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Arendt – Marcel Proust, os judeus franceses em sua época

sábado 28 de junho de 2025

Escolhemos os salões do Faubourg Saint-Germain como exemplo do papel dos judeus na sociedade não judaica da França. Quando Marcel Proust Proust Proust, Marcel — que era semijudeu e em situações de emergência estava sempre pronto a identificar-se como judeu — saiu em busca do “tempo perdido”, escreveu realmente o que um dos seus críticos mais apologéticos chamou de uma apologia pro vita sua. A vida daquele que foi o maior escritor da França do século xx foi vivida quase exclusivamente em sociedade; os eventos se lhe afiguravam como eram refletidos pela sociedade, de modo que os reflexos e as reconsiderações constituem a realidade específica e a textura do mundo de Proust Proust Proust, Marcel . Em toda a Busca do tempo perdido, o indivíduo e suas reconsiderações pertencem à sociedade, mesmo quando ele se retira para a solidão muda e incomunicativa, na qual o próprio Proust Proust Proust, Marcel finalmente desapareceu quando decidiu escrever sua obra. Ali, sua vida, que ele insistia em transformar em experiência interior, e todos os acontecimentos mundanos tornaram-se espelho em cujo reflexo surgia a única verdade. O contemplador da experiência interna assemelha-se ao observador que percebe a realidade somente quando esta é refletida.

Na verdade, não existe melhor testemunho daquele período em que a sociedade se havia emancipado completamente dos interesses públicos, e quando a própria política chegou a fazer parte da vida social. A vitória dos valores burgueses sobre o senso de responsabilidade do cidadão significava a decomposição das questões políticas em fascinantes reflexos. Proust Proust Proust, Marcel era verdadeiro expoente dessa sociedade, pois estava envolvido em dois “vícios” elegantes, de que ele, “a maior testemunha do judaísmo desjudaizado”, era portador: ao seu “vício” da homossexualidade juntava o “vício” de ser judeu. Na análise social e na consideração individual ambos os “vícios” se assemelhavam.

Disraeli havia descoberto que o vício é apenas o reflexo aristocrático daquilo que, quando é cometido entre as massas, é crime. A perversidade humana, quando é aceita pela sociedade, transforma-se, e o ato deliberado assume as feições da qualidade psicológica inerente, que o homem não pode escolher nem rejeitar, que lhe é imposta de fora e que o domina de modo tão compulsivo como a droga domina o viciado. Ao assimilar o crime e transformá-lo em vício, a sociedade nega toda responsabilidade e estabelece um mundo de fatalidades no qual os homens se veem enredados. O julgamento que via no crime todo afastamento comportamental das normas espelhava pelo menos maior respeito pela dignidade humana. Aceito o crime como espécie de fatalidade, todos podem ser suspeitos de alguma inclinação por ele. “A punição é um direito do criminoso”, do qual ele é privado se (nas palavras de Proust Proust Proust, Marcel ) “os juízes presumirem e estiverem inclinados a perdoar o assassínio nos homossexuais e a traição nos judeus, por motivos devidos a suposta [...] predestinação genética”. Mas num certo momento essa tolerância pode desaparecer, substituída por uma decisão de liquidar não apenas os verdadeiros criminosos mas todos os que estão “racialmente” predestinados a cometer certos crimes, o que pode ocorrer quando a máquina legal e política, refletindo a sociedade, vier a ser transformada pelos critérios sociais em leis a pregarem essa necessidade de libertação social do perigo em potencial. Se for permitido estabelecer o código legal peculiar à aparente largueza de espírito que liberta o homem de responsabilidade pelo crime tornado igual ao vício, ele será mais cruel e desumano do que as leis normativas, mesmo que severas, pois estas respeitam e reconhecem a responsabilidade do homem por sua conduta.

