CanteinsD
O segundo ponto é a qualidade de "Poema Sacro" da Divina Comédia. A expressão é do próprio Dante, que a emprega duas vezes no Paraíso. A raridade e a exclusividade desse uso são significativas: à medida que desenvolvia sua obra, Dante tomou consciência mais precisa da natureza do texto que estava criando e comunicou isso ocasionalmente. Isso poderia justificar a surpreendente e suspeita ausência da expressão na Epístola a Can Grande della Scala, Senhor de Verona. Aqueles que (…)
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Crítica Literária
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"Poema Sacro" da Divina Comédia (Dante, Canteins)
19 de abril, por Murilo Cardoso de Castro -
Interferência entre a vida terrena de Dante e sua Peregrinação no Além. (Canteins)
19 de abril, por Murilo Cardoso de CastroCanteinsD
Quando, na véspera da Sexta-Feira Santa do ano 1300, Dante está prestes a empreender sua extraordinária viagem, ele está no meio de sua vida: prestes a completar trinta e cinco anos. Ele próprio estima, no Convivio (IV. xxiii e especialmente IV. xxiv.1-4), que a duração da vida humana é de setenta anos (o excedente, até oitenta e um anos, além da velhice, sendo fortemente variável e incerto), de forma que, nascido no final de maio de 1265, ele poderia, segundo essa norma, prever (…) -
Dante faz de uma peregrinação, uma revelação (Canteins)
19 de abril, por Murilo Cardoso de CastroCanteinsD
Tendo se proposto a explicar sua concepção da vida após a morte por meio de uma peregrinação sobrenatural sucessivamente pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, Dante se viu obrigado a lidar com várias noções que a Igreja define como Mistérios, ou seja, verdades que, embora inacessíveis à razão, derivam essencialmente da revelação divina. Dante foi confrontado, em particular, com os três principais mistérios do cristianismo: Redenção, Trindade e Encarnação, e nosso estudo se (…) -
Dante justifica o título [Divina] Comédia (Canteins)
19 de abril, por Murilo Cardoso de CastroCanteinsD
Na Epístola XIII a Can Grande délia Scala, Dante justifica o título [Divina] Comédia pelo fato de que o final é feliz, enquanto o início não é. Portanto, foi com base no final de sua Peregrinação que Dante pôde dar esse título ao seu poema. Se, como ele mesmo diz, o início é trágico, então foi necessária uma série de reviravoltas da sorte para mudar para melhor o que havia começado tão mal. É isso que vemos, portanto, podemos definir a Peregrinação como uma série de reviravoltas (…) -
"Considerai a doutrina que se oculta sob o véu de versos insólitos" (Dante, Canteins)
19 de abril, por Murilo Cardoso de CastroCanteinsD
Essa reserva em relação ao esoterismo não impede a consideração da "alegoria"; esta é tão inerente ao pensamento e à formulação de Dante que não se pode estudar o Poeta sem constatar seus recursos infinitos e a polissemia resultante, tão propícia a dissuadir os literalistas empedernidos. Encontraremos muitos exemplos ao longo das páginas, mas, previamente, convém identificar as breves passagens que reivindicam ou justificam seu uso: frases-chave lançadas por Dante de passagem, (…) -
"O Idiota" de Dostoiévski (Abellio)
19 de abril, por Murilo Cardoso de CastroAbellioANG
Você estará diante dos eventos convulsivos que marcaram os últimos meses da vida consciente do príncipe Mychkine, o único de seus grandes heróis que Dostoiévski quis absolutamente bom, e que essa bondade levou à loucura. O que é o príncipe Mychkine? Sem dúvida, o lado luminoso do próprio Dostoiévski, cujo Stavróguin de Os Demônios (sem falar nos Karamázov) foi o lado sombrio. Mas veja como Stavróguin supera em prestígio e poder de fascinação, pelo menos aos olhos dos adultos. É (…) -
Problema do assassinato em Dostoiévski (Abellio)
19 de abril, por Murilo Cardoso de CastroAbellioANG
Quando se fala do problema do assassinato em Dostoiévski, é preciso sempre se referir aos diálogos de Aliocha e Ivan Karamázov, onde esses limites da moral são manifestos, mas onde o conhecimento, por sua parte, não aparece. À pureza bíblica de Aliocha, sabe-se que Ivan Karamázov opõe perguntas sem piedade. Para tornar o conjunto dos homens definitivamente felizes, Aliocha aceitaria, se lhe oferecessem essa troca, ver torturar uma criança? Uma só criança contra toda a (…) -
"O Adolescente" de Dostoiévski (Abellio)
19 de abril, por Murilo Cardoso de CastroAbellioANG
Dos cinco grandes romances de Dostoiévski, este é o menos conhecido, aquele cujas riquezas são as mais secretas. Entre as duas construções gigantescas de Os Demônios e Os Irmãos Karamazov, e à sua sombra, O Adolescente é como um vasto parque cheio de arbustos e matagais, atravessado por caminhos sinuosos que não levam a lugar algum. Através da folhagem densa, adivinha-se, por toda parte, a presença erguida para o céu dos dois edifícios prodigiosos, e O Adolescente é esmagado por (…) -
Simbólica do Sonho – Capítulo 1 (parcial) (Schubert)
18 de abril, por Murilo Cardoso de Castro(Schubert1982, as letras em colchetes se referem a notas do autor, ainda não postadas)
No sonho, e já naquele estado de delírio que frequentemente precede o sono, a alma parece falar uma linguagem completamente diferente da habitual. Certos objetos da natureza, certas propriedades das coisas repentinamente designam pessoas e, inversamente, tal qualidade ou ação se apresenta a nós sob forma de pessoa. Enquanto a alma fala essa linguagem, suas ideias estão submetidas a uma outra lei de (…) -
Schubert, influências de Swedenborg e Baader
18 de abril, por Murilo Cardoso de CastroApresentação de Patrick Valette (Schubert1982)
Se continuarmos a buscar as influências perceptíveis nessa evocação do mito da queda, a de Swedenborg se impõe claramente, com sua referência ao mundo dos espíritos com os quais o famoso teósofo afirmava estar em contato. Schubert, como vimos, foi introduzido ao modo de pensamento desse homem pelo "padeiro místico" Burger de Nuremberg, e a anedota escolhida ilustra bem essa ideia de queda tal como o autor a expôs — de forma desordenada, mas (…)