"A ficção científica é a mitologia do mundo moderno." É um bom slogan e útil quando se enfrenta pessoas ignorantes e desdenhosas da ficção científica, pois as faz parar e pensar. Mas como todos os slogans, é uma meia-verdade, e quando usado descuidadamente como uma verdade completa, pode causar todo tipo de confusão.
Onde se deve ter cuidado é com aquela palavra complexa "mitologia". O que é um mito?
"Mito é uma tentativa de explicar, em termos racionais, fatos ainda não racionalmente (…)
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Obras e crítica literárias
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Ursula K. Le Guin – Mito e arquétipo em ficção científica
9 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
Ivan Illich – Leitura, luz
9 de julho, por Murilo Cardoso de CastroLumen
Para melhor apreciar a percepção da natureza da luz no século XII, é útil colocar uma miniatura de um códice contemporâneo ao lado de quase qualquer pintura de um período posterior. Comparando os dois, percebe-se imediatamente que os seres que aparecem no pergaminho são luminosos por si mesmos. Claro, eles não são pintados com tinta luminescente e permanecem invisíveis na escuridão completa. Mas assim que são movidos para a luz ambiente de uma vela, os rostos, roupas e símbolos (…) -
Ivan Illich – Leitura, estudo - disciplina - sapiência - amizade
9 de julho, por Murilo Cardoso de CastroStudium
Ao traduzir o incipit como "de todas as coisas a serem buscadas, a primeira é a sabedoria", seria fácil obter a aprovação total de qualquer estudante de latim do primeiro ano. Prima é a primeira. Mas, precisamente essa aparente transparência da palavra latina apresenta a dificuldade encontrada por quem tenta traduzir tal texto para o inglês. Sem dúvida, omnium expetendorum prima significa "de todas as coisas alcançáveis, a (muito) primeira". No entanto, se traduzir prima como (…) -
Ivan Illich – Leitura, busca da sabedoria
9 de julho, por Murilo Cardoso de Castro"Omnium expetendorum prima est sapientia." "De todas as coisas a serem buscadas, a primeira é a sabedoria." É assim que Jerome Taylor traduz a frase inicial do Didascalicon de Hugo de São Vitor, escrito por volta de 1128. A introdução, tradução e notas de Taylor são uma obra-prima. Por sua cuidadosa escolha de palavras e metáforas sutis, ele fornece o melhor comentário disponível para esta tradução de um texto do início do século XII. Suas abundantes notas tratam principalmente das fontes de (…)
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Ivan Illich – Na Vinha do Texto
9 de julho, por Murilo Cardoso de CastroEste livro comemora o alvorecer da leitura escolástica. Relata o surgimento de uma abordagem das letras que George Steiner chama de livresca, e que por oitocentos anos legitimou o estabelecimento das instituições escolásticas ocidentais. A universalidade livresca tornou-se o núcleo da religião secular ocidental, e a escolarização sua igreja. A realidade social ocidental agora deixou de lado a fé na cultura livresca, assim como deixou de lado o cristianismo. Como o livro deixou de ser a razão (…)
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Pierre Boutang – Blake, guerra eterna
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroAdiemos a análise desse vocabulário colérico das epopeias ou profecias, sem esquecer que se trata antes de tudo de sua forma descrita como essência do poema; essa forma é também o primeiro enunciado no programa dessas obras, seu primeiro conteúdo dogmático: "immortal" ou "eternal" war, guerra cujas armas e movimentos veremos se definirem como "intelectuais". Tal intelectualidade, se lembrarmos do irracionalismo e antirracionalismo fundamentais do bardo doutrinário, surpreende a princípio; (…)
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Pierre Boutang – Blake, a linguagem e a dissimulação
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroO livro que aqui está acabou por se construir sobre uma hipótese complexa, na verdade tripla, mas em que cada componente repercute sobre as outras duas: Blake, poeta, definiu-se como "mestre das estruturas da linguagem"; só pôde manter essa pretensão delirante e metódica — onde se curva e se aprofunda seu gênio — porque era também, muito conscientemente, um mestre da dissimulação; o conteúdo dessa dissimulação encontra-se por inteiro, e simultaneamente, em sua vida e no dogma que sustentava (…)
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Pierre Boutang – Blake, o esplendor da vida?
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroFoi por Kafka, bastante tarde na vida, que voltei a Blake. Eis-me aqui novamente, de outra maneira ainda...
No início, havia guardado apenas algumas canções, um cheiro de oleandro, o da rosa doente, totalmente estranho aos nossos jardins, e a suspeita de uma grande força secreta nos Provérbios do Inferno; mas uma força ordenada a quê? Certamente não às frivolidades vagas de que um Gide deixara transbordar sua cisterna, em uma tradução bastante indigna... Às vezes, vislumbrava a parentesco (…) -
Jean Richer – Fontes desconhecidas de Gérard de Nerval (4)
7 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPour préciser la nature et l’étendue des emprunts que Gérard de Nerval a faits à l’abbé Terrasson, nous placerons en lecture parallèle des extraits correspondants du Voyage en Orient (texte de l’édition H. Clouard, le Divan, 1927) et de Sethos (Edition en deux volumes, 1767, livre III).
"Voici quelques passages relatifs aux épreuves élémentaires : Sethos (livre III)Voyage en Orient Ch. : « La plate-forme » P. 141 : Ils rencontraient enfin dans le mur, à droite, ou du’côté du Midi, une (…) -
Jean Richer – Fontes desconhecidas de Gérard de Nerval (3)
7 de julho, por Murilo Cardoso de CastroSimbólica e Cabala. Maçonaria e Aritmosofia
As fontes de informação de Nerval sobre as doutrinas esotéricas são tratados de ocultismo e romances fantásticos mais do que obras de erudição pura.
Uma biblioteca de ocultismo está na origem de muitos capítulos de Viagem ao Oriente e Os Iluminados, de quase toda Aurélia e mesmo dos sonetos Les Chimères.
Nerval buscou sua inspiração principalmente nas obras de Kircher e Court de Gébelin sobre Simbólica e Cabala, e no livro do abade Terrasson (…)