Em sua peregrinação aos paraísos artificiais, objeto da segunda parte de seu relato, ele narra com verve e ironia mordaz. Nessa Jerusalém contra-celeste, lugar elevado de todas as confusões onde cada um fala seu dialeto, tornando necessário o uso de um dicionário especial, Daumal vai encontrar "monstruosos fenômenos que se entregam a ocupações absurdas, bastante comuns no fim das contas, em nosso globo derrisório", como escreveu Raymond Christoflour em sua resenha para o Mercure de France (…)
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Daumal
René Daumal (1908-1944)
Assinava "Re-Né" algumas de suas cartas a seus amigos. Nasceu em 16 de março de 1908 às 18h em Boulzicourt (Ardennes)
Matérias
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H. J. Maxwell – "La Grande Beuverie" de Daumal, Jerusalém contra-celeste
1º de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
René Daumal – Paraísos artificiais (2.22)
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroDeixamos de lado uma infinidade de variedades secundárias de Fabricantes. Meu guia bem que gostaria de me arrastar para uma vasta fábrica onde se faziam filmes cinematográficos, mas o espetáculo que vislumbrei assim que ele me abriu a porta me repeliu tão fortemente que não quis ver mais nada. Sob uma luz ofuscante, entre uma floresta virgem de papel, um canto de porto de mar de papelão e metade de um quarto de dormir de novo-rico, entre barbantes, tábuas que balançavam no ar, vigas e cabos (…)
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Thomas Vosteen – Daumal e Alfred Jarry
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroEm um ensaio intitulado “Une expérience fondamentale” (Uma Experiência Fundamental), Daumal relata uma “experiência” na qual ele inalou, por volta dos dezesseis ou dezessete anos, tetracloreto de carbono a fim de observar — muito como um cientista poderia observar um experimento — sua consciência se aproximando do limiar da asfixia, da morte. As primeiras palavras do ensaio são “A experiência é impossível de relatar.” Após o evento, Daumal estava convencido de que um fundamento do ser e da (…)
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René Daumal – Patafísica
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroFalei sobre a Visão do Absurdo na descoberta de si mesmo. Mas ela deve iluminar todas as representações de sua cruel evidência, e se tornar assim um momento do conhecimento do mundo.
Dou de bom grado a este momento da ciência o nome de "Patafísica", porque me parece reconhecer a mesma atitude de pensamento no livro de Alfred Jarry Gestos e Opiniões do Dr. Faustroll, Patafísico. Alguns franceses riram ao ler esse livro. Mas bem raros os que entenderam a verdadeira natureza do humor de (…) -
René Daumal – Sábios da Índia
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroUn autre fait a contribué à semer dans l’immense littérature philosophique et mystique de l’Inde des vérités puissantes, fruits de révoltes anciennes et germes de futures révolutions. Les livres théologiques eux-mêmes sont minés, empoisonnés de vérités qui les nient. J’ai laissé de côté, comme n’intéressant pas l’histoire sociale de l’époque, le rôle des ascètes, qui, après de longues années de méditations solitaires, communiquaient leurs enseignements à quelques rares élèves. Nous ne (…)
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Jacques Masui – a experiência de Daumal e a Índia (sânscrito)
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroDaumal poeta, concedia uma grande importância à linguagem. Encontrou no sânscrito não somente a língua lhe permitindo chegar diretamente aos textos que tinha necessidade, mas também a língua que, por excelência, exprime da maneira mais concreta, as realidades espirituais. Não se deve duvidar que o profundo conhecimento que dela adquiriu, o ajudou fortemente a se aproximar destas realidades e a fazê-las viver nele.
Em várias ocasiões, me escreveu que considerava a língua sânscrita como o (…) -
René Daumal – Contra-Céu IV
1º de julho, por Murilo Cardoso de Castroe contemple: um Mar borbulhante diante de você; a palavra SIM brilhando, refletida em cada bolha. O NÃO é macho, ele observa a fêmea. O mesmo ato negador que faz o sujeito consciente faz o objeto percebido. Despertar é se colocar a pensar alguma coisa exterior a si mesmo; aquilo que se identifica com o seu corpo, ou com quem quer que seja, adormece. A negação é um ato simples, imediato e procriador, por assim dizer, macho. O que é negado, tomado em geral e a priori, pode ser considerado (…)
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René Daumal – O Absoluto
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroPara raciocinar, julgar e querer, o homem precisa crer num absoluto que seja ao mesmo tempo o ser real e a verdade por excelência, e o valor supremo. Imediatamente me apresentarão o primeiro transeunte encontrado na rua e, ao interrogá-lo, mostrar-me-ão que ele nem sequer suspeita o que poderia ser tal noção; pois, como para a grande maioria dos homens, a preocupação de analisar as operações de seu espírito lhe é estranha. Mas aquele que pensa me contradizer ao me lembrar dessa observação (…)
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H. J. Maxwell – A respeito de "La Grande Beuverie" de Daumal
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroRené Daumal começou a escrever A Grande Bebedeira em 1931. Originalmente, deveria ser apenas uma crônica humorística dos avatares do Grande Jogo e seus membros. Todos eram facilmente reconhecíveis e estavam lá. Na versão definitiva, alguns já não aparecem, como Rolland de Renéville, chamado "Renúncia", apelido que ele mesmo adotou, e sua famosa frase: "Metafísica, merda!", ou Roger Gilbert-Lecomte, "Ergéhel, pálido como os mortos", e "Ernestof", Adamov. Os amigos Joseph Sima e Arthur (…)
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Thomas Vosteen – Daumal e a Patafísica
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroDaumal cresceu no norte da França e cursou o ensino médio em Reims, onde fez amizades que se tornaram companheiros de jornada interessados em escrever e viver a poesia — especialmente a poesia na linhagem de Arthur Rimbaud, outro adolescente cuja revolta contra os valores burgueses foi fundamental para revolucionar o tom das letras francesas. (De fato, Rimbaud também era nativo da mesma região.) Mas o grupo de adolescentes, autodenominado “les Phrères Simplistes”, também exibia a influência (…)