A tradição da hospitalidade, mesmo após várias gerações, prevalece sobre a cegueira da luta:
Assim, sou para você um hóspede estimado em Argos... Evite as lanças um do outro, mesmo na confusão.
O amor do filho pelos pais, do pai, da mãe pelo filho, é constantemente indicado de uma forma tão breve quanto comovente:
Ela respondeu, Tétis, derramando lágrimas: “Você nasceu para uma vida curta, meu filho, como você fala... ”
Da mesma forma, o amor fraternal:
Meus três irmãos, que uma (…)
Página inicial > Palavras-chave > Autores e Obras > Simone Weil
Simone Weil
Simone Weil (1909-1943)
Matérias
-
Simone Weil: Amor
24 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro -
Simone Weil: Morte
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroO que importa Helena para Ulisses? O que importa Troia, cheia de riquezas que não compensam a ruína de Ítaca? Troia e Helena importam apenas como causas do sangue e das lágrimas dos gregos; é dominando-as que se pode dominar as memórias terríveis. A alma que a existência de um inimigo obrigou a destruir em si mesma o que a natureza havia colocado nela acredita que só pode se curar com a destruição do inimigo. Ao mesmo tempo, a morte de companheiros queridos suscita uma sombria emulação para (…)
-
Simone Weil: Miséria do Homem
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroNunca se expressou com tanta amargura a miséria do homem, que o torna incapaz de sentir sua própria miséria.
A força exercida por outrem é imperiosa sobre a alma como a fome extrema, desde que consista em um poder perpétuo de vida e morte. E é um império tão frio e duro como se fosse exercido pela matéria inerte. O homem que se encontra em toda parte como o mais fraco está no coração das cidades tão sozinho, mais sozinho do que pode estar o homem perdido no meio de um deserto.
Dois (…) -
Simone Weil: Destino
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroPor ser cego, o destino estabelece uma espécie de justiça, também cega, que pune os homens armados com a pena do talion; a Ilíada formulou-a muito antes do Evangelho, e quase nos mesmos termos:
Ares é justo e mata aqueles que matam.
Se todos estão destinados, ao nascer, a sofrer violência, essa é uma verdade à qual o império das circunstâncias fecha as mentes dos homens. O forte nunca é absolutamente forte, nem o fraco absolutamente fraco, mas ambos ignoram isso. Eles não se consideram (…) -
Simone Weil: Guerra
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroO curso da guerra, na Ilíada, consiste apenas nesse jogo de balanço. O vencedor do momento se sente invencível, mesmo que algumas horas antes tenha sofrido uma derrota; ele se esquece de usar a vitória como algo passageiro. No final do primeiro dia de combate narrado na Ilíada, os gregos vitoriosos poderiam, sem dúvida, obter o objeto de seus esforços, ou seja, Helena e suas riquezas; pelo menos se supusermos, como faz Homero, que o exército grego tinha razão em acreditar que Helena estava (…)
-
Simone Weil: A Força na Ilíada
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroA tradução das passagens citadas é nova. Cada linha traduz um verso grego, os rejeitos e enjambements são reproduzidos escrupulosamente; a ordem das palavras gregas dentro de cada verso é respeitada tanto quanto possível. (Nota de S. Weil.)
O verdadeiro herói, o verdadeiro tema, o centro da Ilíada, é a força. A força que é manejada pelos homens, a força que subjuga os homens, a força diante da qual a carne dos homens se retrai. A alma humana não deixa de aparecer modificada por suas (…) -
Simone Weil: Sombra da infelicidade humana
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroToda a Ilíada está sob a sombra da maior desgraça que existe entre os homens: a destruição de uma cidade. Essa desgraça não pareceria mais dolorosa se o poeta tivesse nascido em Troia. Mas o tom não é diferente quando se trata dos aqueus que perecem longe da pátria.
As breves evocações do mundo da paz são dolorosas, tanto quanto essa outra vida, a vida dos vivos, parece calma e plena:
Enquanto era madrugada e o dia amanhecia, De ambos os lados os dardos voavam, os homens caíam. Mas na (…) -
Cristina Mazzoni: A Bela e a Fera, em Weil e Campo
24 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### Hermenêutica Literária e a Leitura Espiritual de Narrativas Populares
* A análise de textos literários e espirituais frequentemente incorre no que se pode denominar, apropriando-se de um termo familiar, uma deformação profissional, onde a crítica literária, habituada à exegese, tende a interpretar e por vezes sobreinterpretar narrativas, encontrando paralelos místicos mesmo em obras da cultura popular contemporânea, como a saga de vampiros de Stephenie Meyer, onde a relação entre a (…) -
Françoise Bonardel (1993) – A Alquimia da Recondução à Terra
24 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro* A consideração inicial da “terra gasta” do Extremo-Ocidente como uma matéria particularmente fértil, apta a ser trabalhada na "Obra em Negro" em um tempo destituído de história, não implica que a alquimia possa transmutá-la prontamente em uma Terra celeste dotada de certezas angélicas, como a Hurqalya descrita por H. Corbin, que afirmou que qualquer filosofia que negligencie o sentido do mundo imaginal perde o acesso aos eventos que nele ocorrem, tornando-se presa de pseudodilemas, como o (…)
-
Simone Weil: Confronto com a morte
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroUm homem desarmado e nu, contra quem uma arma está apontada, torna-se um cadáver antes mesmo de ser atingido. Por mais um momento, ele pensa, age, espera:
Ele pensava, imóvel. O outro se aproxima, tomado pela ansiedade, ansioso por tocar seus joelhos. Ele desejava em seu coração escapar da morte cruel, do destino sombrio... E com um braço ele abraçava seus joelhos para implorar, Com o outro ele segurava a lança afiada sem soltá-la...
Mas logo ele compreendeu que a arma não se desviaria (…)