Signorile1993
A unidade da filosofia de Valéry não é imediatamente óbvia. A profusão e a aparente desarticulação dos Cahiers, bem como a recusa do autor em explicitar publicamente os principais princípios filosóficos de seu pensamento, são duas razões para isso.
De fato, a impressão de desordem que surge ao entrar em contato com esse corpus está correlacionada com a escrita fragmentária e os múltiplos temas abordados. Por outro lado, sua pesquisa e seu jízo voluntariamente crítico, por (…)
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Valéry
Valéry, Paul (1871-1945)
Matérias
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Unidade da filosofia de Valéry
15 de abril, por Murilo Cardoso de Castro -
A aparente desordem dos Cahiers de Valéry
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroSignorile1993
A aparente desordem e a repetição temática [nos Cahiers de Valéry] são inicialmente desconcertantes, ainda mais porque essa é uma filosofia profundamente racionalista e móvel. A todo momento, o leitor é convidado a traçar um paralelo entre o racionalismo de Descartes e o evolucionismo de Bergson.
Mas se, em ambos, Valéry considera a Razão o princípio e o movimento o instrumento, as observações relacionadas a construir, fazer e criar dão o tom da filosofia de Valéry, além de (…) -
Os Cahiers carregam originalidade do viés anti-filosófico de Valéry
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroSignorile1993
A criação abre o caminho para o conhecimento, porque o conhecimento está ligado ao aprendizado sobre a ação e suas obras. Essa posição é suficiente para justificar a relevância filosófica dos Cahiers. Ela permite, inclusive, explicar as variações destes últimos, ao sabor das consequências e das discussões em meio às quais eles se desenvolvem. De fato, Valéry nunca define sua filosofia mais claramente do que nos momentos em que rejeita toda filosofia. Quando ele reflete sobre (…) -
Swedenborg (Valéry)
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroO bel nome Swedenborg soa estranho aos ouvidos de um francês. Desperta em mim um emaranhado de ideias confusas em torno da imagem fantástica de um personagem singular, mais literário do que histórico. Confesso que até poucos dias atrás, eu só sabia dele o que restava de leituras já muito distantes.
Séraphitus-Séraphita de Balzac e um capítulo de Gérard de Nerval foram outrora minhas únicas fontes, das quais, no entanto, não me nutria há cerca de trinta anos...
Essa memória que se esvaía (…) -
O livro de M. Martin Lamm sobre Swedenborg (Valéry)
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroNo entanto, o livro que acabo de ler propõe ao pensamento um Swedenborg completamente diverso. A ideia vaga e hoffmaniana que minha ignorância formara dele mudou-se na de uma figura não menos enigmática, mas precisa - potentemente interessante, cuja história intelectual suscita uma quantidade de problemas de primeira importância no âmbito da psicologia do conhecimento.
Li a obra de M. Martin Lamm com um apego crescente; via desenhar-se, de capítulo em capítulo, o extraordinário Romance de (…) -
Swedenborg me parece sujeito de transformações interiores (Valéry)
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroSwedenborg me parece hoje o exemplo e o sujeito de uma das mais notáveis e completas transformações interiores, realizada em muitas etapas, no curso de cerca de sessenta anos. Essa transformação de uma vida psíquica, observada e rastreada através da sequência cronológica dos escritos, é a de um homem de vasta cultura, primeiramente definível como sábio e filósofo, semelhante aos conhecidos sábios e filósofos de seu tempo, que imperceptivelmente se transforma em místico, por volta dos (…)
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Teoria das Correspondências de Swedenborg (Valéry)
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroMas em Swedenborg a atividade teórica não desaparece completamente diante da percepção imediata. Ela reassume seu papel de construção e justificação. É "natural" que um espírito tão fortemente dotado e culto busque estabelecer o mais sistematicamente possível as relações entre suas duas realidades, e constitua uma espécie de método ao qual se possa conferir uma forma ou aspecto quase "científico". Isso é o que Swedenborg fez com sua famosa Teoria das Correspondências, na qual combinou de um (…)
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O "Espiritual" de Swedenborg (Valéry)
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroNo caso que nos ocupa, Espiritual é uma palavra-chave, uma palavra cujo significado é uma ressonância. Ela não orienta o espírito para um objeto de pensamento, mas faz vacilar todo um setor afetivo e imaginativo reservado. Responde à necessidade de expressar que o que se diz não tem sua conclusão nem seu valor no que se vê; e, além disso, que o que se pensa não tem sua conclusão nem seu valor no que pode ser pensado. É um sinal que, sob forma de epíteto, nos sugere reduzir à condição de (…)
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Mistério de Swedenborg (Valéry)
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroFalei de tudo isso para insistir na questão que creio essencial para o caso que nos ocupa: como é possível um Swedenborg? O que é preciso supor para considerar a coexistência das qualidades de um sábio engenheiro, de um funcionário eminente, de um homem simultaneamente tão prudente na prática e tão instruído sobre tantas coisas com as características de um iluminado que não hesita a redigir, publicar suas visões, fazer-se passar por um visitado pelos habitantes de outro mundo, por eles (…)
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Sobre o ensaio "Swedenborg" de Valéry
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroScapolo2018
Haec vera sunt quia signa habeo – o impossível Swedenborg?
O cerne do breve mas denso ensaio de Paul Valéry dedicado a Emanuel Swedenborg, escrito nos primeiros meses de 1936 como prefácio à tradução francesa da monografia de M. Martin Lamm, diz respeito especificamente à relação entre o real e seu possível conhecimento, um dos temas centrais do pensamento do pai de Monsieur Teste. A grande e fundamental questão que ocupou Valéry em sua atividade especulativa desde os vinte e (…)