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Les Cahiers d’Hermès I

Paul Arnold (Hermès) - Cosmos de Baudelaire (2)

sexta-feira 4 de julho de 2025

tradução

Diante dessa propensão inerente à alma condenada a se aliar ao mundo formal, o poeta das Flores só vê uma atitude possível, um remédio para o Irremediável: o estado de vigília ou de vigilância permanente. É a hiperconsciência que ele cultiva com fervor e da qual o remorso é apenas o aspecto moral.

A “consciência no mal” impede as obras, essencialmente más, como sabemos, de macular o corpo sutil, de afundar ainda mais o espírito na matéria e de afastá-lo assim um pouco mais de seu estado primordial.

Esse primeiro exame leva a negar ao pensamento baudelairiano a posição, ou mesmo a orientação cristã. Autoriza-nos, por outro lado, a afirmar que a expectativa do poeta não é um simples ceticismo e que não há, verdadeiramente, para ele, tragédia espiritual decorrente da impossibilidade que lhe foi atribuída de superar a ideia de irreversibilidade.

Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) não busca superar esse obstáculo moral. Mais ainda, ele rejeita a ideia como impura. É certo que a corrupção do homem aprisionado no mundo formal é sem remédio imediato: toda ideia de santificação do mundo material, de salvação, de graça, lhe é absolutamente estranha. Ele sabe que o arrependimento não é eficaz, portanto não é espiritualmente útil. Ele sabe que, por sua presença na matéria, a alma humana corre o risco de se corromper cada dia mais, de se aliar sempre mais intimamente à matéria, que é seu próprio desejo inicial indefinidamente ampliado. Ele sabe que essa evolução é o cumprimento de um destino, de uma ordenação primordial do universo que exclui todo milagre. Concepção próxima da da antiguidade. Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) descobriu que, diante desse destino e do perigo de corrupção, só uma posição espiritual é eficaz: a hiperconsciência no mal que desprende em algum grau a alma das obras terrestres.

É no quadro desse aspecto muito original do gnôti séauton socrático, com suas ressonâncias propriamente metafísicas, que se situa o estranho sentimento de Charles Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) de ser pessoalmente amaldiçoado “desde o princípio” e “para sempre”. Que isso seja realmente uma experiência pessoal do poeta — não sem relação, creio, com seu desgaste físico — ou seja uma simples reminiscência, é tentador ver nisso a ideia swedenborgiana de uma expiação terrestre das faltas acumuladas em uma vida anterior. No entanto, no Místico sueco essa tese tinha um corolário: a redenção pelo Cristo, ou a danação eterna ao final de um período de provações. Como a ideia de redenção não aparece em nenhum lugar na obra baudelairiana (exceto em Bênção), e o poeta a nega expressamente no Irremediável, por exemplo, sou levado a crer que, mais uma vez, Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) emprestou mais ao pitagorismo. Sabe-se que, para os discípulos do Mestre de Crotona, as almas se reencarnando após a morte para expiar as faltas cometidas em sua última passagem pela terra, uma vez purificadas, retornam a seu estado divino e são “para sempre libertadas da morte” (isto é, na linguagem pitagórica, da reencarnação no corpo-túmulo).

Que Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) tenha meditado longamente essas ideias, não quero outra prova senão estes versos de O Mau Monge:

Minha alma é um túmulo que, mau cenobita,
Desde a eternidade percorro e habito.

onde se encontra textualmente a fórmula órfica soma-sema (corpo-túmulo).

Esse texto não está isolado. Não se prestou, em minha opinião, atenção suficiente ao soneto de A Vida Anterior. Há muito se assinalou seu pitagorismo. Mas M. Crépet ali suspeita simplesmente uma influência de Gérard de Nerval, de quem se sabe a predileção pelo Mestre grego. Não havia talvez, na época, homem mais ligado às ideias de metensomatose, palingênese ou reencarnação sucessiva das almas que o autor do soneto dos Versos Dourados. Não o chamavam de “Pitagórico moderno”? Por outro lado, relacionou-se A Vida Anterior com a lembrança do paraíso perdido e também da vida infantil e, enfim, com a lembrança dos Trópicos. Que esses elementos tenham desempenhado um papel na escrita do poema e no esboço de seu aspecto descritivo, é verossímil. Permanece que a afirmação palingenésica é clara e irrefutável e que Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) deve ter atribuído a essa concepção mais interesse do que comporta o simples pretexto de um poema.

