Página inicial > Hermenêutica > Agamben (2022) – o mais inquietante

Agamben (2022) – o mais inquietante

Mas, mesmo antes de Platão, uma condenação ou ao menos uma suspeita em relação à arte   já tinha sido expressa na palavra de um   poeta e ao fim   do primeiro estásimo da Antígona   de Sófocles  . Após haver caracterizado o homem  , enquanto possui a τέχνη (isto é, no amplo significado que os gregos davam a essa palavra, a capacidade de pro-duzir, de levar uma coisa do não ser   ao ser  ), como aquilo que há de mais inquietante, o coro prossegue dizendo que esse poder   pode conduzir tanto à felicidade   quanto à ruína e conclui com um voto que faz lembrar o banimento platônico :

Que da minha lareira não se torne íntimo Nem partilhe os meus pensamentos Aquele que leva a cabo tais coisas. [1]

(AgambenH)


[1SÓFOCLES. Antígona, v. 372-375. Para a interpretação do primeiro coro da Antígona, cf. HEIDEGGER, Martin. Einführung in die Metaphysik (1953), p. 112-23. [Ed. bras. : Introdução à metafísica. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro : Tempo Brasileiro, 1987. p. 170-186.]