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Goethe, Dichtung und Wahrheit
terça-feira 1º de abril de 2025
(Deghaye2000)
Ao ler este relato, somos levados a interpretar retrospectivamente a reação de Goethe Goethe Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) quando, ainda jovem estudante em Leipzig, ele visitou o museu de Dresden. O discípulo de Friedrich Oeser, que pregava o evangelho do Belo sob a invocação de seu amigo Winckelmann, não deveria se apressar em direção às obras antigas? Pois bem, não. Ele também não foi ver a Madona Sistina, que Winckelmann, apesar de seu "paganismo", muito curiosamente considerava como a obra-prima da imitação das obras gregas. Isso não poderia ser indiferença; era uma recusa.
O relato do oitavo livro de Dichtung und Wahrheit é particularmente revelador a esse respeito. Vemos ali o jovem Goethe Goethe Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) entrando nesse museu como em um santuário. Mas por que ele só viu quadros de pintores holandeses? Por que ele não se dirigiu aos testemunhos da escultura antiga? Ele recusou-se a vê-los, segundo suas próprias palavras, assim como tudo o que Dresden oferecia de precioso para contemplar. Ora, o motivo invocado merece nossa reflexão: o jovem neófito tinha a convicção de que muitas coisas ainda deveriam permanecer ocultas para ele.
Para cada grande evento que marca a vida do homem, há um tempo de maturação, que corresponde ao de uma realização. Em Dresden, ainda não havia chegado a hora de trazer ao poeta a revelação da escultura antiga e da pintura de Rafael. Goethe Goethe Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) considera que não está preparado para receber essa revelação. Ele aplica a si mesmo a sabedoria que os esotéricos reivindicam, citando as famosas palavras de Cristo: “Tenho ainda muitas coisas a lhes dizer, mas vocês não podem suportá-las agora.”
Vale notar que na evocação tardia de Dichtung und Wahrheit, a viagem a Dresden é apresentada como uma escapada e prefigura, assim, a partida para a Itália. O jovem Goethe Goethe Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) foge de Leipzig exatamente como o poeta deixará Weimar, ou seja, em segredo. Ele tinha ouvido falar da arte antiga por Oeser, aprendeu muito com o Laocoon de Lessing e sentia um desejo muito intenso de ver grandes obras. Ele decide ir a Dresden, mas, como mais tarde quando parte para a Itália, não diz nada a ninguém. No entanto, há uma diferença crucial em relação à viagem à Itália: em Dresden, ele se recusa a ver as obras que ansiava contemplar.
Resta um mistério que o enche de temor, pois dele emana uma luz que cega. Mas esse mistério também o fascina. É o mistério do homem, da face humana exaltada na obra de arte e sobre a qual resplandece a aura do sagrado.