Contudo, o Faubourg Saint-Germain, descrito por Proust Proust Proust, Marcel , estava ainda nos estágios iniciais desse desenvolvimento. Proust Proust Proust, Marcel descreve de que modo monsieur de Charlus, tolerado “a despeito do seu vício”, logo atingiu os cumes sociais graças ao seu encanto pessoal e nome tradicional. Não mais precisava viver uma vida dupla e esconder suas dúbias amizades, mas, sim, era até encorajado a trazê-las para as casas elegantes. Certos tópicos de conversação que, por medo de que alguém suspeitasse de sua anomalia, ele antes teria evitado — amor, beleza, ciúme — eram agora avidamente recebidos “em vista da experiência estranha, secreta, refinada e monstruosa sobre a qual ele baseava suas opiniões”.

Algo muito semelhante aconteceu com os judeus. As “exceções” individuais e os judeus enobrecidos haviam sido tolerados e até bem recebidos mesmo na sociedade do Segundo Império, mas agora os judeus tornavam-se cada vez mais populares como tais. Em ambos os casos, a sociedade não modificava as suas ideias e preconceitos: não se duvidava que os homossexuais eram “criminosos” nem que os judeus eram “traidores”; apenas revisava-se a atitude em relação ao crime e à traição em geral. O que é perturbador no tocante a essa aparente largueza de espírito não está no fato de as pessoas não se horrorizarem diante da rejeição das normas, mas que se tornavam indiferentes perante o crime. A doença mais bem escamoteada do século xix, o tédio e o cansaço geral da burguesia, havia eclodido como abscesso. Ora, os marginais e os párias, a quem a sociedade recorria em busca do exótico, fossem quem fossem, jamais se deixavam dominar pelo tédio e, se dermos crédito à opinião de Proust Proust Proust, Marcel , eram os únicos na sociedade do fin-de-siècle ainda capazes de sentir e externar paixão. Proust Proust Proust, Marcel se encontra no labirinto das conexões e ambições sociais pela capacidade de amar de Charlus. A paixão pervertida de monsieur de Charlus por Morel, a devastadora lealdade do judeu Swann a sua cortesã, o próprio ciúme desesperado do autor por Albertine, que é, no romance, a própria personificação do vício, deixam bem claro que Proust Proust Proust, Marcel considerava os marginalizados e os arrivistas, os habitantes de Sodoma e Gomorra, não somente mais humanos, mas também mais normais.

A diferença existente entre o Faubourg Saint-Germain que havia descoberto a atração exercida pelos judeus e pelos homossexuais e a ralé que gritava “morte aos judeus” consistia no fato de que os salões ainda não se haviam associado abertamente ao crime. Isso significava que, por um lado, ainda não desejavam participar ativamente na matança, e, por outro, que ainda professavam antipatia pelos judeus e horror pelos sexualmente anormais. Naquela situação equívoca, os novos membros da sociedade não podiam ainda confessar abertamente a sua identidade, mas tampouco podiam escondê-la. Tais foram as condições que advieram do complicado jogo de exibição e ocultamento, de meias confissões e distorções mentirosas, da humildade exagerada e da exagerada arrogância, consequência do fato de que, se a esotérica qualidade de ser judeu (ou homossexual) havia a ambos aberto as portas dos salões, ao mesmo tempo tornava sua posição extremamente insegura. Nessa situação equívoca, a qualidade de judeu era para o judeu tanto uma mancha física como um misterioso privilégio pessoal, ambos inerentes a uma “predestinação racial”.

Proust Proust Proust, Marcel descreve longamente como a sociedade, constantemente à espreita do estranho, do exótico, do perigoso, finalmente identifica o refinado com o monstruoso e se prontifica a admitir monstruosidades — reais ou imaginárias — como a estranha e desconhecida “peça russa ou japonesa representada por atores nativos”. A “personagem pintada, rechonchuda e apertada em seus botões lembra uma caixa de origem exótica e dúbia, da qual escapa um curioso aroma de frutos, de modo que só o pensamento de prová-los já excita o coração”. O “homem de gênio”, supõe-se, transmitirá um “senso de sobrenatural” e em torno dele a sociedade “se reúne como em torno de távola giratória, para aprender o segredo do Infinito”. Na atmosfera dessa “necromancia”, um cavalheiro judeu ou uma senhora turca poderiam parecer “como se fossem realmente criaturas invocadas pelo esforço de um médium”.

