KKEleusis
[...] Em Elêusis, a divindade dos Mistérios—primeiro seleciono essa forma geral de expressão, indeterminada em número e gênero—era conhecida pelo público como "as duas divindades", uma forma dual que pode significar tanto "os dois deuses" quanto "as duas deusas". Pessoas de grande piedade continuaram a usar essa designação indefinida muito tempo após o período clássico. Todos sabiam que as duas divindades eram deusas. Para o público, a ênfase recaía mais sobre o aspecto dual. (…)
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Mitos, Lendas, Fábulas
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Kerenyi (Eleusis) – Duas deusas
20 de maio, por Murilo Cardoso de Castro -
Kerenyi (Eleusis) – Nenhum drama era apresentado em Elêusis
20 de maio, por Murilo Cardoso de CastroKKEleusis
O verdadeiro segredo, o arrheton de Elêusis, estava ligado à deusa Perséfone—de fato, ela, a arrhetos koura, a "donzela inefável", a única entre todos os seres divinos a receber esse epíteto na tradição, era o próprio segredo. Isso só se torna compreensível à medida que penetramos no núcleo dos Mistérios. O segredo estava cercado por muitos outros pequenos segredos sobre os quais não se podia falar. E todos esses elementos secretos estavam inseridos em uma estrutura de relatos (…) -
Cristina Campo – Desgraça
17 de maio, por Murilo Cardoso de CastroCCampo1987
É uma descoberta que poucos fazem e talvez seja a única pedra angular sobre a qual podemos apoiar os pés. O reino do sofrimento humano poderia ser dividido entre a desgraça da mão direita e a desgraça da mão esquerda. Os antigos conheciam essas metáforas sagradas, além das quais não há definição possível. A desgraça da mão direita reside na desgraça da mão esquerda, como uma ferida de arma branca está no abraço das areias movediças, na morte por sede no deserto.
A pobreza, o (…) -
Cristina Campo – Conto de fada, matéria prima
17 de maio, por Murilo Cardoso de CastroCCampo1987
Sindbad o disse: um conto só opera sobre a matéria-prima da existência, seu campo alquímico natural. É o mistério do caráter – sejam os humores, as estrelas, a herança atávica de outro conto – que até o fim conserva seus traços e só através da repetição dos mesmos erros, do sofrimento das mesmas derrotas, alcança a metamorfose.
De que encantadoras ambiguidades às vezes se sugere esse traço. Ao príncipe caçula, o último dos nove cisnes encantados, a túnica de urtigas que deve (…) -
Cristina Campo – Conto de fada, imponderável
17 de maio, por Murilo Cardoso de CastroCCampo1987
Como os evangelhos, o conto de fada é uma agulha de ouro, suspensa por um norte oscilante, imponderável, sempre inclinado de modo diverso, como o mastro de um navio em mar revolto.
Oferece a cada momento a escolha – mas uma escolha velada por véus sempre diferentes – entre simplicidade e sabedoria, dureza e suavidade, memória e esquecimento salutar. Um vence porque, num país de crédulos e intrigantes, foi desconfiado e reservado; outro porque se entregou infantilmente ao (…) -
Cristina Campo – Caminho do conto de fadas
17 de maio, por Murilo Cardoso de CastroCCampo1987
O caminho do conto de fadas começa sem esperança terrena. O impossível é imediatamente figurado pela montanha, e para simplesmente decidir enfrentá-la é necessário um sentimento que funcione como um ponto arquimédico fora do mundo. “Qualquer coisa, contanto que salve minha mãe”, é a fórmula simbólica que abre a porta para a quarta dimensão. Ela realiza aquilo que um místico disse sobre a oração: arranca, por assim dizer, a montanha de sua base, virando-a sobre seu topo. A partir (…) -
Cristina Campo – Rosa
17 de maio, por Murilo Cardoso de CastroCCampo1987
Acusar os fabulistas franceses de frivolidade por enfeitarem suas fadas com plumas de avestruz significa "ter visão, mas não percepção". Era justamente essa percepção que uma Madame d’Aulnoy possuía, captando nas vozes do povo os mistérios mais delicados, quase sem se dar conta, como em um sonho, tal como se colhe um trevo-de-quatro-folhas num campo. (Não assim os irmãos Grimm, que, explorando metodicamente folclore folha por folha, encontraram muitos também, mas no meio de uma (…) -
Milloué (1905) – Shiva
14 de maio, por Murilo Cardoso de CastroMilloué1905 Shiva: O Novo e Enigmático Deus
Shiva é um recente na mitologia brâmane, aparecendo tardiamente nos textos. Alguns estudiosos sugerem que ele possa ter origem dravidiana (pré-ariana), baseando-se em:
Seu caráter vingativo e cruel em muitas lendas.
Sacrifícios sangrentos em seu culto.
Associação com divindades femininas e práticas consideradas "selvagens" para o padrão védico.
No entanto, seu papel como destruidor também se encaixa na tríade cósmica (…) -
Milloué (1905) – Avatares
14 de maio, por Murilo Cardoso de CastroMilloué1905
Estas encarnações, chamadas Avatares, variam frequentemente em nomes, número e detalhes conforme a intenção ou imaginação dos autores dos relatos. No entanto, o Bhagavata Purana, considerado a autoridade no assunto, lista vinte e dois Avatares, enquanto os tratados ortodoxos geralmente mencionam apenas dez principais:
Matsya (Peixe)
Salvou Manu Vaivasvata do dilúvio.
Um peixe pequeno, que cresceu até tamanho colossal, guiou o barco de Manu ao Himalaia.
Após o dilúvio, (…) -
Milloué (1905) – Vishnu: Deus Benevolente e Protetor
14 de maio, por Murilo Cardoso de CastroMilloué1905
Vishnu surge como o deus bom, preservador e protetor da criação, essencialmente benevolente. Sua ira só se manifesta contra inimigos dos deuses e da humanidade — demônios, tiranos ou ímpios. Ele parece ter herdado os principais atributos e funções de Indra como protetor dos áryas, uma conexão que se justifica pelo papel de aliado e alter ego que lhe é atribuído em alguns hinos do Rigveda.
O Caráter de Vishnu na Literatura Posterior
Nos textos brâmanes e hindus, Vishnu se (…)