A. - 1) A estrutura: não se contam mais as fantasias brilhantes ou divertidas executadas sobre o tema do soneto chamado das Vogais. Etiemble, no número de abril-junho de 1939 da Revista de Literatura Comparada, enumerou as mais características.
Segundo nós, o soneto constitui o "breviário" da arte rimbaudiana e de sua mística, o resumo de um vasto sistema simbólico organizando sobre o esquema de uma vida humana - ou cósmica - concebida em cinco categorias, uma repartição lógica e (…)
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poesia
Matérias
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Gengoux: A Grande Obra de Rimbaud (2)
10 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
René Daumal – Contra-Céu VI
1º de julho, por Murilo Cardoso de Castrotradução
Não cesse de recuar para trás de ti mesmo, E daí contemple: O puro NÃO que se impregnou de nomes de deuses, viu borbulhar o mundo em veste de bolhas: ele projetou, evocou esta natureza, ele viu, conheceu esta natureza, ele amou esta natureza. Aqui a loucura conserva sempre o segredo da Reversão do Mistério.
A verdadeira causalidade é a criação consciente, integral, do efeito pela causa. Isto que é conscientidade e causa ao mesmo tempo, é o ato negador pelo qual se apreende o (…) -
René Daumal – Aproximação da arte poética hindu
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroUm dia aprendi diretamente que todos esses livros só me haviam oferecido planos fragmentários do palácio. O primeiro conhecimento a adquirir, doloroso e real, era o da minha prisão. A primeira realidade a experimentar era a da minha ignorância, da minha vaidade, da minha preguiça, de tudo o que me prende à prisão. E quando novamente olhei as imagens desses tesouros que, pela via dos livros e do intelecto, a Índia me enviara, vi por que essas mensagens nos permanecem incompreendidas.
Vamos (…) -
Albert-Marie Schmidt : Alta ciência e poesia francesa no século XVI (3)
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroOriginal
##### A Predestinação Saturnina e a Sensibilidade aos Intersignos
* Ronsard, cuja existência se desenrola sob a pesada influência de Saturno, manifesta desde a infância dons mediúnicos excepcionais que o tornam arisco, desconfiado, triste e melancólico, predispondo-o a respirar o perfume musical das solidões e a provocar continuamente o aparecimento de intersignos, independentemente do ambiente em que se encontre. Movido por uma ambição de descobrir os segredos da Natureza e (…) -
Gengoux: A Grande Obra de Rimbaud (3)
10 de julho, por Murilo Cardoso de CastroB. - Aplicações: 1) A carta do vidente: Depois da morte da vida grega, vida harmoniosa, teria havido, segundo Rimbaud, cinco grandes períodos literários, que não são de fato senão o reflexo poético de cinco "momentos" do devir, as cinco fases de uma dialética histórica (é evidentemente nós que atribuímos a cada categoria a vogal que lhe corresponde de fato).
[A] de Ênio a Teoduldo.
[E] De Teoduldo a Casimir Delavigne, onde tudo é prosa rimada, um jogo, afrouxamento e glória de (…) -
Robert Amadou – literatura e ocultismo
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroA mais eficaz das chaves de que dispomos para decifrar o universo é provavelmente a poesia, em sentido amplo a poesia dos poemas, mas também a que se difunde sobre as modas de expressão. Desde o momento em que uma literatura ultrapassa a totalidade dos modos de expressão, se carrega em determinada medida de poesia e se preocupa então em iluminar determinadas relações existentes entre as coisas, as relações mútuas dos homens, a situação dos entes e sobretudo a dos homens no conjunto de um (…)
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Albert-Marie Schmidt : Alta ciência e poesia francesa no século XVI (6)
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroOriginal
##### A Atitude Poética e Histórica Perante a Alquimia
* Excetuando-se talvez a figura de Belleau, observa-se que os escritores cujas intuições cósmicas foram analisadas parecem nunca ter considerado as teses da alquimia com a seriedade que lhes seria devida, tendo provavelmente sorrido à leitura das novelas de Bonaventure Des Periers, o qual ora faz equívocos propositais com a palavra alquimia, ora compara seus adeptos àquela camponesa imprudente das fábulas de La Fontaine, (…) -
Albert-Marie Schmidt : Alta ciência e poesia francesa no século XVI (5)
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroOriginal
A cabala pouco seduziu os poetas cuja gnose se tentou, até aqui, expor.
