Cada vez que se relê Rabelais com o propósito preconcebido de seguir tal ou qual opinião, encontram-se sem dificuldade, em certas páginas, confirmações flagrantes, e em outras logo refutações que parecem absolutas. Daí resulta uma impressão de alternâncias da qual La Bruyère, falando em geral e num julgamento célebre, bem transmitiu o caráter contraditório e bastante desconcertante. Que haja aí, em parte, o fato de redações descontínuas, atravessadas pelos eventos de uma vida agitada, é (…)
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Rabelais
François Rabelais (1483-1553)
Matérias
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Mérigot (Hermès) – Rabelais e a alquimia (1)
10 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
Mérigot (Hermès) – Rabelais e a alquimia (2)
10 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPode-se a priori presumir que uma obra emana de uma tradição esotérica quando vários autores trabalharam nela, em datas por vezes muito diferentes, com um espírito manifestamente idêntico, embora com talentos literários diversos. Essa observação vale para Le Roman de la Rose, mas também pode ser aplicada ao Pantagruel, cujo quinto livro parece claramente ser em parte de outra mão, embora proceda da mesma tendência que os outros. Além disso, a divisão em cinco livros chama a atenção do leitor (…)
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Mérigot (Hermès) – Rabelais e a alquimia (3)
10 de julho, por Murilo Cardoso de CastroRabelais interessou-se pela alquimia. Teria sido bem surpreendente que fosse de outro modo. Poucos assuntos lhe permaneceram estranhos. Mas, além disso, a alquimia encerrava então todo o conhecimento dos minerais, tudo o que se tornou, evoluindo, a ciência química. Fazia parte da bagagem habitual do homem instruído, mais ainda se fosse médico, já que a terapêutica emprestava ao reino mineral bom número de suas drogas. Vemos Gargantua e seu preceptor que, quando o ar estava chuvoso, "iam ver (…)
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Mérigot (Hermès) – Rabelais e a alquimia (4)
10 de julho, por Murilo Cardoso de CastroPor outro lado, ele põe em cena duas vezes, e muito amplamente, um sectário da filosofia alquímica, o que chamaríamos hoje de um ocultista. Ele zomba dele com uma violência súbita, que não é frequente nele. O personagem foi identificado com uma certeza quase completa: trata-se de Henri-Cornelius Agrippa de Nettesheim. Nascido em Colônia, em 1486, médico e cabalista, discípulo do abade Tritêmio, exerceu sua arte, de maneira bastante charlatanesca, em muitas cidades da França e da Alemanha, (…)
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Mérigot (Hermès) – Rabelais e a alquimia (5)
10 de julho, por Murilo Cardoso de CastroEm tudo isso, olhamos sobretudo, por assim dizer, de fora a obra rabelaisiana; é hora, para tentar concluir, de penetrá-la e nos entregarmos mais a ela. É o conjunto de uma Ilíada e de uma Odisseia burlescas, entre as quais as discussões filosóficas do Tiers Livre estabelecem um elo de aparência frágil. A inspiração, qualquer que seja a hipótese que se faça sobre o sentido oculto da obra, é popular, bastante conforme nisso ao "gênero" franciscano, e em todo caso nitidamente anticavaleiresca: (…)