Obviamente, o papel do exótico, do estranho e do monstruoso não podia ser representado por aqueles “judeus-exceção” individuais que, durante quase um século, haviam sido admitidos e tolerados como “arrivistas estrangeiros”, e de “cuja amizade ninguém sonharia orgulhar-se”. Muito mais adequados eram, naturalmente, aqueles judeus que ninguém até então havia conhecido e que, no estágio inicial de sua assimilação, não eram identificados com a comunidade judaica nem eram seus representantes, pois a identificação e certo grau de conhecimento teriam limitado severamente a imaginação e as expectativas da sociedade. Aqueles que, como Swann, revelavam uma inata inclinação pela sociedade e pelo bom gosto em geral eram admitidos; mais entusiasticamente aceitos, porém, eram aqueles que, como Bloch, pertenciam a “uma família de pouca reputação, (e) que tinham de suportar, como no fundo do oceano, a incalculável pressão do que lhes era imposto não apenas pelos cristãos, mas por todas as camadas intermediárias de castas judaicas superiores à sua, cada uma das quais esmagava com desprezo a que estava imediatamente abaixo”. A disposição da sociedade em receber o estranho e o viciado — o mais estranho e o mais viciado possível — pôs fim à ascensão de várias gerações em que os recém-chegados tinham de “cavar o seu caminho em direção ao ar livre, erguendo-se de uma família judia à outra família judia”. Não foi por acidente que isso aconteceu pouco depois de a comunidade judaica nativa da França ter cedido ante a iniciativa e a falta de escrúpulos de alguns aventureiros judeus alemães, demonstradas durante o escândalo do Panamá; as exceções individuais, com ou sem título nobiliárquico, que ainda mais avidamente do que antes buscavam a sociedade de salões, já antissemitas e monarquistas, onde julgavam poder sonhar com os bons velhos tempos do Segundo Império, encontravam-se na mesma categoria daqueles judeus que eles próprios jamais convidariam para uma visita em sua casa. Se a qualidade de ser judeu, como a qualidade de ser exceção, constituía a verdadeira razão para a aceitação dos judeus, então preferiam-se pelo menos aqueles que formavam claramente “uma tropa sólida, homogênea e completamente diferente das pessoas que a viam passar”, aqueles que ainda não haviam “alcançado o mesmo estágio de assimilação” dos seus irmãos arrivistas.

Embora Disraeli fosse um daqueles judeus que foram aceitos na sociedade por serem exceções, sua autorrepresentação secularizada de “eleito” prefigurou e esboçou as linhas ao longo das quais iria se dar a autointerpretação judaica. Se esta, fantástica e crua como era, não houvesse sido tão estranhamente semelhante ao que a sociedade esperava dos judeus, eles jamais poderiam ter representado seu dúbio papel. Não, naturalmente, que adotassem de maneira conspícua as convicções de Disraeli ou deliberadamente elaborassem aquela autointerpretação, ainda tímida, de seus predecessores prussianos do começo do século xix; a maioria deles tinha a sorte de ignorar toda a história judaica. Mas, onde quer que os judeus fossem educados, secularizados e assimilados sob as condições ambíguas do Estado e sociedade na Europa central e ocidental, perdiam aquela medida de responsabilidade política que sua origem implicava e que os judeus banqueiros ainda haviam sentido, embora sob a forma de privilégio e domínio. A origem judaica, sem conotações religiosas e políticas, tornou-se por toda parte uma qualidade psicológica, transformou-se em “qualidade de judeus”, e daí por diante podia ser considerada somente na categoria de virtude ou de vício. Se é verdade que a “qualidade de judeu” não se podia ter pervertido em vício interessante sem um preconceito que a considerasse um crime, também é verdade que tal perversão só foi possível graças àqueles judeus que a consideravam uma virtude inata.