Ora, nesse quadro bastante extravagante da vida anterior — que não deixa de ter analogias com O Convite à Viagem — o poeta coloca uma nota muito reveladora: mesmo nessa vida passada da qual afirma se lembrar, seu “único cuidado era aprofundar o segredo doloroso que o fazia languir”. Esse mesmo segredo doloroso que dilacera sua vida presente o torturava na anterior, porque lá também havia reminiscência — platônica? — de uma existência diferente. Vislumbra-se assim uma cadeia de reencarnações, uma “roda infernal de nascimentos e mortes”, como dizem os budistas.

Sem dúvida, pode parecer estranho que uma ideia tão importante tenha sido expressa claramente apenas uma vez na obra de Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) . Mas a obra inteira está, a meu ver, impregnada dela. Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) não crê em uma vida melhor. Mas as Flores do Mal tendem a considerar o mundo como uma passagem para algo “novo” (não melhor), suprema esperança que o poeta coloca como ponto final em seu livro. Não é senão o título de A Viagem e o grande número de poemas aludindo a essas vagabundagens terrestres (a que ecoa esta nota de Mon cœur mis à nu: “Glorificar o vagabundagem e o que se pode chamar de boemia”) que não estão imbuídos da ideia da vagabundagem da alma humana através do universo.

A ideia é, aliás, familiar ao leitor de Platão.

Cada vez que Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) tem a oportunidade, ele afirma a unicidade do ser através da eternidade, a impossibilidade de escapar a uma forma-pensamento sempre original. Esse é o sentido da intransigente singularidade que ele reivindica para si mesmo, tentando por um ostracismo de princípio impedir que o mundo externo atrapalhe o jogo da hiperconsciência e cedendo à espontaneidade apenas sob a forma anestésica da imitação involuntária.

Essa constatação dá ao pensamento metafísico do poeta uma nova orientação. Desde que a vida terrestre é apenas um trecho do destino da alma, que nascemos com um passado, com uma espécie de cadastro pré-natal, é fácil entender que se possa sentir pessoalmente “amaldiçoado desde o princípio” e “para sempre”. O indivíduo vive, de fato, carregado com o peso das faltas acumuladas ao longo de suas encarnações anteriores e que, por falta de graça eficaz e de arrependimento ativo, ambos estranhos à concepção baudelairiana, ele não é livre para reverter. Essa estabilidade distingue definitivamente o pensamento de Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) do de Swedenborg, para quem a vida humana era — na maioria das vezes — uma expiação, uma purgação das faltas cometidas em uma vida anterior, terminando em um dado momento pela redenção ou pela queda no inferno.

Diante dessa atroz fatalidade, o homem não tem nenhum meio de salvação imediata. Ele é prisioneiro de uma encarnação: “um navio preso no Pólo”, diz o autor de O Irremediável. Ele deve suportar pacientemente e não se iludir nem com a vida, que é apenas o engodo descrito em A Viagem, nem com a vida anterior onde já buscava “o segredo doloroso”, nem com as vidas futuras talvez idênticas à presente, a menos que o homem consiga retornar à sua fonte recusando o hedonismo e permanecendo espectador indiferente às tribulações da vida, ainda que perceba que se afundou ainda mais na matéria.

É dessa última tragédia, a mais penosa, que nos fala, me parece, O Autoflagelador, o vingador de si mesmo, cujas estrofes autobiográficas estão indissoluvelmente ligadas a O Irremediável (desde a edição pré-original de L’Artiste, Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) publicou os dois poemas um após o outro). Ser “a ferida e a faca..., a vítima e o carrasco”, é, além de uma aceitação passiva, a atitude heróica do espírito que assiste à sua decadência sem nunca abdicar, contando apenas com sua própria força e tirando de sua descida novas razões para vigiar, portanto para sofrer.