Scève conhece evidentemente sua teodiceia. Mas dela toma emprestados poucos traços, embora, pintando no fim do Microcosme o homem chegado ao último período de seu desenvolvimento, o mostre Atestando, ao numerar, o número do número. Ronsard não ignora nada das especulações aventureiras de Guillaume Postel, o maior dos cabalistas ocidentais, o continuador genial de Pico della Mirandola e de Reuchlin. Mas as (…) -
René Daumal – Aproximação da arte poética hindu (2)
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEspero ter mostrado por estas notas que a poesia, para os Hindus, se não é senão um meio a serviço do conhecimento, é também uma das mais altas atividades que o homem possa exercer. «O estado de homem é difícil de alcançar neste mundo, e o conhecimento então é muito difícil de alcançar. O estado de poeta é difícil então de alcançar, e a potência criadora é então muito difícil de alcançar .» A operação poética — da qual a gustação poética é o reflexo — é um verdadeiro trabalho do poeta, não (…)
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René Daumal – A imagem poética
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroAlguns pensadores, compreendendo que a fórmula didática arriscava ser tomada por um fim em si mesma e podia assim suprimir a verdadeira pesquisa, puderam prevenir esse erro fazendo do invólucro de seu pensamento uma coisa finita mas não final; um fim, não absolutamente em si, mas um fim no sentido em que a escolástica fala de "fins intermediários"; em outras palavras, fizeram obras de arte; já que limitamos nosso estudo à expressão verbal, eles se tornaram literatos; e os maiores entre eles, (…)
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Albert-Marie Schmidt : Alta ciência e poesia francesa no século XVI (4)
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroOriginal
Viu-se, por uma citação precedente, como Ronsard reporta à ação da “Alma do Mundo” a formação das pedras preciosas nas entranhas da terra. Assim dirige um encorajamento discreto a seu amigo Belleau. Este último, nessa data (1561), já prepara seus Amours et nouveaux Echanges des Pierres précieuses. Poeta demasiado escrupuloso, só os entrega à impressão em 1576.
Hoje não se vê mais, nesse encantador recueil de fábulas lapidárias, senão um divertimento retórico, o testemunho de (…) -
Conhecimento poético (Abellio)
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroCostuma-se indicar que a gnose possui seu instrumento próprio, que é o raciocínio por analogia: a interdependência universal resultaria assim de aproximações qualitativas (enquanto as da ciência são quantitativas), e a percepção das analogias, ao estabelecer correspondências entre os diferentes "níveis" da realidade, tenderia a destacar focos de sentido chamados "símbolos", dos quais irradiariam expressões diversas da grande unidade.
Este é de fato o modo mais simples da constituição da (…) -
Jean Richer – O. V. de L. Milosz
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroExiste na literatura francesa do século XIX e início do XX uma constelação de poetas, que poderiam ser chamados de grandes poetas saturnianos: não ousamos incluir Hugo, que dificilmente se enquadra em um molde, pois transcende todos — mas esse grupo certamente inclui Nerval, Baudelaire, Verlaine e Milosz. Todos são profundamente marcados por uma melancolia, que não é apenas a tradução de uma moda, mas assume um caráter visceral. Se realizarmos um estudo comparado de suas carreiras humanas e (…)
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Melville – Mardi, o filósofo Babbalanja (Krell)
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroSe Babbalanja antecipa o ensaio sobre a verdade de Heidegger, o próprio Melville antecipa de tantas maneiras, e em tantos momentos, Nietzsche. Por exemplo, o Nietzsche da gaia ciência. O narrador de Mardi, envolvendo a descrença em uma crença mais ampla e generosa, reflete sobre a vida após a morte dos peixes e a possibilidade de um céu para baleias, uma reflexão que não considera ingênua:
Pois, não parece um tanto irracional imaginar que exista qualquer criatura, peixe, carne ou ave, tão (…) -
Abbagnano – poesia
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro(gr. poiesis; lat. poesia; in. Poetry; fr. Poésie; al. Dichtung; it. Poesia).
