Em seu capítulo de adeus ao leitor, o capitão Lemuel Gulliver precisa que o vício mais odioso e mais insuportável do homem lhe parece ser o orgulho: "... quando contemplo um amontoado de deformidades e doenças tanto corporais quanto mentais, tomado de orgulho; isso ultrapassa imediatamente os limites de minha paciência, assim como me será sempre impossível compreender como esse animal e esse vício podem andar juntos". E o viajante cogita de se resignar a viver entre os yahoos que povoam a (…)
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Swift
Jonathan Swift (1667-1745)
Matérias
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Jean Richer – Swift: cavalos, sociedade ideal
6 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
Jean Richer – Swift, Ars Punica
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroEm 1941, um certo Jean Richer, com quem o signatário destas linhas mantém alguns pontos em comum, estava prisioneiro na Alemanha, nas montanhas de Eifel. Era empregado numa fazenda de uma aldeia chamada Weinsheim. Naquela manhã, acabara de limpar o estábulo quando seu patrão da época, um camponês bastante idoso, ressecado pelas intempéries, começou um discurso em seu jargão, acompanhado de gestos eloquentes — várias vezes repetia a palavra Jauche. Logo ficou claro para o "gefang" que se (…)
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Jonathan Swift – advogados
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroDisse: "Havia entre nós uma sociedade de homens, criados desde a juventude na arte de provar, por meio de palavras multiplicadas para o fim, que branco é preto, e preto é branco, conforme são pagos. A essa sociedade todos os demais são escravos. Por exemplo, se meu vizinho cobiça minha vaca, contrata um advogado para provar que deve tirar minha vaca de mim. Devo então contratar outro para defender meu direito, sendo contra todas as regras da lei que alguém possa falar por si mesmo. Agora, (…)
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Jonathan Swift – mentir
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroMeu mestre me ouviu com grande aparência de inquietação no semblante; pois duvidar ou não acreditar são coisas tão pouco conhecidas neste país, que os habitantes não sabem como se comportar em tais circunstâncias. E lembro-me de que, em frequentes diálogos com meu mestre sobre a natureza da humanidade em outras partes do mundo, tendo ocasião de falar sobre mentiras e falsas representações, foi com grande dificuldade que ele compreendeu o que eu queria dizer, embora tivesse, de outro modo, um (…)
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Nussbaum – Jonathan Swift
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO satirista do século XVIII Jonathan Swift, obcecado pelo nojo em grande parte de sua obra, sugere repetidamente que a sociedade humana é um conjunto frágil de estratagemas para esconder os fluidos e odores repugnantes que há dentro dela. Assim, Gulliver é bem recebido pelos limpos e belos Houyhnhnms, semelhantes a cavalos, apenas porque usa roupas, e seus anfitriões presumem que essas coberturas limpas fazem parte de seu corpo. Os Yahoos, humanos nus, causam repulsa a eles e, eventualmente, (…)
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Jean Richer – Swift, houyhnhnm = cavalo?
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroSomos agora conduzidos a nos perguntar o que significa a palavra houyhnhnm que designa o cavalo em Swift.
Se estabelecermos a lista das palavras da língua houyhnhnm figurando na quarta viagem de Gulliver, chegamos bastante rápido à conclusão de que, como já assinalado, os cavalos falam uma língua germânica, mais próxima ainda do inglês que do alemão, com a adição de um número suficiente de agrupamentos yl, hl, hn, hm, para dar ao seu léxico o aspecto relinchante e a pronúncia equina (…) -
Jean Richer – Swift, obra destinada a mortificar e reformar os adultos
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroMuitas vezes surpreende-se ao constatar que Gulliver, que no espírito de seu autor era uma obra destinada a mortificar e reformar os adultos, hoje em dia é lido quase somente por crianças, e isso em edições expurgadas e incompletas que não deixam subsistir grande coisa das intenções de Swift. Não temos de pesquisar aqui todas as razões desse fato, permitir-nos-emos todavia notar primeiro que a desmedida, o excesso no ataque dos vícios e dos defeitos humanos davam à crítica swiftiana um (…)
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Jean Richer – Swift: homo - man - mens - houyhnhnm
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroI. M. Emile Pons, na edição das Œuvres de Jonathan Swift publicada na Bibliothèque de la Pléiade em 1965, forneceu um « Glossaire des langues gullivériennes ». Adotou a equivalência Houyhnhnm / Homo, mas, curiosamente, tanto nesse léxico quanto em um artigo publicado em 1964 (Em: Connaissance de l’Etranger, Mélanges offerts à la mémoire de J.-M. Carré, P. Didier, 1964: « Gulliver ou l’utopie-bouffe », pp. 429-439) recusou a correspondência Jauche / Yahoo, chegando a escrever: « Em que o purê (…)