* O vocábulo mito encerra dois significados principais que geralmente se opõem, oscilando entre a noção de fábula ou ficção e a de modelo exemplar ou revelação primordial de origem supra-humana transmitida por uma tradição sagrada, sendo que, conforme lembrado anteriormente, desde Xenofanes e da sua crítica à mitologia de Homero e Hesiodo, a dessacralização progressiva da cultura grega esvaziou pouco a pouco o mythos de todo o conteúdo supra-humano de ordem iniciática, religiosa ou (…)
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RACS
ALLEAU, René. A ciência dos símbolos: contribuição ao estudo dos princípios e dos métodos da simbólica geral. Isabel Braga. Lisboa: Edições 70, 1982.
Matérias
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René Alleau – O Mito e o Ritual
28 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro -
René Alleau – A Advinhação e a interpretação simbólica do cosmos
28 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### A HERMENÊUTICA ORACULAR E ADIVINHATÓRIA
* A universalidade da interpretação da língua dos deuses manifesta-se em todas as tradições religiosas e iniciáticas, exigindo que a casta sacerdotal atue como um órgão mediador fundamental entre a humanidade e as divindades, investida da autoridade para reunir, conservar e explicar instruções, avisos e presságios, uma função que reflete historicamente a estratificação e a especialização das atividades de culto, embora remonte a uma herança (…) -
René Alleau – Alegoria e Iconologia
28 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### EVOLUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ALEGORIA
* A concepção antiga e medieval de alegoria aplicava-se a todas as variedades da expressão figurada, embora admitisse uma distinção específica na interpretação espiritual de tipo anagógico e místico, caracterizada pela sua natureza anafórica orientada para o Significador, em contraste com a relação metafórica horizontal entre significante e significado. * Neste contexto restrito, emerge uma tipologia simbólica distinta da tipologia (…) -
René Alleau – A função alegórica do simbolismo
28 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### Distinção entre Alegoria e Símbolo e a Hermenêutica de Orígenes
* Embora Jean Pépin, em Dante et la tradition de l’allégorie, observe que a modernidade, sob influência do romantismo alemão, tende a separar rigidamente a alegoria do símbolo como sendo o artifício didático oposto à espontaneidade da vida, tal distinção não se verificava nos costumes antigos e medievais, onde a definição de alegoria era suficientemente lata para abarcar quase todas as variedades da expressão figurada, (…) -
René Alleau – A Lógica da Analogia
28 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### Definição Fundamental e Distinções Históricas da Analogia
* Harald Höffding estabeleceu uma definição precisa de analogia caracterizando-a como uma semelhança de relações entre dois objetos, a qual não se fundamenta nas propriedades particulares ou nas partes constituintes desses objetos, mas sim nas relações recíprocas existentes entre essas propriedades ou partes, delineando assim um campo de conexão que transcende a materialidade imediata dos elementos comparados. * Aristoteles, (…) -
René Alleau – Sinal e Símbolo
28 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### A CRÍTICA ÀS DEFINIÇÕES CLÁSSICAS E A INSUFICIÊNCIA DA SEMIOLOGIA LINGUÍSTICA
* As definições tradicionais de símbolo, tais como as apresentadas por Lalande no Vocabulaire technique et critique de la philosophie, oscilam entre a noção de sinal de reconhecimento material, composto por metades de um objeto partido, e a de representação analógica capaz de evocar uma relação entre uma imagem concreta e uma ideia abstrata, como o cetro para a realeza, ou ainda a de simples convenção (…) -
René Alleau – Divisa e Emblema
28 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### DEFINIÇÃO E ESTRUTURA DA DIVISA E DO EMBLEMA
* Na terminologia heráldica, a divisa remonta etimologicamente à ação de dispor dividindo ou formar um plano, designando tecnicamente a divisão de uma peça honorífica do escudo, como uma faixa reduzida a um terço da sua largura habitual, acepção esta que difere substancialmente daquela que define a divisa como uma figura emblemática acompanhada de uma sentença concisa explicativa. * A estrutura da divisa compõe-se de uma dualidade (…) -
René Alleau – Apólogo, Fábula e Parábola
28 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### DEFINIÇÃO E ETIMOLOGIA DO APÓLOGO E DA FÁBULA
* A definição lexicográfica de fábula proposta por Littré, que a categoriza como um termo geral abrangendo desde relatos mitológicos até histórias de imaginação ou mentiras, e que subordina o apólogo e a parábola a meras variações específicas, revela-se insuficiente quando confrontada com a concepção estrutural e poética defendida por La Fontaine no prefácio da sua obra. * Para La Fontaine, o termo genérico e superior é o apólogo, (…) -
René Alleau – Origem e Semântica da Palavra «Símbolo»
28 de novembro, por Murilo Cardoso de Castro##### A DISPERSÃO SÉMICA E AS CONFUSÕES HISTÓRICAS E ENCICLOPÉDICAS DO TERMO
* A análise da evolução semântica do vocábulo símbolo revela uma profunda dispersão de sentidos através dos tempos, exemplificada de maneira notável pelo *Dictionnaire universel de Trévoux*, que, ao definir o termo como um sinal ou emblema representativo de algo moral por meio de imagens naturais, como o leão para o valor ou o pelicano para o amor paternal, acaba por confundi-lo com a alegoria e até mesmo com os (…) -
René Alleau – A função tipológica do simbolismo
28 de novembro, por Murilo Cardoso de CastroQuando relacionei anteriormente as bases arcaicas da lógica da analogia com as experiências pré-históricas da caça e da armadilha, com o mimetismo animal e a nutrição, tentei demonstrar o caráter concreto dum processo essencialmente dinâmico e baseado, em todos os seus níveis, infra-humanos e humanos, no princípio da assimilação do vivo pelo vivo e na ação do semelhante sobre o semelhante.
Trata-se aqui dum tematismo geral da percepção e da ação nas suas relações com a analogia. Isso não (…)