Mas toda essa sucessão de vidas é apenas transição. O poeta vislumbra, sem realmente ousar esperar, no final dos ciclos palingenésicos o léthe eterno que “a farmacêutica celeste” nem mesmo conhece, “um licor que não conteria nem a vitalidade nem a morte, nem a excitação nem o nada. Não saber nada, não ensinar nada, não querer nada, não sentir nada, dormir. É a esse sono hamletiano que ele aspira em seu projeto de prefácio às Flores. Esse estado nirvânico seria a negação perfeita de todas as causas do mundo formal, da vida obscura da alma humana, em uma palavra, de Satanás Trismegisto.

Vê-se aí, sob uma forma enganadora e desesperada, a crença, em todo caso o pressentimento, de um estado espiritual estável que só se pode definir por proposições negativas.

Assim, a visão baudelairiana do Homem-Anjo antes da queda, as reminiscências de vidas anteriores, os diversos graus de apego às obras, testemunham a favor de uma hierarquia cósmica e de uma continuidade permanente da escala universal. Pois, no fundo da escala, percebendo a correlação entre a alma e o corpo, o poeta observa: “Tudo o que é material ou eflúvio do espiritual representa... o espiritual de onde deriva.” Pelo sistema das correspondências entre o microcosmo e o macrocosmo, Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) estabelece uma relação análoga entre o mundo manifestado e o mundo supraterrestre. É então tentador atribuir-lhe, com os Srs. Rolland de Renéville e Blin, a concepção cabalística da criação por eflúvios sucessivos à qual ele parece aludir expressamente em nosso texto. E no entanto, mais uma vez, exceto por esse texto, todas as especulações de Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) sobre a fragmentação do Uno primordial lembram estranhamente Plotino e Platão explicando a criação pela partenogênese do Uno. Como os pitagóricos antigos, Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) é constantemente assombrado pelo Número: “Tudo é número, escreve ele em seu diário. O número está em tudo. O número está no indivíduo.”

Quem diz número diz necessariamente forma, no sentido filosófico do termo; é assim que Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) observa muito justamente que o espaço é um número. Daí a identidade de essência da forma e da ideia: “Toda ideia é, por si mesma, dotada de uma vida imortal, como uma pessoa. — Toda forma criada, mesmo pelo homem, é imortal. Pois a forma é independente da matéria, e não são as moléculas que constituem a forma.” Ideia e forma são, portanto, assim como a matéria, necessariamente distintas — não pela essência, mas pelo modo — do caos primordial. Criando uma individualidade, elas são afetadas por um número, constituem um múltiplo.

Resta Satanás, em outras palavras a vontade criadora ativa do Ser, tal como nos apareceu acima; como essa impulsão se comporta em relação a Deus? Ela lhe é estranha ou, como parece lógico no sistema entrevisto, consubstancial? Há entre as duas forças uma diferença de natureza incompatível com as relações de filiação que destaquei, entre o Uno primordial e o Múltiplo ou mundo formal? Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) foi monista ou dualista?

Limita-se habitualmente a comentar, a esse respeito, os textos que já citei: “O que é a queda? Se é a unidade tornada dualidade, é Deus que caiu. Em outras palavras, a criação não seria a queda de Deus?” Sob essa forma interrogativa, a fórmula obviamente não resolve o debate, embora se possa dizer que a afirmação que ela supõe não devia estar longe da solução para a qual Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) inclinava. Em todo caso, ela não nos informa sobre a concepção do poeta quanto à natureza de Satanás e suas relações genéticas com Deus.

Há, no entanto, um texto pouco notado das Máximas Consoladoras sobre o Amor que esclarece isso claramente: ele supõe que “a heroína de seu coração, tendo abusado do fas e do nefas” atingiu os últimos limites da perdição. Você a renunciará? Não. Diga corajosamente: “Menos criminoso, meu ideal não teria sido completo. Eu o contemplo e me submeto; de uma tão poderosa criminosa só a grande Natureza sabe o que quer fazer. Felicidade e razão suprema! absoluta! resultante dos contrários! Ormuz e Arimã, vocês são o mesmo!” Essas duas últimas frases são luminosas.

Lembra-se que na concepção parsi, mãe do maniqueísmo, Ormuz é o Deus bom, Arimã é Satanás, coeterno e criador do homem atual. Aqui, Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) resolve formalmente o dualismo em um monismo de um princípio primordial único afetado desde toda a eternidade por duas qualidades, duas tendências contrárias cujo “princípio” é a resultante (é Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) quem sublinha). É, portanto, bastante lógico que ele tenha podido afirmar em A Arte Romântica: “Deus profere o mundo como uma complexa e indivisível totalidade”, a complexidade refletindo a criação por emanações sucessivas; a indivisibilidade marcando o encadeamento ininterrupto dos diferentes modos da criação.

