Este rico turbilhão intelectual, incluindo o crescente desafio do budismo, inspirou intelectuais (principalmente, mas não apenas brâmanes) a se unirem em uma grande reunião de seus próprios sistemas de conhecimento preservados em textos sânscritos. Os dois grandes épicos sânscritos, o Mahabharata e o Ramayana, foram compostos durante esse longo período entre dois impérios, assim como os textos chamados shastras.
Shastra significa "disciplina", em ambos os sentidos da palavra: "sistema de (…)
Excertos de obras literárias, cênicas e gráficas, além de crítica literária, com foco no imaginal mitográfico, lendário e fantástico.
Matérias mais recentes
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O’Flaherty – Shastra
29 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
O’Flaharty – Redimindo o Kamasutra
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroDuas coisas mudaram minha perspectiva sobre o Kamasutra desde que escrevi alguns dos ensaios iniciais nos quais este livro se baseia.
Primeiro, comecei a reler o Arthashastra de Kautilya para um novo projeto e percebi pela primeira vez o quanto o Kamasutra de Vatsyayana se baseia nele. Essa percepção levou a um novo capítulo, mas também influenciou todas as outras interpretações que tinha do Kamasutra. É surpreendente quantos dos enigmas do Kamasutra se resolvem quando se percebe sua base (…) -
O’Flaherty – Cavalos como invasores
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroA maioria dos povos que entraram na Índia ao longo dos séculos o fizeram a cavalo. Primeiro vieram os povos védicos, antes conhecidos como indo-europeus (mais propriamente, falantes de indo-europeu), que trouxeram seus cavalos de onde não sabemos (provavelmente do Cáucaso), e depois gregos e citas, cavalgando pelos desfiladeiros do noroeste. Esculturas em Sanchi, algumas datadas do segundo século a.C., retratam vários estrangeiros do noroeste—neste caso, principalmente gregos—a cavalo. (…)
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O’Flaherty – Meta-estórias
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroOs mitos não nos contam apenas sobre encontros com o estranho; eles são, eles mesmos, em um plano uma vez destacado, tais encontros para nós. Por meio dessa luta metodológica com os mitos, podemos levantar certas questões básicas de significado humano. O que aprendemos com as histórias que os seres humanos contaram sobre estranhos, animais, deuses e crianças? Podemos aprender muito sobre os outros, e sobre os mitos, a partir de nossos próprios mitos sobre os outros. E podemos aprender ainda (…)
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O’Flaherty – Mito e História
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroIsso nos leva à relação entre mito e história. Minhas ideias sobre isso mudaram em grande parte como resultado da escrita sobre os usos políticos do mito ao longo da história indiana em The Hindus: An Alternative History. E ao mesmo tempo em que eu me aproximava da história, a história se aproximava de mim, à medida que os insights de historiadores pós-modernistas (Collingwood, Hayden White) exerciam uma influência cada vez mais difundida no estudo do mito. (As ideias geralmente chegam aos (…)
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Dauge (Virgile) – O problema da degeneração e reconstituição das elites
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEste problema é um elemento essencial do que se pode chamar de antropologia criacional, na medida em que diz respeito à dinâmica das sociedades e civilizações.
Sobre o papel necessário dos grandes homens e das elites na criação, desenvolvimento, manutenção ou transformação de toda comunidade importante de vida e cultura, os testemunhos são abundantes: os da experiência, os dos filósofos da história, os dos pensadores e poetas. Deixando os primeiros à apreciação do leitor, mencionemos entre (…) -
O’Flaherty – O Mito
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroAtualmente está na moda, nos escritos sobre mitologia, dar grande ênfase à metodologia, frequentemente quase em detrimento do conteúdo. Um livro que aplica a técnica de Claude Lévi-Strauss à mitologia australiana é visto como prova ou refutação das formulações estruturalistas, em vez de fornecer novos insights sobre a mitologia australiana. Importa pouco qual material se escolhe usar, ou quais conclusões se tiram dele, desde que se proceda da maneira correta ou, pelo menos, de forma (…)
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Doniger – Sonhos, ilusão e outras realidades
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEste é um livro sobre mitos, sonhos e ilusão. É sobre as maneiras pelas quais eles se assemelham, as maneiras pelas quais são diferentes e o que cada um ensina sobre a realidade. Transformações de um tipo ou outro estão no cerne dos mitos; Ovidio chamou seu grande compêndio de mitologia grega e romana de Metamorfoses. Transformações são particularmente características dos grandes mitos hindus, e aqui podem parecer assumir formas diferentes: às vezes são consideradas mudanças reais na (…)
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O’Flaherty – estórias sobre estórias
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEste livro trata das estórias que as pessoas contaram sobre outras estórias. Mais precisamente, preocupa-se não tanto com as estórias em si, mas com estórias sobre estórias — metastórias, ou, mais especificamente, metamitos. O que aprendemos com as estórias que contamos e que outros povos contaram sobre as estórias que as pessoas contam? Aprendemos algo especial quando focamos nas próprias estórias, os mitos: pois mitos, narrativas, não são meramente o meio através do qual o conhecimento (…)
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O’Flaherty – Contexto
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroMinhas ideias sobre contexto mudaram como resultado de escrever dois livros que utilizaram o contexto de maneiras novas para mim e de tomar consciência da nova onda de trabalhos bem contextualizados agora sendo realizados por outros estudiosos. Também passei a perceber que abordagens comparativas que subordinam o contexto à morfologia ou a significados compartilhados precisam de uma defesa mais forte diante do movimento contínuo, no campo dos estudos religiosos, contra qualquer coisa que (…)