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Lispector – Silêncio

(Lispector1973)

Não são precisos muitos para se ter mina faiscante e sonambúlica: bastam dois  , e um   reflete o reflexo do que o outro   refletiu, num tremor que se transmite em mensagem telegráfica intensa e muda, insistente, liquidez em que se pode mergulhar a mão fascinada e retirá-la escorrendo de reflexos dessa dura água   que é o espelho. Como a bola de cristal dos videntes, ele me arrasta para o vazio que para o vidente é o seu campo de meditação, e em mim o campo de silêncios e silêncios. E mal   posso falar, de tanto silêncio desdobrado em outros.