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O’Flaherty – estórias sobre estórias
domingo 29 de junho de 2025
Este livro trata das estórias que as pessoas contaram sobre outras estórias. Mais precisamente, preocupa-se não tanto com as estórias em si, mas com estórias sobre estórias — metastórias, ou, mais especificamente, metamitos. O que aprendemos com as estórias que contamos e que outros povos contaram sobre as estórias que as pessoas contam? Aprendemos algo especial quando focamos nas próprias estórias, os mitos: pois mitos, narrativas, não são meramente o meio através do qual o conhecimento sobre os outros é transmitido. Os próprios mitos são objetos a serem conhecidos; o meio dos mitos é em certo sentido a mensagem. Os mitos tratam das experiências e eventos humanos que todos compartilhamos — nascimento, amor, ódio, morte — e uma dessas experiências ou eventos é a narração de estórias. Contar estórias é um dos poucos laços humanos verdadeiramente universais; pessoas de todos os tempos e lugares sentaram-se à noite para contar estórias. Juntar palavras para reproduzir eventos que engajam as emoções do ouvinte é certamente uma forma de arte que está entre as grandes experiências humanas.
Martin Buber conta uma boa estória sobre contar uma boa estória:
Um rabino, cujo avô havia sido discípulo do Baal Shem, foi convidado a contar uma estória. "Uma estória", disse ele, "deve ser contada de forma que constitua ajuda em si mesma." E contou: "Meu avô era coxo. Certa vez pediram-lhe que contasse uma estória sobre seu mestre. E ele relatou como o sagrado Baal Shem costumava pular e dançar enquanto rezava. Meu avô levantou-se enquanto falava, e ficou tão transportado por sua estória que ele mesmo começou a pular e dançar para mostrar como o mestre fazia. A partir daquela hora ficou curado de sua deficiência. Essa é a maneira de contar uma estória!"

