(RDBh)
Sabor. Um estado — como o amor etc. — manifestado pela representação de suas causas ocasionais, de seus efeitos perceptíveis e de suas aparências transitórias, e que constitui o modo de ser fundamental de uma obra poética, assume a qualidade de Sabor na apreensão dos seres conscientes.
Surgindo com o Princípio Essencial, sem partes, brilhando com sua própria evidência, feito de Alegria e Pensamento unidos, puro de todo contato com outra percepção, irmã gêmea da gustação do (…)
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Daumal
René Daumal (1908-1944)
Matérias
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Daumal (RDBh:45-47) – Sabor - Ressonância
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro -
René Daumal (1908-1944)
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroSIMBOLISMO — LITERATURA — RENÉ DAUMAL (1908-1944)
Embora pouco conhecido, foi um dos companheiros de André Breton, e um dos fundadores do movimento poético denominado "Le Grand Jeu", na França. Tornou-se nos anos 1930 um seguidor de Gurdjieff. Daumal nos legou uma obra literária de respeito pela profundidade de sua percepção, sensibilidade e estilo.
—Acredito recordar que Daumal via no sânscrito a ocasião para um trabalho filosófico, como se a gramática do sânscrito predispusesse a uma (…) -
Daumal (RDCC) – Contra-Céu II
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro(RDCC)
NÃO é meu nome NÃO NÃO o nome NÃO NÃO o NÃO.
O espírito individual atinge o absoluto de si mesmo por negações sucessivas; sou o que pensa, não o que é pensado; o sujeito puro é concebido como limite de uma negação perpétua.
A própria ideia de negação é pensada; ela não é ’eu’. Uma negação que se nega se afirma ela mesma no mesmo momento; negação não é simples privação, mas ATO positivo.
Essa negação representa a ’teologia negativa’ em sua aplicação prática à ascese individual. -
Daumal (RDCC) – Contra-Céu III
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro(RDCC)
Recue mais ainda para trás de você mesmo e ria: O Não é pronunciado sobre seu riso. O Riso é pronunciado sobre seu NÃO. Negue seu Nome, ria do seu NÃO.
Poderia repetir-lhe isso todo o dia, por anos seguidos, e é muito provável que, mesmo e principalmente se você me diz compreender, não fará a experiência. Aproveite então a oportunidade, no exato instante em que me lê — pois, sim, é a você que me lê nesse exato instante que me dirijo, a você em particular, e pergunte-se seriamente: (…) -
Daumal (RDCC) – Contra-Céu IV
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro(RDCC)
e contemple:
um Mar borbulhante diante de você;
a palavra SIM brilhando, refletida em cada bolha.
O NÃO é macho, ele observa a fêmea.
O mesmo ato negador que faz o sujeito consciente faz o objeto percebido. Despertar é se colocar a pensar alguma coisa exterior a si mesmo; aquilo que se identifica com o seu corpo, ou com quem quer que seja, adormece.
A negação é um ato simples, imediato e procriador, por assim dizer, macho. O que é negado, tomado em geral e a priori, pode ser (…) -
Daumal (RDCC) – Contra-Céu V
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro(RDCC)
Ela é seu sacrifício e sua criatura, pois representa toda a Roupa da qual se despojou.
Ela é seu conhecimento, pois ele a possui, diante dele único sujeito, projetada, objetada, único objeto.
Ela é seu amor, pois é Tudo o que ele não é.
O Mistério é reversível: teme a loucura.
Aqui tocamos nas velhas lendas sobre a criação, ou melhor, sobre a emanação do Mundo. A base comum das antigas cosmogonias, transposta da ordem do macrocosmo àquela do microcosmo, torna-se o esquema de (…) -
Daumal (RDTT:25-30) – Banalidades
20 de abril, por Murilo Cardoso de Castro(RDTT)
Nenhum conhecimento — enquanto saber em potência — tem valor senão em relação a um ato de consciência possível. No domínio da experiência vulgar, a noção que tenho de uma pera, da Inglaterra, só me fornece antecipações do que posso experimentar ao ver, ao pegar a pera, ao cheirá-la, prová-la, ou ao viajar pela Inglaterra. Um objeto é a lei segundo a qual certas sensações podem se apresentar a mim, suceder-se e transformar-se em mim.
Essas banalidades, o espírito em busca do real (…) -
Daumal (RDTT:33-34) – Provocações à ascese
20 de abril, por Murilo Cardoso de Castro(RDTT)
Se agora alguém pergunta: por que essa busca perpétua pelo despertar, por que tentar ser sempre mais consciente, por que querer sair da condição humana? — que olhe para dentro de si com um olhar claro. Se a resposta: "por tal objetivo", que admite esse "por quê?", não lhe aparecer imediatamente, pelo menos verá com certeza, se realmente olhar, o "porque". Ele desejará necessariamente se libertar do estado humano, porque verá esse estado como intolerável. Ele pode muito bem ter (…) -
Daumal (RDTT:25-30) – A Visão do Absurdo
20 de abril, por Murilo Cardoso de Castro(RDTT)
Descreverei sucessivamente a Evidência Absurda da intuição de si pela Revelação do Riso; a Evidência Absurda da percepção do mundo pela Patafísica; e a Evidência Absurda no comportamento do homem, como princípio da Revolta.
Poderei então propor a Visão do Absurdo como tipo da primeira experiência metafísica.
A REVELAÇÃO DO RISO
Haverá para cada homem a revelação do Riso, mas que não se busque nela a alegria. No ponto em que estou, as envolturas do mundo se viram como dedos de (…) -
Daumal (RDTT:47-57) – Patafísica
20 de abril, por Murilo Cardoso de Castro(RDTT)
Falei sobre a Visão do Absurdo na descoberta de si mesmo. Mas ela deve iluminar todas as representações de sua cruel evidência, e se tornar assim um momento do conhecimento do mundo.
Dou de bom grado a este momento da ciência o nome de "Patafísica", porque me parece reconhecer a mesma atitude de pensamento no livro de Alfred Jarry Gestos e Opiniões do Dr. Faustroll, Patafísico. Alguns franceses riram ao ler esse livro. Mas bem raros os que entenderam a verdadeira natureza do humor (…)