Repetição, impregnação, evocam também a importância do conto para as crianças, seu papel educativo, formativo. É historicamente certo que os irmãos Grimm não reuniram os KHM para uso infantil, mas sim de um público adulto, e que aqueles que os transmitiram de geração em geração os contavam pelo menos tanto para os adultos. Tudo se passa como se ocorresse periodicamente um deslizamento dos destinatários, como em As Viagens de Gulliver, de Swift, e Robinson Crusoé, de Defoe. Por que essa (…)
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Matérias
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Faivre (Grimm) – contos e iniciação
8 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
Jean-Claude Carrière – Estórias
2 de julho, por Murilo Cardoso de CastroComo as minhocas que, diz-se, fecundam a terra que atravessam cegamente, as histórias passaram de boca em boca e dizem, há muito, o que nada mais pode dizer. Algumas giram e se enrolam dentro de um mesmo povo. Outras, como que feitas de uma matéria sutil, furam as paredes invisíveis que nos separam, ignoram o tempo e o espaço e simplesmente se perpetuam. Assim, esta conhecida entrada circense, onde alguém procura um objeto perdido em um círculo luminoso, não porque o objeto se perdeu naquele (…)
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Jean-Claude Carrière – Estórias como fabulações para pensar
2 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPouco a pouco, ao compor este livro, o que me levou mais de vinte e cinco anos, percebi que procurava outro tipo de contos e histórias, presentes em quase toda parte, mas tão difíceis de classificar que eu não sabia como chamá-los. Histórias de sabedoria? Isso é tão sem graça quanto uma entrega de prêmios. Histórias de saber viver? De ensinamento? Histórias divertidas e instrutivas, como se dizia antigamente? Histórias engraçadas? Mas isso parece uma coletânea de piadas. Contos do espaço e (…)
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Mil e Uma Noites
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEstórias – Mil e Uma Noites
Um dos mais conceituados especialistas contemporâneos d’As Mil e Uma Noites, Aboubakr Chraïbi, demonstra que estes textos, cuja fiabilidade histórica é, de resto, questionável, não podem constituir prova de que no século ix já existisse o livro d’As Mil e Uma Noites, nem que este tivesse sido uma tradução do persa. Em primeiro lugar, os vários testemunhos que se reportam aos séculos ix/x aludem a um tipo de histórias que se assemelha mais às fábulas ou aos (…) -
Contos Grimm
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroCom seu irmão Wilhelm, o linguista e escritor Jacob Grimm, fundador da filologia alemã, dedicou-se a recolher contos populares de regiões de língua alemã. Publicada em dois volumes, em 1812 e 1815, a coletânea Contos da infância e do lar trazia piadas, lendas, fábulas, anedotas e narrativas tradicionais de toda sorte. Além, é claro, dos contos de fadas que associamos aos irmãos Grimm – como A Bela Adormecida, Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel e João e Maria. De início, o projeto (…)
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Malba Tahan – Mil e Uma Noites
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroÉ problema altamente controvertido a origem das Mil e uma noites.
Massudi, que viveu no século XI e foi um dos escritores mais viajados do seu tempo, afirmou que As mil e uma noites foram tiradas do livro persa Hezar Afsaneh [Mil histórias]. Esta última obra, segundo se afere de uma referência que a ela faz Firduzzi, no prefácio de Schanameh [Livro dos reis], é atribuída a um poeta persa, Rasti, que teria vivido na segunda metade do século X. E, assim, o erudito Massudi parece estar com a (…) -
Dermenghem (Hermès) - LE MYTHE DE PSYCHE DANS LE FOLKLORE (4)
17 de novembro de 2022, por Murilo Cardoso de CastroLes Cahiers d’Hermès II. Dir. Rolland de Renéville. La Colombe, 1947.
III. - Nous en venons maintenant aux contes de la forme inversée, dans lesquels l’être mystérieux épousé est féminin. Ils ont la même atmosphère d’initiation et de mystique, mais ils semblent pour ainsi dire insister sur le côté actif, le côté conquête, comme s’ils représentaient l’aspect effort humain plutôt que l’aspect passif et théocentriste. Tout d’abord, nous trouvons le groupe très nombreux et très largement (…) -
Hermann Hesse – Ludwig Tieck
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroSe eu fosse astrólogo, a primeira coisa que faria para poder dizer algo sobre um escritor seria estudar seu horóscopo. E apostaria que o horóscopo de Ludwig Tieck é um desses vacilantes, duvidosos, imprecisos e que se neutralizam em si mesmos, um desses em que qualquer constelação boa corresponde a outra má, em que cada linha marcada está cruzada e corrigida por outra. Existem horóscopos assim e, deixando a astrologia de lado, existem também muitos caracteres e destinos assim, que parecem (…)
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Marie-Louise von Franz – Contos de Fadas
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroAntes de tentar explicar a forma junguiana específica de interpretação, vou entrar rapidamente na história da ciência dos contos de fada e nas teorias das diferentes escolas e sua literatura. Pelos escritos de Platão sabemos que as mulheres mais velhas contavam às suas crianças histórias simbólicas — “mythoi”. Desde então, os contos de fada estão vinculados à educação de crianças. Na antiguidade, Apuleio, um escritor e filósofo do século 2 d.C., escreveu sua famosa novela O asno de ouro, um (…)
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Faivre (Grimm) – contos, por uma mito-crítica
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroSe fosse preciso buscar uma estrutura não abstrata para dar conta da especificidade dos Märchen em geral e dos KHM em particular, é sem dúvida no discurso alquímico que se poderia encontrá-la. Não que nossos contos se reduzam a ele, mas como a alquimia ocidental é uma simbólica irredutível a outra coisa senão o que ela é, e se apresenta como um denominador comum do mito judaico-cristão e de vários outros mitos, ela poderia iluminar nossos contos tão bem quanto o faz a psicanálise junguiana — (…)