Scapolo2018
Haec vera sunt quia signa habeo – o impossível Swedenborg?
O cerne do breve mas denso ensaio de Paul Valéry dedicado a Emanuel Swedenborg, escrito nos primeiros meses de 1936 como prefácio à tradução francesa da monografia de M. Martin Lamm, diz respeito especificamente à relação entre o real e seu possível conhecimento, um dos temas centrais do pensamento do pai de Monsieur Teste. A grande e fundamental questão que ocupou Valéry em sua atividade especulativa desde os vinte e (…)
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Crítica Literária
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Sobre o ensaio "Swedenborg" de Valéry
15 de abril, por Murilo Cardoso de Castro -
O "Espiritual" de Swedenborg (Valéry)
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroNo caso que nos ocupa, Espiritual é uma palavra-chave, uma palavra cujo significado é uma ressonância. Ela não orienta o espírito para um objeto de pensamento, mas faz vacilar todo um setor afetivo e imaginativo reservado. Responde à necessidade de expressar que o que se diz não tem sua conclusão nem seu valor no que se vê; e, além disso, que o que se pensa não tem sua conclusão nem seu valor no que pode ser pensado. É um sinal que, sob forma de epíteto, nos sugere reduzir à condição de (…)
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O livro de M. Martin Lamm sobre Swedenborg (Valéry)
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroNo entanto, o livro que acabo de ler propõe ao pensamento um Swedenborg completamente diverso. A ideia vaga e hoffmaniana que minha ignorância formara dele mudou-se na de uma figura não menos enigmática, mas precisa - potentemente interessante, cuja história intelectual suscita uma quantidade de problemas de primeira importância no âmbito da psicologia do conhecimento.
Li a obra de M. Martin Lamm com um apego crescente; via desenhar-se, de capítulo em capítulo, o extraordinário Romance de (…) -
Os Cahiers carregam originalidade do viés anti-filosófico de Valéry
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroSignorile1993
A criação abre o caminho para o conhecimento, porque o conhecimento está ligado ao aprendizado sobre a ação e suas obras. Essa posição é suficiente para justificar a relevância filosófica dos Cahiers. Ela permite, inclusive, explicar as variações destes últimos, ao sabor das consequências e das discussões em meio às quais eles se desenvolvem. De fato, Valéry nunca define sua filosofia mais claramente do que nos momentos em que rejeita toda filosofia. Quando ele reflete sobre (…) -
A aparente desordem dos Cahiers de Valéry
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroSignorile1993
A aparente desordem e a repetição temática [nos Cahiers de Valéry] são inicialmente desconcertantes, ainda mais porque essa é uma filosofia profundamente racionalista e móvel. A todo momento, o leitor é convidado a traçar um paralelo entre o racionalismo de Descartes e o evolucionismo de Bergson.
Mas se, em ambos, Valéry considera a Razão o princípio e o movimento o instrumento, as observações relacionadas a construir, fazer e criar dão o tom da filosofia de Valéry, além de (…) -
Unidade da filosofia de Valéry
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroSignorile1993
A unidade da filosofia de Valéry não é imediatamente óbvia. A profusão e a aparente desarticulação dos Cahiers, bem como a recusa do autor em explicitar publicamente os principais princípios filosóficos de seu pensamento, são duas razões para isso.
De fato, a impressão de desordem que surge ao entrar em contato com esse corpus está correlacionada com a escrita fragmentária e os múltiplos temas abordados. Por outro lado, sua pesquisa e seu jízo voluntariamente crítico, por (…) -
Goethe – Fausto e Helena
1º de abril, por Murilo Cardoso de Castro(Hadot2018)
“Então o espírito não olha nem para frente, nem para trás. Só o presente é nossa felicidade”. Quando, no Fausto II, o herói de Goethe pronuncia essas palavras, parece haver alcançado o ponto culminante de sua “busca da mais elevada existência”. A seu lado, no trono que fez erguerem para ela, está sentada Helena, aquela cuja beleza esplêndida ele entreviu no espelho da cozinha da feiticeira, aquela que, para entreter o Imperador, ele evocou no primeiro ato, após uma assustadora (…) -
Goethe, luz irradiada pelas obras-primas
1º de abril, por Murilo Cardoso de Castro(Deghaye2000)
Assim, quando Goethe fala da luz irradiada pelas obras-primas, ele imita uma tradição religiosa. No entanto, os trovões e relâmpagos que acompanham o nascimento de Cristo exigem uma reflexão. Certamente, pode-se simplesmente dizer que houve uma tempestade, o que é verdadeiro, pois Goethe o especifica. Mas essa tempestade não teria um sentido simbólico?
O leitor desavisado pode pensar que essa anotação de Goethe não combina com a tradição religiosa. De fato, o nascimento de (…) -
Goethe, Dichtung und Wahrheit
1º de abril, por Murilo Cardoso de Castro(Deghaye2000)
Ao ler este relato, somos levados a interpretar retrospectivamente a reação de Goethe quando, ainda jovem estudante em Leipzig, ele visitou o museu de Dresden. O discípulo de Friedrich Oeser, que pregava o evangelho do Belo sob a invocação de seu amigo Winckelmann, não deveria se apressar em direção às obras antigas? Pois bem, não. Ele também não foi ver a Madona Sistina, que Winckelmann, apesar de seu "paganismo", muito curiosamente considerava como a obra-prima da imitação (…) -
Goethe, Viagem à Itália
1º de abril, por Murilo Cardoso de Castro(Deghaye2000)
Em Viagem à Itália, Goethe frequentemente se expressa como os místicos. Os espirituais cristãos atribuem grande importância à noção de segunda-nascença. Encontramos essa ideia nos escritos de Goethe, que repete o termo com demasiada predileção para não lhe atribuir certa realidade. Qual seria? Certamente não é a mesma de um tratado de teologia mística, mas, em um plano diferente, podemos aceitar uma equivalência. Goethe sente forças vivas atuando na raiz de sua personalidade, (…)