiasmo das multidões, fenómeno consolidado em 28 de dezembro de 1897, no teatro da Porte-Saint-Martin, com a estreia da comédia de Edmond Rostand; esta obra sintetizou a alma (…) -
Paul Arnold – « O Conto de Inverno » ou A Grande Obra
27 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroThe Historie of Dorastus and Faunia, um conto de Robert Greene, fornece verossimilmente a Shakespeare o que se considera como o essencial de O Conto de Inverno. A maioria dos elementos da "romance" shakespeariana se encontra ali em seu lugar. Um rei (Pandosto em Greene, Leontes em Shakespeare) sucumbe a um ciúme sem fundamento ao ver a acolhida cordial que sua mulher (Bellaria aqui, Hermione ali) prepara a um rei amigo (Egisthus aqui, Polixenes ali). Um servo (Camillo em Shakespeare), (…)
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Fernando Pessoa - A Alquimia
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroLa chimie occulte, ou alchimie, ne diffère de la chimie ordinaire ou normale que par la théorie de la constitution de la matière ; les processus de fonctionnement ne diffèrent pas de l’extérieur, ni les appareils utilisés. C’est le sens avec lequel l’appareil est utilisé et les opérations sont effectuées qui fait la différence entre la chimie et l’alchimie.
La matière du monde physique est constituée de trois manières, toutes simultanément réelles : seules deux de ces manières importent à (…) -
Francis Utéza (JGR) – A Obra em branco
23 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### A Via Seca e a Ascensão ao Arquétipo do Centro
* O reduto dos jagunços opera como um cadinho da via seca alquímica onde o composto humano é submetido à depuração pelo fogo, processo exemplificado pela morte de Marcelino Pampa, cuja natureza áurea exige que seu corpo, compreendido como escória aurífera destacada do amálgama, seja piedosamente resgatado da lama para não ser maculado por elementos terrestres, uma vez que o fogo que vige nas duas bandas da morte ilumina a iniciação de (…) -
Mérigot (Hermès) – Rabelais e a alquimia (1)
10 de julho, por Murilo Cardoso de CastroCada vez que se relê Rabelais com o propósito preconcebido de seguir tal ou qual opinião, encontram-se sem dificuldade, em certas páginas, confirmações flagrantes, e em outras logo refutações que parecem absolutas. Daí resulta uma impressão de alternâncias da qual La Bruyère, falando em geral e num julgamento célebre, bem transmitiu o caráter contraditório e bastante desconcertante. Que haja aí, em parte, o fato de redações descontínuas, atravessadas pelos eventos de uma vida agitada, é (…)
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Francis Utéza (JGR) – A Obra em rubro
23 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### A Dinâmica do Mandala e a Geometria do Combate
* Dois círculos concêntricos, compostos primeiramente pelos defensores do Paredão e cercados pelos homens de Hermógenes que por sua vez são envolvidos pelos reforços do Cererê-Velho, formam-se em volta do sobrado no cimo do qual flutua um Riobaldo desintegrado, dissolvendo-se seguidamente para dar lugar a uma nova configuração quando os dois grupos antagonistas se desafiam na faca em torno de seus respectivos condutores. Esta coreografia (…) -
Françoise Bonardel (1993) – A Alquimia da Recondução à Terra
24 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro* A consideração inicial da “terra gasta” do Extremo-Ocidente como uma matéria particularmente fértil, apta a ser trabalhada na "Obra em Negro" em um tempo destituído de história, não implica que a alquimia possa transmutá-la prontamente em uma Terra celeste dotada de certezas angélicas, como a Hurqalya descrita por H. Corbin, que afirmou que qualquer filosofia que negligencie o sentido do mundo imaginal perde o acesso aos eventos que nele ocorrem, tornando-se presa de pseudodilemas, como o (…)
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Albert-Marie Schmidt : Alta ciência e poesia francesa no século XVI (2)
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroOriginal
##### A Incompreensão da Crítica Moderna e a Aritmosofia na Escola Lyonesa
* A crítica francesa moderna, ao demonstrar um recente entusiasmo pela obra de Maurice Scève, tende a trair escandalosamente o espírito de sua produção literária ao atribuir-lhe intenções estéticas ou sentimentais que o autor certamente desprezaria; esse equívoco decorre de um racionalismo indolente que, por preguiça ou falta de simpatia, recusa-se a utilizar as chaves hermenêuticas simples, baseadas na (…) -
Françoise Bonardel (1993) – A Abordagem de Roger Caillois, entre a Alquimia e a Austeridade Racional
25 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro* Cumpre indagar se, privada do suposto dom divino, a alquimia estaria fadada a permanecer uma mera construção intelectual ou uma obsessão, carregando toda a equivocidade que Roger Caillois manteve em torno dessa palavra, por mais desejoso que estivesse de reencontrar o tecido intersticial e a trama comum que governa subterraneamente a natureza inteira, permitindo ao olhar conectar os diferentes reinos até então isolados. A descoberta das mais vastas leis que governam simultaneamente o (…)
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Françoise Bonardel (1993) – Recordação e Transmutação
23 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro* **A dialética rilkeana entre a modernidade faustiana, o medo e a constituição do verdadeiro coração** * Aderir plenamente à catástrofe que Rainer Maria Rilke identifica como o recalcamento do ato de amor para a periferia da existência, apropriando-se sem reservas da extraversão característica da modernidade faustiana, implicaria necessariamente ignorar o medo na sua acepção fundamental de onipresença do terrível em cada partícula da atmosfera. * O fechamento prematuro do indivíduo (…)
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Mérigot (Hermès) – Rabelais e a alquimia (4)
10 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPor outro lado, ele põe em cena duas vezes, e muito amplamente, um sectário da filosofia alquímica, o que chamaríamos hoje de um ocultista. Ele zomba dele com uma violência súbita, que não é frequente nele. O personagem foi identificado com uma certeza quase completa: trata-se de Henri-Cornelius Agrippa de Nettesheim. Nascido em Colônia, em 1486, médico e cabalista, discípulo do abade Tritêmio, exerceu sua arte, de maneira bastante charlatanesca, em muitas cidades da França e da Alemanha, (…)