Basta, em definitivo, uma simples tendência de uma parcela do cosmos para criar uma forma, isto é, para substituir a unidade por uma fragmentação: anjo, homem ou besta. O problema permanece inteiro de saber se essa tendência foi voluntária da parte de Deus enquanto Todo cósmico ou da parte da única parcela. O paradoxo sobre a corrupção de Deus e a nota de A Arte Romântica me fazem inclinar para a primeira alternativa; a consubstancialidade, mesmo a identidade de Deus (Ormuz) e Satanás (Arimã), assim como toda a teoria baudelairiana da vaporização da vontade pelo Trismegisto testemunham a favor da segunda. No máximo, pode-se pensar em uma irradiação difusa e inextricável das duas tendências contrárias com desequilíbrios momentâneos criando, emanações sucessivas cabalísticas:

Uma Ideia, uma Forma,
um Ser Partido do azul e caído...
Um Anjo, viajante imprudente,
Que o amor do disforme tentou...

Tal é sem dúvida, além da ideia swedenborgiana do bom e do mau anjo associados a cada ser humano, o verdadeiro significado das “duas postulações” que incessantemente dividem a alma humana. A postulação para Satanás: “Entregar-se a Satanás, o que é isso?” é a tendência para o múltiplo. A postulação para Deus, é a tendência para a unidade originária.

original

Devant cette propension inhérente à l’âme condamnée à s’allier au monde formel, le poète des Fleurs ne voit qu’une attitude possible, qu’un remède à l’Irrémédiable : l’état de veille ou de vigilance permanente. C’est l’hyperconscience qu’il cultive avec ferveur et dont le remords n’est que l’aspect moral.

La « conscience dans le mal » empêche les œuvres, essentiellement mauvaises, nous le savons, de souiller le corps subtil, d’enfoncer davantage l’esprit dans la matière et de l’éloigner de cette manière un peu plus de son état primordial.

Ce premier examen aboutit à dénier à la pensée baudelairienne la position, voire l’orientation chrétienne. Il nous autorise, d’autre part, à poser que l’expectative du poète n’est pas un simple scepticisme et qu’il n’y a pas à vrai dire pour lui de tragédie spirituelle tenant à l’impossibilité qu’on lui a prêtée de surmonter l’idée d’irréversibilité.

Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) ne cherche pas à surmonter cet obstacle moral. Bien mieux, il en rejette l’idée comme impure. Il est sûr que la corruption de l’homme emprisonné dans le monde formel est sans remède immédiat : toute idée de sanctification du monde de matière, de salut, de grâce, lui est absolument1 étrangère. Il sait que le repentir n’est pas efficace, donc n’est pas utile spirituellement. Il sait que, par sa présence dans la matière, l’âme humaine, risque de se corrompre chaque jour davantage, de s’allier toujours plus intimement à la matière, laquelle est son propre désir initial indéfiniment accru. Il sait que cette évolution est l’accomplissement d’un destin, d’un ordonnancement primordial de l’univers qui exclut tout miracle. Conception voisine de celle de l’antiquité. Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) a découvert qu’en face de ce destin et du péril de corruption, une seule position spirituelle est efficace : l’hyperconscience dans le mal qui détache à quelque degré l’âme des œuvres terrestres.

C’est dans le cadre de cet aspect fort original du gnôti séauton socratique avec ses résonances proprement métaphysiques, que se situe l’étrange sentiment de Charles Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) d’être personnellement maudit « dès le commencement » et « pour toujours ». Que ce soit là réellement une expérience personnelle au poète — non sans rapport, je pense, avec son délabrement physique — ou que ce soit une simple réminiscence, on est tenté d’y apercevoir l’idée swedenborgienne d’une expiation terrestre des fautes accumulées dans une vie précédente. Pourtant chez le Mystique suédois cette thèse avait un corollaire : la rédemption par le Christ, ou la damnation éternelle à l’issue d’une période d’épreuves. Puisque l’idée de rédemption n’apparaît nulle part dans l’œuvre baudelairienne (exception faite de Bénédiction), que le poète la nie au contraire expressément dans l’Irrémédiable, par exemple, je suis porté à croire que là encore, Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) a davantage emprunté au pythagorisme. On sait que, pour les disciples du Maître de Crotone, les âmes se réincarnant après la mort afin d’expier les fautes commises durant leur dernier passage sur terre, une fois purifiées, retournent à leur état divin et sont « à jamais affranchies de la mort » (c’est-à-dire, dans le langage pythagorique, de la réincarnation dans le corps-tombeau).

