Atualmente está na moda, nos escritos sobre mitologia, dar grande ênfase à metodologia, frequentemente quase em detrimento do conteúdo. Um livro que aplica a técnica de Claude Lévi-Strauss à mitologia australiana é visto como prova ou refutação das formulações estruturalistas, em vez de fornecer novos insights sobre a mitologia australiana. Importa pouco qual material se escolhe usar, ou quais conclusões se tiram dele, desde que se proceda da maneira correta ou, pelo menos, de forma (…)
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Matérias
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O’Flaherty – O Mito
29 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
O’Flaharty – roda dentro da roda
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEzequiel viu a roda, lá no alto no meio do ar, Ezequiel viu a roda, lá no alto no meio do ar. E a rodinha girava pela fé, e a rodona girava pela graça de Deus.
É uma roda dentro da roda, lá no alto no meio do ar.
Canção tradicional afro-americana
E olhei, e eis que quatro rodas estavam junto aos querubins, uma roda junto a um querubim, e outra roda junto a outro querubim; e o aspecto das rodas era como a cor de pedra de berilo. E quanto ao seu aspecto, as quatro tinham uma mesma (…) -
O’Flaharty – As Leis de Manu
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroCerto e errado (dharma e adharma) não andam por aí dizendo: ’Aqui estamos’; nem deuses, centauros ou ancestrais dizem: ’Isto é certo, aquilo é errado.’ ĀPASTAMBA
Estabelecer um livro de leis como o de Manu significa conceder a um povo o direito de, a partir de então, tornar-se magistral, tornar-se perfeito – aspirar à mais alta arte de viver. Para esse fim, a lei deve ser tornada inconsciente: este é o propósito de toda mentira sagrada. NIETZSCHE
Estes dois epigramas sugerem duas visões (…) -
O’Flaherty – Shastra
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEste rico turbilhão intelectual, incluindo o crescente desafio do budismo, inspirou intelectuais (principalmente, mas não apenas brâmanes) a se unirem em uma grande reunião de seus próprios sistemas de conhecimento preservados em textos sânscritos. Os dois grandes épicos sânscritos, o Mahabharata e o Ramayana, foram compostos durante esse longo período entre dois impérios, assim como os textos chamados shastras.
Shastra significa "disciplina", em ambos os sentidos da palavra: "sistema de (…) -
O’Flaherty – Cavalos como invasores
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroA maioria dos povos que entraram na Índia ao longo dos séculos o fizeram a cavalo. Primeiro vieram os povos védicos, antes conhecidos como indo-europeus (mais propriamente, falantes de indo-europeu), que trouxeram seus cavalos de onde não sabemos (provavelmente do Cáucaso), e depois gregos e citas, cavalgando pelos desfiladeiros do noroeste. Esculturas em Sanchi, algumas datadas do segundo século a.C., retratam vários estrangeiros do noroeste—neste caso, principalmente gregos—a cavalo. (…)
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O’Flaherty – Meta-estórias
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroOs mitos não nos contam apenas sobre encontros com o estranho; eles são, eles mesmos, em um plano uma vez destacado, tais encontros para nós. Por meio dessa luta metodológica com os mitos, podemos levantar certas questões básicas de significado humano. O que aprendemos com as histórias que os seres humanos contaram sobre estranhos, animais, deuses e crianças? Podemos aprender muito sobre os outros, e sobre os mitos, a partir de nossos próprios mitos sobre os outros. E podemos aprender ainda (…)
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O’Flaherty – Mito e História
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroIsso nos leva à relação entre mito e história. Minhas ideias sobre isso mudaram em grande parte como resultado da escrita sobre os usos políticos do mito ao longo da história indiana em The Hindus: An Alternative History. E ao mesmo tempo em que eu me aproximava da história, a história se aproximava de mim, à medida que os insights de historiadores pós-modernistas (Collingwood, Hayden White) exerciam uma influência cada vez mais difundida no estudo do mito. (As ideias geralmente chegam aos (…)
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Vernant – Mito como modelo da física jônica
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro(Vernant1990)
Nesta segunda versão do mito, reconhece-se a estrutura de pensamento que serve de modelo a toda a física jônia. Cornford dá esquematicamente a seguinte análise: 1.°) no começo, há um estado de indistinção onde nada aparece; 2.°) desta unidade primordial emergem, por segregação, pares de opostos, quente e frio, seco e úmido, que vão diferenciar no espaço quatro províncias: o céu de fogo, o ar frio, a terra seca, o mar úmido; 3.°) os opostos unem-se e interferem, cada um (…) -
Vernant – Do Mito à Razão (I): O Mito Grego
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro(Vernant1990)
No decurso dos últimos cinquenta anos, a confiança do Ocidente neste monopólio da razão foi todavia abalada. A crise da física e da ciência contemporâneas minou os fundamentos — que se julgavam definitivos — da lógica clássica. O contato com as grandes civilizações espiritualmente diferentes da nossa, como a da Índia e a da China, rompeu os quadros do humanismo tradicional. O Ocidente já não pode hoje considerar o seu pensamento como sendo o pensamento, nem saudar na aurora (…) -
Do Mito à Razão (II): O Sábio
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro(Vernant1990)
Nos alvores da história intelectual da Grécia, entrevê-se toda uma linhagem de personalidades estranhas para as quais Rohde chamou a atenção. Estas figuras, semilendárias, que pertencem à classe dos videntes estáticos e dos magos purificadores, encarnam o modelo mais antigo do "Sábio". Alguns acham-se estreitamente associados à lenda de Pitágoras, fundador da primeira seita filosófica. O seu gênero de vida, a sua investigação, a sua superioridade espiritual, colocam-nos à (…)