Não se conhece a data exata em que foi escrito e criado o Sonho de uma Noite de Verão. Não é impossível sustentar que a obra, recém-composta, foi representada pela primeira vez em 26 de janeiro de 1595 perante a corte então em Greenwich, por ocasião do casamento de William Stanley, VI conde de Derby, com Elisabeth de Vere, filha do conde de Oxford. Lembrou-se, para sustentar isso, que a trupe da qual Shakespeare fazia parte atuou perante a rainha, no palácio real de Greenwich, nos dias 26 e (…)
Página inicial > Palavras-chave > Autores > Paul Arnold
Paul Arnold
Paul Arnold (1909-1992)
Matérias
-
Paul Arnold – Sonho de uma noite de verão
4 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
Paul Arnold – Esoterismo de Shakespeare
4 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPrefácio
É um fato pouco conhecido, mas facilmente verificável, que o homem, o pensador dos séculos XVI e XVII, preocupava-se principalmente com doutrinas ocultas relacionadas à salvação espiritual. Paralelamente às doutrinas das Igrejas, romana ou reformada, frequentemente até em conjunção com elas, filósofos e teólogos, matemáticos e alquimistas descreviam em uma linguagem muitas vezes alusiva e impenetrável a jornada suposta da alma humana, originária do empíreo e destinada a retornar a (…) -
Paul Arnold – Trabalhos de Amor Perdidos
4 de julho, por Murilo Cardoso de CastroMuito se especulou sobre a atitude hostil que os poetas oriundos da universidade teriam mostrado em relação a William Shakespeare, o “autodidata” . Isso faz necessariamente parte da atmosfera romântica em que se insiste em manter o retrato de Shakespeare. É difícil contestar que tal ou qual alusão maldosa — como o “shake-scene” de Robert Greene — tenha visado o poeta de Sonho de uma Noite de Verão. Mas devia ser naquela época como nos dias de hoje; a benevolência nunca reinou entre os (…)
-
Paul Arnold – “A Tempestade” ou o Grande Arcano
27 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroAfirma-se que eventos contemporâneos inspiraram a Shakespeare o argumento de A Tempestade. Em maio de 1609 — a peça é de 1610 ou 1611 — Southampton armou uma frota de oito navios e uma chalupa com destino às costas americanas, com o objetivo de colonizar a Virgínia; pois sir Walter Raleigh acabara de sofrer um fracasso retumbante. Uma tempestade separou do resto da frota o navio-almirante Sea Venture, no qual se haviam embarcado os três chefes da expedição, lorde Delaware, Thomas Gates e sir (…)
-
Paul Arnold (Hermès) - Cosmos de Baudelaire (1)
4 de julho, por Murilo Cardoso de Castrotradução
Há meio século, as diversas confissões e filosofias disputam a obra de Charles Baudelaire não menos avidamente que as capelas literárias que se sucederam desde Arthur Rimbaud. Embora o espetáculo de suas inquietações morais e religiosas devesse levar os críticos a uma absoluta sinceridade, a uma impiedosa objetividade, o impulso das ideias e, mais ainda, o fervor religioso e a paixão filosófica os levaram a estender a toda a obra baudelairiana conclusões que por vezes só se (…) -
Paul Arnold – « O Conto de Inverno » ou A Grande Obra
27 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroThe Historie of Dorastus and Faunia, um conto de Robert Greene, fornece verossimilmente a Shakespeare o que se considera como o essencial de O Conto de Inverno. A maioria dos elementos da "romance" shakespeariana se encontra ali em seu lugar. Um rei (Pandosto em Greene, Leontes em Shakespeare) sucumbe a um ciúme sem fundamento ao ver a acolhida cordial que sua mulher (Bellaria aqui, Hermione ali) prepara a um rei amigo (Egisthus aqui, Polixenes ali). Um servo (Camillo em Shakespeare), (…)
-
Paul Arnold – Seres fabulosos, elfos e fadas
27 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroSeres fabulosos, elfos e fadas, não são estranhos a esta reintegração do homem na música universal. E a intervenção desses espíritos lendários fez com que o Sonho fosse qualificado como féerico; é mesmo o tipo clássico da féerie.