Têm-se acusado os judeus assimilados de se alienarem do judaísmo, e frequentemente se pensa no genocídio que os atingiu como um sofrimento tão horrível quanto insensato, na medida em que foi desprovido até da antiga qualidade de martírio. Esse argumento despreza o fato de que, no que concerne aos velhos modos de crença e de vida, a alienação era igualmente aparente nos países da Europa oriental. Mas a noção costumeira de que os judeus da Europa ocidental eram “desjudaizados” é enganadora por outra razão. O quadro pintado por Proust Proust Proust, Marcel , em contraste com as afirmações obviamente unilaterais do judaísmo oficial, mostra que nunca o fato de se ter nascido judeu representou um papel tão decisivo na vida privada e na existência diária como entre os judeus assimilados. O reformador judeu que transformou a religião nacional em denominação religiosa, sabendo que a religião é um assunto privado; o revolucionário judeu que fingia ser um cidadão do mundo para desfazer-se da nacionalidade judaica; o judeu educado, que era “um homem na rua e judeu em casa” — todos eles conseguiram converter uma qualidade nacional em assunto privado. O resultado foi que suas vidas particulares, suas decisões e sentimentos se tornaram centro de seu “judaísmo”. E, quanto mais o fato do nascimento “judaico” perdia seu significado religioso, nacional e econômico-social, mais obcecante se tornava esse “judaísmo”; os judeus se obcecavam por ele como se fosse um defeito ou uma qualidade física, e se atinham a ele como há quem se atenha a um vício.

A “disposição inata” de Proust Proust Proust, Marcel nada mais é senão uma obsessão pessoal e particular, que era tão amplamente justificada por uma sociedade na qual o sucesso e o fracasso dependiam do fato de se ter nascido judeu. Proust Proust Proust, Marcel viu nela, erradamente, a “predestinação racial”, porque apenas enxergou e descreveu seu aspecto social e seus efeitos sobre o indivíduo. E é verdade que, para o observador que a registrasse, a conduta do grupo judaico mostrava a mesma obsessão que, nos padrões de conduta, adotavam os homossexuais. Ambos sentiam-se superiores ou inferiores, mas em ambos os casos orgulhosamente diferentes dos outros seres normais; ambos acreditavam que a sua diferença era um fato natural adquirido por nascimento; ambos estavam constantemente justificando, não o que faziam, mas o que eram; e, finalmente, ambos hesitavam sempre entre a atitude de quem pede desculpas e a afirmação súbita e provocadora de quem se julga elite. Como se a natureza houvesse congelado para sempre suas posições sociais, nenhum dos dois podia sair do seu grupo e ingressar no outro. Também outros membros da sociedade sentiam a necessidade de pertencer a um grupo — “a questão não é, como era para Hamlet, ser ou não ser, mas sim pertencer ou não pertencer” —, mas essa necessidade não era tão intensa. Uma sociedade que já se desintegrava em pequenos grupos e não mais tolerava como indivíduos nem estranhos nem judeus nem homossexuais, acolhendo-os apenas em virtude das circunstâncias peculiares que “permitiam” essa aceitação, parecia corporificar os sentimentos de clã.

