Sampaio Bruno, A Ideia de Deus, pp. 389-391 e 398-399.
No princípio era o Tempo, homogêneo, infinito, contínuo, imutável, absoluto, necessário. Tal seja puramente a noção do escólio, preambularmente apenso por Newton às definições basilares dos princípios matemáticos da sua filosofia natural: «Tempus Absolutum, verum, et mathematicum, in se et natura sua sine relatione ad externum quodvis, aequabiliter fluit, alioque nomine dicitur Duratio.» Não é um atributo de Deus. É (como a acessível (…)
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Ditados
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Sampaio Bruno – Deísmo
24 de março, por Murilo Cardoso de Castro -
Robert Musil – "bons velhos tempos"
21 de março, por Murilo Cardoso de Castro(R. Musil, “Das hilflose Europa oder Reise vom Hundersten ins Tausendste”, Gesammelte Werke, v. VIII, p. 1087.)
Pois, quando se proclama — e quem não proclamou algo assim? — que faltam à nossa época a síntese, a cultura, a religiosidade ou a comunidade, isso não representa mais do que um elogio aos “bons velhos tempos”, dado que ninguém saberia dizer com que deveriam parecer, hoje em dia, uma cultura, uma religião ou uma comunidade, caso elas realmente quisessem admitir em sua síntese os (…) -
Musil (1922) – A vida que nos cerca não tem conceitos de ordem
21 de março, por Murilo Cardoso de Castro(Robert Musil, Das hilflose Europa oder Reise vom Hundersten ins Tausendste, 1922.)
Recuperamos o dia que corre. A vida que nos cerca não tem conceitos de ordem. Os fatos do passado, os fatos das ciências particulares e os fatos da vida nos envolvem sem qualquer ordem. A filosofia popular e a discussão do dia contentaram-se com restos liberais de uma crença infundada na razão e no progresso, ou inventaram os fetiches familiares da época, da nação, da raça, do catolicismo e do homem da (…) -
Robert Musil – Spengler
21 de março, por Murilo Cardoso de Castro(“Geist und Erfahrung, Anmerkungen für Leser, welche dem Untergang des Abendlandes entronnen sind”, in: Gesammelte Werke in neun Bänden, v. VIII, pp. 1043-4.)
(...) Existe no — eu gostaria de utilizar a palavra “intelectual” —, digamos, portanto, nos meios intelectuais — mas refiro-me aos da literatura —, um preconceito favorável a respeito das infrações contra a matemática, a lógica e a exatidão; na categoria dos crimes contra a mente, elas são facilmente classificadas como crimes (…) -
Robert Musil (Homme:I-42-43) - mundo cômico
21 de março, por Murilo Cardoso de Castro(Musil1982)
Considerado do ponto de vista técnico, o mundo torna-se francamente cômico; pouco prático em tudo o que concerne às relações dos homens entre si, inexato no mais alto grau e contrário à economia em seus métodos. Para quem adquiriu o hábito de se desincumbir de suas tarefas com a régua de cálculo, torna-se completamente impossível levar a sério uma boa metade das afirmações humanas. -
Sampaio Bruno – Pensamento herdeiro dos gnósticos?
23 de fevereiro, por Murilo Cardoso de CastroExcertos do estudo de Maria Helena Varela, "O Heterologo em língua portuguesa"
Entre o racionalismo científico, o paradigma positivista ao qual mais ou menos se manteve fiel em O Brasil mental, e o irracionalismo dos poetas e filósofos românticos do século XIX, a herança heterodoxa dos pensadores gnósticos parece-nos de destacar nesta opus magnum. De fato, um saber hermético de inspiração gnóstica parece ter penetrado o corpus científico dos séculos XIX e XX, como afirma Gilbert Durand , (…) -
Sampaio Bruno – O Tempo
23 de fevereiro, por Murilo Cardoso de CastroExcertos do estudo de Maria Helena Varela, "O Heterologo em língua portuguesa"
A tese da perda da onipotência divina, por mais misteriosa, constitui o aspecto mais singular desta ontoteologia obscura, sendo a pedra de toque de uma viagem sófica em que o tempo, na sua dialética triádica, e o mal inerente a todas as criaturas propiciam o regresso final ao uno e homogêneo, num terceiro ekstase temporal. Por isso, um Tempo com maiúscula, hipostasiado, aparece em Bruno, já que é o devir que (…) -
Sampaio Bruno — O Encoberto
23 de fevereiro, por Murilo Cardoso de CastroExcertos do estudo de Maria Helena Varela, "O Heterologos em língua portuguesa"
Enveredando cada vez mais por vias heterodoxas e esotéricas, Sampaio Bruno passa de A IDEIA DE DEUS a O ENCOBERTO, obra em que a sofia meta-racional, o teurgismo profético se transforma em escatologia, messianismo universal, partindo sempre dos arquétipos sebastianistas, latentes na nossa mitogenia. A teleologia de um tempo triádico que, na sua dialética circular faz coincidir os pontos alfa e ômega na apoteose (…) -
Sampaio Bruno — A Ideia de Deus
23 de fevereiro, por Murilo Cardoso de CastroExcertos do estudo de Maria Helena Varela, "O Heterologo em língua portuguesa" Desde que Deus se entenda como temporariamente não onipotente, todas as dificuldades desaparecem qual por encanto, as antinomias de Kant logo se resolvem. Sampaio Bruno, A Ideia de Deus Se o século XIX proclamou abruptamente a morte de Deus através de Nietzsche, o niilismo e a crise da metafísica que esta metáfora representa na cultura ocidental refletem ainda a dificuldade do homem assumir à escala humana o (…)
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Sampaio Bruno – O Brasil Mental
23 de fevereiro, por Murilo Cardoso de CastroO BRAZIL MENTAL, ESBOÇO CRITICO Excertos do estudo de Maria Helena Varela, "O Heterologos em língua portuguesa"
Conhecer as ideias dominantes da intelligentsia de um país é condição necessária e suficiente para compreender a sua realidade social; daí o Brasil mental, para o autor portuense, conter e explicar o Brasil social, sendo esta precedência não só lógica como indispensável, já que toda a prática pressupõe uma teoria. Assim, "o republicanismo fluminense é a simples aplicação do (…)