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René Daumal – Carta a si mesmo

Busco a verdade  , portanto não a conheço. Como posso então dizer que desejo alcançá-la? Na verdade, não tenho o direito de afirmar nada   sobre a verdade, nem mesmo que ela é desejável. Mas sofro, tenho medo e duvido, quero saber por quê, quero me libertar, quero compreender... Não se pode querer dormir  . Se quero, é sempre antes permanecer acordado, ou melhor, despertar   sem cessar. Ao despertar, constato que sofro, que mudo, que sou diverso, que não compreendo nada; e quanto mais desperto, mais me torno um   infeliz, um covarde, um imbecil. Quanto mais desperto, mais desejo me transformar e mais valor atribuirei a essa Verdade da qual nada sei, que para mim apenas expressa a absurda negação   de minha presente decadência.


Ver online : DAUMAL, René. Poésie noire et poésie blanche. Paris: Éd. Voix D’Encre, 2015


Trecho de uma página inédita de René Daumal publicada por Henri Hell na revista Fontaine nº 52 (1946).

DAUMAL, René. Poésie noire et poésie blanche. Paris: Éd. Voix D’Encre, 2015