UM MANUSCRITO DE MOBY DICK
Tal é o mundo de Ahab, e este é um mundo maléfico. Melville quis dizer exatamente o que escreveu à Hawthorne quando o livro foi consumado :
“Escrevi um livro iníquo, e me sinto imaculado como o cordeiro.”
O “livro iníquo” de Melville é o drama de Ahab, seu ódio ardente pela Baleia Branca, e sua vingativa perseguição à baleia desde o momento que o navio se lança como destino dentro do Atlântico. É esta ação, não o romance todo “Moby Dick”. O mundo de “Moby (…)
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Ditados
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Melville Mundo de Ahab
27 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
A Fonte da Vida (O Romance da Rosa)
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroA Fonte da Vida ("Sermão de Genius")
A fonte da qual vos falo é um manancial saudável, belo e maravilhoso. Ouvi-me atentamente: suas águas têm um sabor agradável e são boas para os animais melancólicos; surgem claras e vivas de três mananciais admiráveis, que estão próximos uns dos outros e se reúnem em um só. Contudo, ao contemplá-los, ora vereis um, ora três, mas jamais quatro—essa é sua singularidade. Nunca vimos uma fonte como esta, pois ela brota de si mesma, enquanto as outras (…) -
Contos de Cantuária - Conto do Pároco
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroNesse ponto, o Provedor terminara a sua história, e o sol se achava tão abaixo da linha meridional que, a meu ver, sua altitude devia ser de vinte e nove graus. Calculo que seriam quatro horas da tarde, pois minha sombra se estendia então por onze pés, pouco mais ou menos, o que daria, em relação à minha altura, a proporção correspondente a seis pés. E quando o signo de exaltação da lua, — ou seja, Libra, — começou sua ascensão, alcançamos a entrada de uma aldeia. Em vista disso, o (…)
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Italo Calvino – Estórias Fantásticas
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO conto fantástico é uma das produções mais características da narrativa do século XIX e também uma das mais significativas para nós, já que nos diz muitas coisas sobre a interioridade do indivíduo e sobre a simbologia coletiva. A nossa sensibilidade de hoje, o elemento sobrenatural que ocupa o centro desses enredos aparece sempre carregado de sentido, como a irrupção do inconsciente, do reprimido, do esquecido, do que se distanciou de nossa atenção racional. Aí estão a modernidade do (…)
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Tzvetan Todorov – Estórias Fantásticas
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroAlvaro, o protagonista de O diabo apaixonado de Cazotte, vive há vários meses com um ser, de sexo feminino que, segundo suspeita, é um espírito maligno: o diabo ou algum de seus seguidores. Seu modo de aparição indica às claras que se trata de um representante do outro mundo; mas seu comportamento especificamente humano [e, mais ainda, feminino], ofensas reais que recebe parecem, pelo contrário, demonstrar que se trata de uma mulher, e de uma mulher apaixonada. Quando Alvaro lhe pergunta de (…)
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Borges – Duração do Inferno
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroJorge Luis Borges — DISCUSSÃO Excertos da tradução em português de Claudio Fornari
A DURAÇÃO DO INFERNO
Especulação que vem se tomando cansativa com o passar dos anos, essa do Inferno. Descuidam-se dela os próprios pregadores, talvez desamparados da pobre, ainda que serviçal, alusão humana de que as fogueiras eclesiásticas do Santo Ofício eram neste mundo um tormento temporal; um tormento temporal, sem dúvida, mas não indigno, dentro das limitações terrenas, de ser uma metáfora do (…) -
Borges – Eternidade em Plotino
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroJorge Luis Borges — HISTÓRIA DA ETERNIDADE Excertos da tradução em português de Carmen Cirne Lima
Naquela passagem das Enéadas que pretende interrogar e definir a natureza do tempo, afirma-se que é indispensável conhecer previamente a eternidade, que — como todos sabem — é seu modelo e arquétipo. Essa advertência preliminar, tanto mais grave se a considerarmos sincera, parece aniquilar toda esperança de nos entendermos com o homem que a escreveu. O tempo é um problema para nós, um terrível (…) -
Quintana: O velho e o acaso
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO velho mendigo que neste momento acaba de encontrar num monte de sucata a lâmpada de Aladino — tão amassada, tão enferrujada e de feitio tão esquisito — eis que ele a abandona e leva em vez dela uma útil chaleira. Uma chaleira sem tampa, digo eu, para os que gostam de pormenores. E não é esta a primeira vez que o acaso, inocentemente, assim estraga uma bela história.
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Nuvem do Desconhecido Huxley
25 de junhoAldous Huxley — Nuvem do Desconhecido Retirado do livro "Eminência Parda", Globo, 1943
Benet de Canfield era um homem ilustrado e, como tal, lera não apenas o Areopagita, mas todos os místicos importantes da Idade Média e do século XVI, a quem os escritos do Pseudo-Dionísio tinham servido de inspiração e, confortadora garantia da ortodoxia adotada. Todo artista nasce com certos talentos especificamente seus; mas tem de desenvolvê-los dentro dos quadros da tradição artística em vigor. O (…) -
Huxley Contemplação
25 de junho, por Murilo Cardoso de CastroAldous Huxley — A Filosofia Perene Contemplação, Ação e Utilidade Social Em todas as formulações históricas da Filosofia Perene é axiomático que o fim da vida humana é a contemplação, ou a direta e intuitiva consciência de Deus; que a ação é o meio para aquele fim; que a sociedade é boa, na medida em que torne a contemplação possível aos seus membros; e que a existência, pelo menos, de uma minoria de contemplativos é necessária para o bem-estar de qualquer sociedade. Na filosofia popular do (…)