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Musil – Guerras
domingo 6 de abril de 2025
BOUVERESSE, J. La voix de l’âme et les chemins de l’esprit: dix études sur Robert Musil
Musil
Musil, Robert (1880-1942)
MUSIL, Robert. L’Homme sans qualités. Paris: Seuil, 1956
. Paris: Seuil, 2001.
"[...] não possuíamos os conceitos que nos teriam permitido integrar a experiência vivida à nossa interioridade. Ou tampouco os sentimentos cujo magnetismo os ativa para isso" (Musil Musil Musil, Robert (1880-1942)
MUSIL, Robert. L’Homme sans qualités. Paris: Seuil, 1956 ).
Como vimos, Musil
Musil
Musil, Robert (1880-1942)
MUSIL, Robert. L’Homme sans qualités. Paris: Seuil, 1956
não acredita que o súbito surgimento da guerra em uma época decididamente pacifista possa ser explicado apenas por causas políticas, econômicas ou ideológicas. "A guerra", escreve ele, "pode ter tido mil causas diferentes, mas certamente não se pode negar que cada uma delas — o nacionalismo, o patriotismo, o imperialismo econômico, a mentalidade dos generais e diplomatas, assim como todas as demais — esteja ligada a pressupostos intelectuais determinados, que caracterizam afinal uma situação comum e que atuam ainda como fator decisivo".
A explicação que Musil
Musil
Musil, Robert (1880-1942)
MUSIL, Robert. L’Homme sans qualités. Paris: Seuil, 1956
propõe é que uma Europa em princípio pacífica e próspera foi vítima do tipo de cataclismo periódico que resulta daquilo que ele chama de necessidade do "colapso metafísico", uma necessidade que "se acumula em tempos de paz como um resíduo não satisfeito" e que acabou, no caso em questão, por desencadear um reflexo que se pode qualificar como "fuga da paz". O que se testemunhou foi "uma revolução da alma contra a ordem", que conduz em muitos casos a exaltações religiosas e por vezes a explosões bélicas.
Apesar dos alertas de alguns, que tendem a considerar essa concepção como tipicamente alemã, Musil
Musil
Musil, Robert (1880-1942)
MUSIL, Robert. L’Homme sans qualités. Paris: Seuil, 1956
sustenta, portanto, que a guerra só pode ser compreendida como o desfecho de uma crise da cultura europeia. "Creio", escreve ele, "que a guerra irrompeu no corpo de nossa sociedade como uma doença; uma energia enorme que atuava sem conseguir acessar nossa alma abriu caminho por essa fístula gangrenosa".