Cada sociedade exige de seus membros uma certa dose de representação — a capacidade de apresentar, desempenhar, interpretar aquilo que se realmente é. Quando a sociedade se desintegra em grupos, essa exigência não se aplica mais aos homens como indivíduos, e sim como membros dos grupos. A conduta passa então a ser controlada por exigências silenciosas e não por capacidades individuais, exatamente do modo como o desempenho de um ator deve enquadrar-se no conjunto de todos os outros papéis da peça. Os salões do Faubourg Saint-Germain enquadravam-se nesse conjunto de grupos, cada qual exibindo um padrão extremo de conduta. O papel dos anormais sexuais era exibir sua anomalia, o dos judeus era representar a “magia negra”, o dos aristocratas era mostrar que não eram como pessoas comuns, os burgueses. A despeito do sentimento de clã, era verdade que, como observou Proust Proust Proust, Marcel , “exceto em dias de catástrofe geral, quando a maioria se agrupa em torno da vítima como os judeus se agruparam em torno de Dreyfus”, todos esses recém-chegados evitavam relações com os outros membros de sua espécie. Os sinais de distinção só sendo determinados pelo conjunto do grupo, os judeus — ou homossexuais — sentiam-se privados de sua distinção numa sociedade de judeus ou de homossexuais, onde a condição de judeu ou de homossexual era a mais natural, mais desinteressante e mais banal do mundo. O mesmo, contudo, era também verdadeiro com relação àqueles que os acolhiam, e que necessitavam de um conjunto de elementos em contraponto, diante dos quais eles próprios pudessem ser diferentes, os não aristocratas que admiravam os aristocratas, como estes admiravam os judeus ou os homossexuais.

Embora esses grupos não tivessem nenhuma consistência própria, dissolvendo-se logo que os membros de outros grupos se afastavam, seus membros usavam de uma misteriosa linguagem de sinais, como se necessitassem de algo estranho que os identificasse uns aos outros. Proust Proust Proust, Marcel trata com detalhes a importância desses sinais, especialmente para os recém-chegados. Contudo, ao contrário dos homossexuais, mestres em linguagem de sinais, que pelo menos escondiam um segredo verdadeiro, os judeus usavam essa linguagem apenas para criar a esperada atmosfera de mistério. Seus sinais indicavam, de modo misterioso e ridículo, algo que todo o mundo sabia: que, no canto do salão da princesa de tal, estava sentado outro judeu que não podia abertamente revelar sua identidade mas que, sem essa qualidade no fundo desprovida de sentido, nunca teria galgado aquele lugar.

Vale notar que a nova sociedade mista do fim do século xix, como os primeiros salões judeus de Berlim, girava em torno da nobreza. A essa altura, a aristocracia havia perdido quase toda a sua avidez pela cultura e a curiosidade pelos “novos espécimes da humanidade”, mas conservava ainda o velho desprezo pela sociedade burguesa. Ansiava pela distinção social como resposta à igualdade política e à perda de posição e privilégios políticos que advieram com o estabelecimento da Terceira República. Após a breve e artificial ascensão durante o Segundo Império, a aristocracia francesa manteve-se apenas à custa de sentimento de clã e de pálidas tentativas de reservar os mais altos postos do Exército para seus filhos. Muito mais forte que a ambição política era o agressivo desdém pelos padrões da classe média, que, sem dúvida, foi um dos principais motivos da aceitação de indivíduos e de grupos inteiros de pessoas que haviam pertencido a classes socialmente rejeitadas. O mesmo motivo que havia levado os aristocratas prussianos a se reunirem socialmente com atores e judeus levou na França os invertidos ao prestígio social. Por outro lado, as classes médias não haviam adquirido a dignidade social, embora houvessem, entretanto, galgado riqueza e poder. A ausência de uma hierarquia política no Estado-nação e a vitória da igualdade tornou “a sociedade secretamente mais hierárquica à medida que se tornava externamente mais democrática”. Como os círculos sociais exclusivos do Faubourg Saint-Germain encarnavam o princípio da hierarquia, cada sociedade da França “reproduzia as características mais ou menos modificadas, mais ou menos em caricatura daquela sociedade do Faubourg Saint-Germain, que ela fingia, às vezes, [...] desdenhar, independentemente do status ou das ideias políticas de seus membros”. A sociedade aristocrática pertencia ao passado apenas na aparência; na verdade, permeava todo o corpo social (e não apenas o povo) e tinha suas ramificações não só na França; assim impunha “o tom e a letra da vida social elegante”. Quando Proust Proust Proust, Marcel sentiu a necessidade de uma apologia pro vita sua e reanalisou a sua vida, vivida em rodas dos aristocratas, analisou a sociedade.