Que Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) ait longuement médité ces idées, je n’en veux pour preuve que ces vers du Mauvais Moine :

Mon âme est un tombeau que, mauvais cénobite,
Depuis l’éternité je parcours et j’habite.

où l’on rencontre textuellement la formule orphique soma-séma (corps-tombeau).

Ce texte n’est pas isolé. On n’a pas à mon sens prêté assez d’attention au sonnet de La Vie Antérieure. On en a depuis longtemps signalé le pythagorisme. Mais M. Crépet y soupçonne simplement une influence de Gérard de Nerval dont on sait la prédilection pour le Maître grec. Il n’était peut-être pas à l’époque d’homme plus attaché aux idées de métemsomatose, de palingénésie ou réincarnation successive des âmes, que l’auteur du sonnet des Vers dorés. Ne l’appelait-on pas le « Pythagoricien moderne » ? D’autre part, on a mis La Vie Antérieure en rapport avec le souvenir du paradis perdu et aussi de la vie enfantine et enfin avec le souvenir des Tropiques. Que ces éléments aient joué un rôle dans l’écriture du poème et dans l’ébauche de son aspect descriptif, c’est vraisemblable. Il demeure que l’affirmation palingénésique est nette et irréfutable et que Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) a dû attacher à cette conception plus d’intérêt que n’en comporte le simple prétexte d’un poème.

Or, dans ce tableau assez extravagant de la vie antérieure — qui n’est pas sans analogies avec L’Invitation au Voyage — le poète place une note fort révélatrice : même dans cette vie précédente dont il prétend se souvenir, son « unique soin était d’approfondir le secret douloureux qui (le) faisait languir ». Ce même secret douloureux qui écartèle sa vie présente le torturait dans la précédente, parce que là aussi, il y avait réminiscence — platonicienne? — d’une existence différente. On entrevoit de la sorte un enchaînement de réincarnations, une « ronde infernale de naissances et de morts », comme disent les bouddhistes.

Sans doute peut-il paraître étrange qu’une idée aussi importante n’ait été exprimée clairement qu’une seule fois dans l’œuvre de Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) . Mais l’œuvre tout entière en est, à mon sens, imprégnée. Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) ne croit pas à une vie meilleure. Mais les Fleurs du Mal tendent à considérer le monde comme un passage vers du « nouveau » (non du meilleur), suprême espoir que le poète place en point final à son recueil. Il n’est pas jusqu’au titre du Voyage et au grand nombre de poèmes faisant allusion à ces vagabondages terrestres (auxquels fait écho cette note de Mon cœur mis à nu : « Glorifier le vagabondage et ce qu’on peut appeler le bohémianisme » qui ne soient empreints de l’idée de vagabondage de l’âme humaine à travers l’univers.

L’idée est du reste familière au lecteur de Platon.

Chaque fois que Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) en a l’occasion, il affirme l’unicité de l’être à travers l’éternité, l’impossibilité d’échapper à une forme-pensée de tout temps originale. Tel est le sens de l’intransigeante singularité qu’il revendique pour lui-même, tâchant par un ostracisme de principe d’empêcher le monde extérieur d’entraver le jeu de l’hyperconscience et ne cédant à la spontanéité que sous la forme anesthésique de l’imitation involontaire.

Cette constatation prête à la pensée métaphysique du poète une orientation nouvelle. Du moment que la vie terrestre n’est qu’un tronçon de la destinée de l’âme, que nous sommes nés avec un passé, avec une sorte de casier judiciaire prénatal, on s’explique aisément qu’on puisse se sentir personnellement « damné dès le commencement » et « pour toujours ». L’individu vit en effet chargé du poids des fautes accumulées au cours de ses précédentes incarnations et que, faute de grâce efficace et de repentir actif étrangers l’un et l’autre à la conception baudelairienne, il n’est pas libre de reverser. Cette stabilité distingue définitivement la pensée de Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) de celle de Swedenborg pour qui la vie humaine était — la plupart du temps — une expiation, une purgation des fautes commises dans une vie antérieure, s’achevant à un moment donné par la rédemption ou par la chute en enfer.

