Últimas notas
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30 de junho
Suassuna (Pedra do Reino) – Bicho Homem e Bicho Mundo
Dizem que, no começo, quando Deus tinha acabado de fazê-lo, o Bicho Homem vinha por uma estrada, quando encontrou o Bicho Mundo e atreveu-se a enfrentá-lo. No meio do combate foi que ele percebeu que, de fato, o Bicho era fêmea, o que tornava a luta perigosa e desigual para o Homem. Mas era (…)
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30 de junho
Suassuna (Pedra do Reino) – somos/estamos todos emparedados
[...] somos/estamos todos emparedados... — É o único nome em torno do qual podemos nos unir. Eu sou “emparedado” porque, segundo vocês, vivo assim, murado entre o enigma e o logogrifo. Clemente, porque vive “agrilhoado entre as paredes do grifo do mundo, entre os elos de ferro do preconceito e (…)
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – não deixa o diabo te pôr sela
O demo, tive raiva dele? Pensei nele? Em vezes. O que era em mim valentia, não pensava; e o que pensava produzia era dúvidas de me-enleios. Repensava, no esfriar do dia. A quando é o do sol entrar, que então até é o dia mesmo, por seu remorso. Ou então, ainda melhor, no madrugal, logo no (…)
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – O sertão não tem janelas nem portas
O sertão não tem janelas nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa… [Guimarães Rosa, GSV]
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – O sertão aceita todos os nomes
Às vezes, penso. Um boneco de capim, vestido com um paletó velho e um chapéu roto, e com os braços de pau abertos em cruz, no arrozal, não é mamolengo? O passoprêto vê e não vem, os passarinhos se piam de distância. Homem, é. O senhor nunca pense em cheio no demo. O mato é dos porcos-do-mato… O (…)
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – Deus é urgente sem pressa
Agora, eu velho, vejo: quando cogito, quando relembro, conheço que naquele tempo eu girava leve demais, e assoprado. Deus deixou. Deus é urgente sem pressa. O sertão é dele. [Guimarães Rosa, GSV]
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30 de junho
Guimarães Rosa (Tutaméia) – a abelha é que é filha do mel
Terra de arroz. Tendo ali vestígios de pré-idade? A menina, mão na boca, manhosos olhos de tinta clara, as pupilas bem pingadas. Só a tratavam de Dja ou Iaí, menininha, de babar em travesseiro. Sua presença não dominava 1/1.000 do ambiente. De ser, se inventava: — “Maria Euzinha...” — voz menor (…)
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – norteado
Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era uma só coisa — a inteira — cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver — e essa pauta cada um (…)
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – A gente vive não é caminhando de costas?
A gente vive não é caminhando de costas? Rezo. O que é, o que é: existível como fundo d’água. [Guimarães Rosa, GSV]
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – coragem
Que: coragem — é o que o coração bate; se não, bate falso. Travessia — do sertão — a toda travessia. [Guimarães Rosa, GSV]