Não se poderia duvidar que a forma emprestada a esses seres pelo poeta, os traços e os atos, a intriga, as localizações sejam pura fantasia poética. É a eles que se poderiam aplicar estas palavras de Teseu: "Assim como a imaginação empresta forma às coisas (…) -
Paul Arnold – Um Manifesto Filosófico: Fênix e a Rolinha
27 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroEm 1601, um certo Robert Chester publicou em Londres, mais ou menos clandestinamente, uma coletânea de poemas composta sobretudo de seu Loves Martyr, or Rosalin’s Complaint (Mártir do Amor ou Lamento de Rosalinda) "perfilando alegoricamente a verdade do Amor pelo destino constante da Fênix e da Rolinha. Um poema entrelaçado de numerosas variedades e raridades; presentemente traduzido pela primeira vez do venerável autor italiano Torquato Caeliano por Robert Chester, com a verdadeira lenda (…)
-
Paul Arnold – « A Tragédia de Cymbeline » e a Fraternidade
27 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroA Tragédia de Cymbeline é um resumo da obra shakespeariana. Encontra-se nela o essencial das situações dramáticas delineadas em todas as grandes tragédias ou comédias anteriores ou posteriores a 1610. Mas todas essas situações são resolvidas; como no Mercador de Veneza, seu aspecto trágico é simples ilusão: falsas infidelidades, falsas mortes, falsos sepultamentos, retornos do destino. Tudo isso prefigura as duas últimas «romances».
Diz-se que é uma obra densa, composta, no gosto do (…) -
Paul Arnold – “A Comédia dos Erros”, “Hamlet”, “Othello”
27 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroTomando por base artigos que publiquei para preparar a aparição do presente livro, o Senhor Jean Paris propôs recentemente, em algumas linhas, uma interpretação esotérica de A Comédia dos Erros. Sua explicação, fortemente engenhosa, tendia a mostrar que essa peça cômica era inteiramente um símbolo da fragmentação da Unidade primordial em um Múltiplo que se resorveria ao final, quando, os quatro gêmeos e seus pais se reunindo após uma separação involuntária e dolorosa, a família é (…)
-
Paul Arnold – "O Mercador de Veneza": Belmont ou o castelo na noite
27 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroShakespeare, como é bem sabido, tomou de empréstimo a dois contos italianos e a um episódio da Gesta romanorum as diversas peripécias que compõem O Mercador de Veneza. Uma vez constatado este fato evidente, atribui-se à fantasia ou ao propósito deliberado do poeta fazendo obra literária as estranhas divergências — adições ou modificações — que não se podem deixar de notar entre as cenas e as ideias da obra dramática e as peripécias dos três contos.
Dessas fontes, a principal é Il Pecorone (…) -
Paul Arnold (Hermès) - Cosmos de Baudelaire (2)
4 de julho, por Murilo Cardoso de Castrotradução
Diante dessa propensão inerente à alma condenada a se aliar ao mundo formal, o poeta das Flores só vê uma atitude possível, um remédio para o Irremediável: o estado de vigília ou de vigilância permanente. É a hiperconsciência que ele cultiva com fervor e da qual o remorso é apenas o aspecto moral.
A “consciência no mal” impede as obras, essencialmente más, como sabemos, de macular o corpo sutil, de afundar ainda mais o espírito na matéria e de afastá-lo assim um pouco mais de (…) -
Paul Arnold – « Vênus e Adônis », « O Rapto de Lucrécia » e Os Sonetos
27 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroShakespeare dedicou Vênus e Adônis ao senhor Henry Wriothesley, conde de Southampton. Era, disse ele, o primogênito de sua imaginação. O pequeno livro saiu das prensas do stratfordiano Richard Field, a 18 de abril de 1593, algumas semanas antes do assassinato de Christopher Marlowe que acabara de completar os dois primeiros cantos de seu Hero e Leandro de tema filosófico análogo.
Foi um sucesso de livraria e quase um sucesso de escândalo. O ardente apelo de Vênus exaltando a lubricidade (…) -
Paul Arnold – Shakespeare, Inferno
27 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroShakespeare raramente nos fala do destino da alma após a morte. Apenas Hamlet nos dá várias indicações preciosas. E antes de tudo o célebre monólogo do príncipe sobre o qual se divagou sem fim e sem grande seriedade.
« Morrer, dormir; — nada mais; e depois dizer que por um sono, terminamos » a peregrinação da vida… « dormir: talvez sonhar, sim, eis o ponto; — mas nesse sono de morte que sonhos podem nos vir — quando rejeitamos as penas desta existência mortal — eis o que deve nos deter ». (…)