Isso me leva a uma última palavra, sobre o princípio de sobriedade que invocas. Gostaria de tentar dar-lhe um conteúdo mais definido. Por ora, proporia o seguinte: a sobriedade não se oporia primeiro, de modo simplesmente exterior e formal (pois, precisamente, onde começa a "forma"?), à sobrecarga ou à embriaguez. Significaria antes que não se trata de crer num álcool das palavras e das formas, cujos vapores dariam acesso a alguma revelação. A arte sóbria se oporia à arte mistagógica – no (…)
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Artes Cênicas
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Nancy (Scène) – princípio de sobriedade
30 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
Nancy (Scène) – questão do corpo na encenação
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroE como tu mesmo indicas, sem que eu te tenha solicitado nesse sentido (se bem me lembro da minha primeira carta), trata-se de uma questão de "corpo". Não insistirei muito nessa palavra, em relação à qual conheço tuas reticências ou resistências.
(Sem dúvida há aí, entre o calvinismo que evocas e o catolicismo que eu poderia evocar, assim como provavelmente entre um helenismo e outro – digamos, por dispositivo sinalético, "Platão"/"Aristóteles" – ou entre um judaísmo e outro – (…) -
Nancy (Scène) – retorno à questão da subjetividade
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroComo se pode imaginar, não vou defender um desses enfadonhos “retornos ao/ do sujeito” que alguns se esforçavam por promover há algum tempo. Ao contrário, estou plenamente convencido de que estamos no fim da subjetividade entendida como a presença-a-si que sustenta as representações e que as refere a si mesma como suas – sendo ela própria, precisamente, irrepresentável. Mas eu diria antes que o irrepresentável talvez seja ele mesmo apenas um efeito programado pelo sistema da subjetividade. E (…)
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Lacou-Labarthe (Scène) – mise en scène (encenação)
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroMeu caro Jean-Luc Nancy,
Retomemos então a discussão, é uma boa ideia. Mas isso não nos rejuvenesce muito: é uma discussão que tivemos há cerca de vinte anos, entre 1970 e 1972, parece-me. E, na minha lembrança pelo menos, não dizia respeito especificamente ao teatro, mas à ópera, da qual éramos grandes "consumidores" na época (não parávamos de ouvi-la): decepcionado com todas as "encenações" que havia visto – incluindo as de Wieland Wagner em Bayreuth, em 1969 (Tristão, a Tetralogia, (…) -
Nancy (Scène) – mise en scène (encenação)
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroCaro Philippe Lacoue-Labarthe,
Como nos foi pedido para contribuir a um trabalho sobre "a cena", gostaria de aproveitar a oportunidade para retomar um debate que iniciamos várias vezes, já há muito tempo. Na época, resumi o tema na palavra grega opsis, que em Aristóteles designa, grosso modo, o que chamamos de "encenação". ("Grosso modo" já é um problema de tradução e, consequentemente, de sentido e de implicações. Também se traduz por "espetáculo". Podemos voltar a isso.)
A opsis é uma (…) -
Gil Vicente Dalila
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroDalila Pereira da Costa — Gil Vicente Excertos de "Místicos Portugueses do Século XVI", Dalila L. Pereira da Costa. Lello & Irmão, 1986.
E será ainda a mesma espiritualidade franciscana, a que informará a obra de Gil Vicente, e a unirá também a esses poetas. Em toda a sua mensagem, avultará esse mesmo cântico de louvor à natureza, essa íntima união com ela, a devoção à Virgem, ao Menino, a Cristo Crucificado, o ideal de soledade e contemplação, o louvor da pobreza e humildade, a (…) -
Gil Vicente
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroSIMBOLISMO — LITERATURA — GIL VICENTE (1465 — 1536)
Quando se fala de GIL VICENTE, não se dá, em geral, a devida importância ao fato de Lisboa ofuscar todas as cortes de Europa ao tempo em que GIL VICENTE compôs as suas obras, uma realidade provocada pela maior epopéia marítima que a Humanidade já viveu — a viagem de Gama à procura de pimenta e cristãos. GIL VICENTE apresenta-nos uma sociedade real e não imaginária. A sua obra assenta não em imagens ou sofismas, mas num mundo sólido e (…) -
Lombard: Un vocable sacré pré-indoeuropéen - KhwN ou Ph.N ou P.N.
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro(René-André Lombard. L’ENFANT DE LA NUIT DORAGE. Editions de Poliphile Ferrières)
Vocable du GRAND COUP FRAPPÉ, qui FEND EN DEUX.
Le coup de Foudre dans sa symbolique paradoxale : Mort et fécondité.
La décapitaiton de la Tête-Lune, maîtresse de l’orage.
Un des termes les plus chargés de sexualité mystique.
Kh.Ns, Khons ou Khonsou, le puissant dieu de Karnak, figure parallèle à celle de Phtah l’engendreur, se présente lui-aussi, doté de la pleine-lune et de la calotte (…) -
Lombard: Pierrot
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroAUX ORIGINES DU SPECTACLE, L’AMBIGUÏTÉ LUNAIRE Excertos de René-André Lombard, "L’Enfant de la nuit d’orage"
Un passage de Diodore de Sicile se fait l’écho d’une tradition qui est pour nous particulièrement explicite : « On dit que c’est au « moment où Persée trancha la tête de la Gorgone, qu’Athéna « inventa les flûtes à lamelle de bronze qui servent encore lors des sacrifices ».
Ainsi la mémoire collective n’avait pas oublié : que l’Acte, qui devait devenir « artistique », avait (…) -
Lombard – Sirius
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroASTROS — ESTRELAS — SIRIUS
nascer helíaco de Sírio
Excertos de René-André Lombard, "L’Enfant de la nuit d’orage"
O céu do Sul às 21:30 em fevereiro, meridiano de Paris: o quadro Sirius-Orion-Touro-Plêiades atinge o meio da abóbada celeste, à margem da Via Láctea onde brilham os Gêmeos
Se admitimos que as palavras não foram lançadas ao azar, neste fim de noite, Sirius, «eti messeres», ainda no meio do céu, vai no entanto ser apagada pela aurora.
Quando um astro, tem sua aparição no (…)