En face de cette atroce fatalité, l’homme n’a aucun moyen de salut immédiat. Il est prisonnier d’une incarnation : « un navire pris dans le Pôle », dit l’auteur de l’Irrémédiable. Il doit subir patiemment et ne s’illusionner ni sur la vie qui n’est que le leurre décrit dans Le Voyage, ni sur la vie antérieure où déjà il cherchait « le secret douloureux », ni sur les vies futures peut-être identiques à la présente, à moins que l’homme ne parvienne à remonter vers sa source en refusant l’hédonisme et en restant spectateur indifférent aux tribulations de la vie, quitte à s’apercevoir qu’il s’est enfoncé davantage dans la matière.

C’est de cette dernière tragédie, la plus pénible, que nous entretient, il me semble l’Héautontimoroumenos, le vengeur de soi-même, dont les strophes autobiographiques sont indissolublement liées à l’Irrémédiable (dès l’édition préoriginale de l’Artiste, Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) publia les deux poèmes à la suite l’un de l’autre). Etre « l’a plaie et le couteau..., la victime et le bourreau », c’est, par delà une acceptation passive, l’attitude héroïque de l’esprit qui assiste à sa déchéance sans jamais abdiquer, ne comptant jamais que sur sa propre force et tirant de sa descension de nouvelles raisons de veiller, donc de souffrir.

Mais toute celte succession de vies n’est que transition. Le poète entrevoit, sans vraiment oser l’espérer, à la fin des cycles palingénésiques le léthé éternel que « la pharmaceutique céleste » même ne connaît pas, « une liqueur qui ne contiendrait ni la vitalité ni la mort, ni l’excitation ni le néant. Ne rien savoir, ne rien enseigner, ne rien vouloir, ne rien sentir, dormir. C’est à ce sommeil hamlétien qu’il aspire dans son projet de préface aux Fleurs. Ce état nirvânique serait la négation parfaite de foutes les causes du monde formel, de la vie obscure de l’âme humaine, en un mot de Satan Trismégiste.

On aperçoit là, sous une forme décevante et désespérée, la croyance, en tout cas le pressentiment, d’un état spirituel stable qu’on ne peut définir que par des propositions négatives.

Ainsi, la vision baudelairienne de l’Homme-Ange avant la chute, les réminiscences de vies antérieures, les divers degrés d’attachement aux œuvres, témoignent pour une hiérarchie cosmique et pour une continuité permanente de l’échelle universelle. Car, au bas de l’échelle, apercevant la corrélation entre l’âme et le corps, le poète note : « Tout ce qui est matériel ou effluve du spirituel représente... le spirituel d’où il dérive. » Par le système des correspondances entre le microcosme et le macrocosme, Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) établit une relation analogue entre le monde manifesté et le monde supraterrestre. Il est dès lors tentant de lui prêter avec MM. Rolland de Renéville et Blin la conception kabbalistique de la création par effluves successifs à laquelle il semble faire expressément allusion dans notre texte. Et cependant, une fois de plus, à ce texte près, toutes les spéculations de Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) sur la fragmentation de l’Un primordial rappellent étrangement Plotin et Platon expliquant la création par la parthénogenèse de l’Un. Tout comme les Pythagoriciens antiques, Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) est sans cesse hanté par le Nombre : « Tout est nombre, écrit-il dans son journal. Le nombre est dans tout. Le nombre est dans l’individu. »

Qui dit nombre dit nécessairement forme, au sens philosophique du terme; c’est ainsi que Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) note fort justement que l’espace est un nombre. D’où l’identité d’essence de la forme et de l’idée : « Toute idée est, par elle-même, douée d’une vie immortelle, comme une personne. — Toute forme créée, même par l’homme est immortelle. Car la forme est indépendante de la matière, et ce ne sont pas les molécules qui constituent la forme. » Idée et forme sont donc, tout comme la matière, nécessairement distinctes — non par l’essence, mais par le mode — du chaos primordial. Créant une individualité, elles sont affectées d’un nombre, constituent un multiple.

