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Tournier (Célébrations) – Geometria do labirinto

sábado 28 de junho de 2025

A mitologia grega nos convida a refletir sobre esse objeto intrigante, ao mesmo tempo atraente e repulsivo: o labirinto. A tradição nos apresenta principalmente dois. O do Egito, situado na entrada do Fayum, foi visitado e descrito por Heródoto. Era um monumento quadrado contendo doze grandes salas precedidas por um pórtico de vinte e sete colunas monolíticas. Além dessas salas, havia três mil câmaras que serviam de sepulturas para reis e crocodilos sagrados. Uma pirâmide colocada em uma das extremidades abrigava a múmia do fundador, Imandès.

Mais o mais conhecido, graças à mitologia difundida pelo teatro, é o labirinto de Creta, construído por Dédalo, que servia de covil para o Minotauro, monstro nascido dos amores da rainha Pasífae com um touro branco. A cada nove anos, ofereciam-lhe como alimento um grupo de jovens gregos e gregas (o que prova que a dieta carnívora do gado com chifres não é recente). O grande problema para os visitantes era encontrar a saída depois de entrar.

Conhece-se o feito de Teseu, futuro rei de Atenas, que matou o Minotauro e saiu do labirinto graças ao famoso fio de Ariadne. Esse fio fez correr muita tinta e tornou-se proverbial. No entanto, foi preciso esperar pelo pequeno livro de André Gide — Teseu, 1946 — para que o dilema que ele suscita fosse claramente exposto. Quem diz fio diz novelo. Quem seguraria o novelo, Ariadne, que ficou na entrada, ou Teseu, que se aventura no interior? Gide nos mostra uma discussão acalorada entre Teseu e Ariadne sobre esse assunto. Teseu logo percebeu na filha mais velha do rei Minos uma fêmea terrivelmente possessiva. Se ela segurasse o novelo, ele se tornaria seu objeto. O fio de Ariadne seria, assim, o ancestral do "fio na pata" de Feydeau. Teseu sairia do labirinto graças a Ariadne, mas não hesitaria em abandoná-la na praia de Naxos para continuar sua viagem com a irmã mais nova, Fedra. Fedra condenou a pusilanimidade da irmã mais velha, que deixou Teseu se aventurar sozinho no labirinto. No lugar dela, teria ido junto:

E Fedra, no labirinto descido contigo,
Ou se encontraria contigo ou se perderia contigo.

Entrar no labirinto, matar o Minotauro e sair com a ajuda de um fio é a solução bruta e elementar do problema. Pensa-se igualmente em Alexandre cortando com um golpe de espada o famoso nó górdio. A solução inteligente seria conseguir um mapa do labirinto.

O homem do labirinto sabe voltar atrás e aceitar virar as costas para o que acredita ser a direção certa. Nos testes de inteligência aplicados a animais, a prova do desvio desempenha um papel fundamental. Colocado em uma gaiola com apenas três paredes, o animal vê um objeto desejável do outro lado da grade. Para alcançá-lo, é preciso primeiro se afastar, contornando uma das paredes laterais. Todos os quadrúpedes entendem isso imediatamente, mas galinhas e gansos nunca conseguem.

As opções oferecidas pelo labirinto resumem bem os diversos caminhos da vida. Na verdade, se ele nos toca tão profundamente, é porque o homem não passa de uma sobreposição de labirintos. Na base, os meandros do intestino; no topo, as circunvoluções do cérebro; e entre eles, a rede infinita de artérias e veias. Quanto mais "labiríntico", mais humano.

A figura radiante do labirinto é Ícaro, filho de Dédalo. Com a ajuda do pai, confeccionou um par de asas com as quais fugiu pelo topo do labirinto. Mas, embriagado pela altura, aproximou-se demais do sol, e a cera que sustentava suas penas derreteu. E veio a queda. Esse fim juvenil e romântico faz dele um dos heróis mais amados da mitologia.

A evasão pelo alto: a lição nos toca e sonhamos com ela quando as mediocridades da vida cotidiana nos aprisionam.


TOURNIER, Michel. Célébrations. Paris: Mercure de France, 1999