Os poetas, quando escrevem romances, costumam proceder como se fossem Deus e pudessem abranger com o olhar toda a história de uma vida humana, compreendendo-a e expondo-a como se o próprio Deus a relatasse, sem nenhum véu, revelando a cada instante sua essência mais íntima. Não posso agir assim, e os próprios poetas não o conseguem. Minha história é, no entanto, para mim, mais importante do que a de qualquer poeta é para ele, pois é a minha própria história, e é a história de um homem — não (…)
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Hesse
Hesse, Hermann (1877-1962)
Matérias
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Hesse (Demian) – singularidade do "ser" humano
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro -
Hesse (HOA:1) – uma caminhada na primavera
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro[HESSE, Hermann. Hymn to Old Age. Tr. David Henry Wilson. London: Pushkin Press, 2012 [ebook], "A WALK IN THE SPRING
tradução do inglês
UMA VEZ MAIS AS PEQUENAS gotas de lágrimas brilham nos botões das folhas resinosas, as primeiras borboletas abrem e fecham seus finos mantos de veludo e os meninos brincam com piões e bolinhas de gude. É a Semana Santa, repleta de sons transbordantes, carregada de memórias de ovos de Páscoa de cores deslumbrantes, Jesus no Jardim do Getsêmani, Jesus no (…) -
Hermann Hesse: Jogo das Pérolas de Vidro
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroDas Glasperlenspiel é a obra em que melhor se proclama a supremacia da arte (que é neste caso novamente a música, e é o Jogo, o Jogo das Pérolas de Vidro), sobre qualquer outra forma de realização intelectual e humana. O livro é dedicado «aos peregrinos do Oriente». Mas mesmo sem esta indicação, fácil seria concluir que também este «Jogo» é uma viagem, é a descrição do percurso de um homem em busca de si mesmo, tal como nos outros livros que acabámos de ver. A natureza do Jogo das Pérolas de (…)
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Hermann Hesse: Viagem ao Oriente
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroNa Viagem ao Oriente deparamos com uma procura idêntica à anterior — de um eu em busca de si mesmo, de um entendimento harmonioso do universo e de Deus — e com uma série de símbolos também eles de unificação e de totalidade. O que significa esta viagem ao Oriente? É uma viagem difícil de descrever, como diz o narrador, pois nela se tratam de coisas que não se veem e não se sentem distintamente. É uma viagem puramente interior, e o caminho seguido (o do Oriente) não é senão o caminho da (…)
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Hermann Hesse
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroAs obras de Hesse em que nos surgem alguns símbolos mais importantes (todos eles alusivos à transmutação de um eu em busca de si mesmo), são talvez Demian (1919), Siddhartha (1922), Die Morgenlandfahrt (1932) e Das Glasperlenspiel (1943). Todas as escolhas têm o seu quê de parcial e de arbitrário. Mas nestas obras há em todo o caso uma grande profusão de sonhos, de visões, de representações simbólicas aliadas à transformação do mundo interior dos seus heróis. E sempre no sentido de uma (…)
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Hermann Hesse: Demian
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroDemian é um romance que gira à volta do problema da transformação, do crescimento espiritual do herói, um indivíduo que desde cedo, logo desde a infância, tem a consciência de que existem dois mundos bem demarcados, bem definidos, opondo-se um ao outro. Um a que se poderia chamar luminoso, ordenado, outro ligado à escuridão, ao caos de que toda e qualquer ordem está ausente. Sobretudo a ordem moral, do cristianismo ortodoxo. No Prólogo, Emil Sinclair explica como já abandonou esse caminho de (…)
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Hesse: Siddhartha
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroA aventura de Siddhartha não é a de um ocidental que se embrenha numa doutrina do passado, para por meio dela chegar à criação e à vivência de um arquétipo próprio, que lhe decifra o enigma da vida, do mundo e de si mesmo, mas é a de um hindu que na doutrina do Buda vê abrir-se uma porta e que por fim em nenhuma doutrina, mas na pura e simples aceitação da vida tal e qual ela é, feita de imperfeição e perfeição, consegue realizar-se. Realização que Hesse exprime mais uma vez por meio de um (…)
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Deghaye (PTM) – Hermann Hesse - Castalia
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroA escrita universal que será o tema deste estudo é um jogo. É o jogo das contas de vidro, que deu nome ao último romance de Hermann Hesse, publicado em 1943.
Trata-se de uma utopia projetada para o futuro, ambientada na primeira metade do segundo milênio. No entanto, a história é contada no tempo passado. Supõe-se que a introdução do livro, que é principalmente a biografia de um personagem chamado Josef Knecht, tenha sido escrita por volta do ano 2400. Em outras palavras, a utopia de Hesse (…) -
Deghaye (PTM) – Hesse e o jogo das contas de vidro
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroMas o que é esse jogo de contas de vidro? Na época do herói, ele não era mais apenas uma forma de entretenimento. Era praticado como uma liturgia. Mas a liturgia da Igreja é realizada com gestos visíveis, enquanto o jogo de contas de vidro é uma prática abstrata. É um jogo da mente. Ou, pelo menos, foi isso que ele se tornou.
Originalmente, havia contas de vidro alinhadas em cordas. As contas eram notas musicais e as cordas eram as linhas da pauta. No entanto, as contas logo perderam seu (…) -
Uma nova humanidade na obra de Hermann Hesse
30 de março, por Murilo Cardoso de Castro(Deghaye2000)
O projeto de uma nova humanidade é antigo na obra de Hesse. Está ligado ao declínio da humanidade presente que Hesse personifica quando fala da Europa. Para ele, a humanidade não é um coletivo, é sempre uma pessoa. O mesmo se aplica à Europa. É essa pessoa que morre e renasce.
Em um artigo de 1920, Hesse fala de uma doente que é a Europa. A psicanálise mostra que essa velha Europa, cuja cultura desmoronou, é uma grande neurótica: ein schwerkranker Neurotiker. Eis, portanto, (…)
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