Reste Satan, en d’autres termes la volonté créatrice active de l’Etre, tel qu’il nous est apparu plus haut; comment cette impulsion se comporte-t-elle vis-à-vis de Dieu ? Lui est-elle étrangère ou, comme il semble logique dans le système entrevu, consubstantielle ? Y a-t-il entre les deux forces une différence de nature incompatible avec les rapports de filiation que j’ai dégagés, entre l’Un primordial et le Multiple ou monde formel ? Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) fut-il moniste ou dualiste ?

On se borne d’habitude à commenter, à ce sujet, les textes que j’ai déjà cités : « Qu’est-ce que la chute? Si c’est l’unité devenue dualité, c’est Dieu qui a chuté. En d’autres termes, la création ne serait-elle pas la chute de Dieu? » Sous cette forme interrogative la formule ne tranche évidemment pas le débat, quoiqu’on puisse dire que l’affirmation qu’elle suppose ne devait pas être éloignée de la solution vers laquelle penchait Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) . En tout état de cause, elle ne nous avertit pas de la conception du poète pour ce qui est de la nature de Satan et de ses rapports génétiques avec Dieu.

Il est toutefois un texte peu remarqué des Maximes consolantes sur l’Amour qui s’en explique clairement : il suppose que « l’héroïne de votre cœur, ayant abusé du fas et du néfas » a atteint les dernières limites de la perdition. La renierez-vous ? Non. Dites hardiment : « Moins scélérat, mon idéal n’eût pas été complet. Je le contemple et me soumets; d’une si puissante coquine la grande Nature seule sait ce qu’elle veut faire. Bonheur et raison suprême! absolue! résultante des contraires! Ormuz et Arimane, vous êtes le même! » Ces deux dernières phrases sont lumineuses.

On se souvient que dans la conception parsi, mère du manichéisme, Ormuz est le Dieu bon, Arimane est Satan, co-éternel et créateur, de l’homme actuel. Ici, Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) résout formellement le dualisme en un monisme d’un principe primordial unique affecté de toute éternité de deux qualités, de deux tendances contraires dont le « principe » est la résultante (c’est Baudelaire Baudelaire Charles Baudelaire (1821-1867) qui souligne). Il est donc assez logique qu’il ait pu poser dans l’Art Romantique : « Dieu a proféré le monde comme une complexe et indivisible totalité », la complexité reflétant la création par émanations successives; l’indivisibilité marquant l’enchaînement ininterrompu des différents modes de la création.

Il suffit en définitive d’une simple tendance d’une parcelle du cosmos pour créer une forme, c’est-à-dire pour substituer à l’unité une fragmentation : ange, homme ou bête. Le problème reste entier de savoir si cette tendance fut volontaire de la part de Dieu en tant que Tout cosmique ou de la part de la seule parcelle. Le paradoxe sur la corruption de Dieu et la note de l’Art Romantique me font pencher pour la première alternative; la consubstantialité, voire l’identité de Dieu (Ormuz) et de Satan (Arimane) ainsi que toute la théorie baudelairienne de la vaporisation de la volonté par le Trismégiste témoignent pour la seconde. Tout au plus peut-on penser à une irradiation diffuse et inextricable des deux tendances contraires avec des déséquilibres momentanés créant, émanations successives kabbalistiques :

Une Idée, une Forme, un Être Parti de l’azur et tombé...
Un Ange, imprudent voyageur,
Qu’a tenté l’amour du difforme...

Telle est sans doute, par delà l’idée swedenborgienne du bon et du mauvais ange adjoints à chaque être humain, la véritable signification des « deux postulations » qui partagent sans cesse l’âme humaine. La postulation vers Satan : « Se livrer à Satan qu’est-ce que c’est ? » c’est la tendance au multiple. La postulation vers Dieu, c’est la tendance à l’unité originelle.


Ver online : Cahiers d’Hermès. Paris : La Colombe, Éditions du Vieux Colombier, 1947


Cahiers d’Hermès, publiés sous la direction de Rolland de Renéville. Paris : La Colombe, Éditions du Vieux Colombier, 1947