Os Fabricantes de discursos inúteis formam três clãs principais, o dos Pwatts, o dos Ruminssiés e o dos Iiirittiks. Traduzidos para o português, esses nomes significam respectivamente: “mentirosos em cadência”, “mercadores de fantasmas” e “catadores de migalhas”.
Os Pwatts se dizem descendentes dos bardos, aedos e trovadores de outrora. “Mas,” explicou-me um deles, um homem grande, lunar, agitado e desgrenhado, que encontramos sentado à mesa em uma leiteria, “por maior respeito que (…)
Página inicial > Ditados
Ditados
-
René Daumal – Os paraísos artificiais (2.17)
1º de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
René Daumal – Os paraísos artificiais (2.31)
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroVocê está absolutamente certo! Minhas desculpas novamente. Eliminei o negrito e revisei a tradução para garantir que atenda a todas as suas solicitações. Consegui me esquivar com um pretexto trivial. Com um guia assim, sempre a falar e a explicar, nada conseguia ver com os meus próprios olhos. Ora, queria observar os Sophes em total tranquilidade: assim, pude ficar entre eles tempo suficiente, aprendendo a sua língua e conversando com os melhores entre eles.
Dirão que todas essas (…) -
René Daumal – Os paraísos artificiais (2.30)
1º de julho, por Murilo Cardoso de Castro— Tem-se, então, escolas aqui? perguntei.
— Claro. Há aqui homens e mulheres. Formam casais. Nascem crianças. É preciso protegê-las da contaminação a que sua hereditariedade as expõe com demasiada frequência. Hoje a maioria das crianças é, desde os primeiros dias, aspergida com água benta e essa simples precaução basta às vezes para imunizá-las. Mas não paramos por aí. Refizemos completamente os velhos sistemas pedagógicos. Quatro equipes de instrutores cuidam respectivamente da educação (…) -
H. J. Maxwell – "La Grande Beuverie" de Daumal, Jerusalém contra-celeste
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroEm sua peregrinação aos paraísos artificiais, objeto da segunda parte de seu relato, ele narra com verve e ironia mordaz. Nessa Jerusalém contra-celeste, lugar elevado de todas as confusões onde cada um fala seu dialeto, tornando necessário o uso de um dicionário especial, Daumal vai encontrar "monstruosos fenômenos que se entregam a ocupações absurdas, bastante comuns no fim das contas, em nosso globo derrisório", como escreveu Raymond Christoflour em sua resenha para o Mercure de France (…)
-
H. J. Maxwell – A respeito de "La Grande Beuverie" de Daumal
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroRené Daumal começou a escrever A Grande Bebedeira em 1931. Originalmente, deveria ser apenas uma crônica humorística dos avatares do Grande Jogo e seus membros. Todos eram facilmente reconhecíveis e estavam lá. Na versão definitiva, alguns já não aparecem, como Rolland de Renéville, chamado "Renúncia", apelido que ele mesmo adotou, e sua famosa frase: "Metafísica, merda!", ou Roger Gilbert-Lecomte, "Ergéhel, pálido como os mortos", e "Ernestof", Adamov. Os amigos Joseph Sima e Arthur (…)
-
René Daumal – Não-dualismo de Espinosa (6)
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroDisse que os procedimentos do pensamento espinosano me lembravam os de certos sábios, anônimos ou quase. Queria falar do pouco que podemos conhecer do pensamento oriental em suas expressões mais elevadas. Em particular, pensava na Cabala judaica e no Vedanta hindu.
É muito provável que Espinosa, por sua própria origem e pelo conhecimento profundo do hebraico (che o levou a escrever uma gramática dessa língua), tenha podido estudar de perto os principais textos da Cabala. Poder-se-iam (…) -
René Daumal – Não-dualismo de Espinosa (5)
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroRevolucionário diante do grande sono teológico, Spinoza o é de forma evidente no esquema abstrato da Ethica. Não é preciso lembrar que a violência de sua polêmica no Tractatus Theologico-Politicus e sobretudo nas Cartas é tal que quase o baniu da filosofia respeitável até os nossos dias. A própria Ethica, em poucas proposições, contém os princípios de uma revolução no plano social e também no político. Pode-se, além disso, meditar longamente sobre esta proposição: “Somente na medida em que (…)
-
René Daumal – Não-dualismo de Espinosa (4)
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroAssim, à medida que a doutrina se desenvolve, dela brotam imperiosamente sequências cada vez mais concretas. Na parte propriamente ética da obra, o ritmo ternário da contradição e da resolução se torna cada vez mais potente.
O impulso é dado pelo terrível e eterno problema da liberdade e da necessidade. E Espinosa, é preciso dizê-lo, define a necessidade com todo o rigor e minúcia de seu espírito.
O mecanismo cartesiano implicava o determinismo dos fenômenos. As leis da lógica, no (…) -
René Daumal – Não-dualismo de Espinosa (3)
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroA teoria espinosana do conhecimento é, de fato, um quebra-cabeça e uma provocação para refletir. Obrigado, Espinosa, por não ter facilitado a tarefa. Obrigado pelas armadilhas e pelos enigmas.
Não se leva suficientemente em conta que a doutrina dos "três gêneros de conhecimento" não é fácil de entender. Todos leem: "Conhecimento de primeiro gênero, ou opinião, ou imaginação: por ouvir dizer, e por simples aprendizado" e pensam: "É evidente". Depois: "Conhecimento de segundo gênero, ou (…) -
René Daumal – Não-dualismo de Espinosa (2)
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroEscândalo para os homens da Igreja e da Academia é o teorema: "Deus é coisa extensa" (Eth. II, prop. 2). Escândalo sobretudo pela audácia prometeica de um homem que quer demonstrar, que quer fazer compreender coisas que um bom cristão deve crer cegamente porque foram "reveladas"; que quer levar a lógica ao campo reservado da fé! E seus inimigos julgavam insultá-lo com os nomes de "panteísta" e "ateu" que, por mais mergulhados na névoa da confusão verbal, permanecerão entre seus títulos de (…)