Forma definida da expressão linguística, que tem como condição essencial o ritmo. Podem-se distinguir três concepções fundamentais: 1) a poesia como estímulo ou participação emotiva; 2) a poesia como verdade; 3) a poesia enquanto modo privilegiado de expressão linguística.
1) A concepção de poesia como estímulo emotivo foi exposta pela primeira vez por Platão: "A parte da alma que, em nossas desgraças pessoais, (…) -
Eudoro de Sousa – poeta
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEu não sei como um poeta procede, porque nunca fui poeta. Mas creio não andar muito longe de adivinhar o que ele faz dizendo que ele nada faz (não obstante a etimologia!) além da imitação, da mímica, do arremedo, em palavras, sons, cores e volumes de uma Fulguração Ofuscante do Ser, que subitamente se abrindo, nos permite que vejamos um aspecto seu, refletido no espelho embaciado do mundo natural e humano. Esse aspecto (98) rofletido, o poeta o mostra como sabe e pode. O artista não é a (…)
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Albert-Marie Schmidt : Alta ciência e poesia francesa no século XVI (1)
24 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroOriginal
O presente ensaio trata principalmente da influência das doutrinas esotéricas sobre a noção do mundo ilustrada por vários poetas do Renascimento francês. No entanto, não pode ser considerado uma contribuição para a história do “ocultismo”.
É verdade que Cornelius Agrippa, já na primeira metade do século XVI, popularizou, com uma indelicadeza lamentável, o termo “filosofia oculta”. Mas os escritores que chamarão nossa atenção, embora seguissem as lições de certas sabedorias (…) -
Quintana: O velho e o acaso
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO velho mendigo que neste momento acaba de encontrar num monte de sucata a lâmpada de Aladino — tão amassada, tão enferrujada e de feitio tão esquisito — eis que ele a abandona e leva em vez dela uma útil chaleira. Uma chaleira sem tampa, digo eu, para os que gostam de pormenores. E não é esta a primeira vez que o acaso, inocentemente, assim estraga uma bela história.
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Gengoux: A Grande Obra de Rimbaud (1)
10 de julho, por Murilo Cardoso de CastroOs platonizantes lembram do renovo que a introdução do ponto de vista dialético produziu na exegese do Banquete. Brochard, no início deste século, e, mais recentemente, com maestria incomparável, Robin, negavam que os discursos anteriores ao de Sócrates representassem o pensamento de Platão. Cada conviva exprimava, à sua maneira e num estilo particular, sua concepção pessoal do amor, concepção mais parcial ou mais "bela", que "verdadeira".
Esta descoberta, que precisava a atitude real do (…) -
L’hermétique pensée des arts
20 de agosto de 2011, por Murilo Cardoso de CastroExtrait de JOSÉ BERGAMÍN, L’IMPORTANCE DU DÉMON...
La raison que divinisèrent les Grecs jouait sur plusieurs faces parce qu’elle ne pouvait jouer à croix-pile. L’une de ces faces s’appelait Orphée, une autre Hermès. Les arts poétiques - la poésie, la musique, la peinture... - ont une raison à facettes, plusieurs faces, précisément parce qu’ils sont divins. Dans les nouveaux arts poétiques, la raison est divinisée en deux faces comme une pièce: l’une orphique et l’autre hermétique. Ce sont (…)
Notas
- Antonio Machado (Mairena) – la poésie est ce que les poètes font
- Antonio Machado (Mairena) – la poésie est le revers de la philosophie
- Antonio Machado (Mairena) – la poésie est un dialogue de l’homme avec le temps
- Antonio Machado (Mairena) – le poète chanterait-il sans l’angoisse du temps?
- Antonio Machado (Mairena) – Une certaine poésie se nourrit de superlatifs