Em uma obra por vezes discutível mas sempre útil, André Jolies falou em 1930 de certas "formas simples" na literatura escrita e oral, ou seja, não redutíveis a outras formas, e que seriam o resultado do confronto organizador do homem com o mundo, sendo a língua o tema desse confronto. Nem a estilística, nem a retórica, nem a poética podem captá-las — reduzi-las —, e isso ainda menos porque não são verdadeiramente obras de arte, embora façam parte do patrimônio artístico. Tais são, portanto, (…)
Excertos de obras literárias, cênicas e gráficas, além de crítica literária, com foco no imaginal mitográfico, lendário e fantástico.
Matérias mais recentes
-
Faivre (Grimm) – "formas simples" na literatura escrita e oral
8 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
Faivre (Grimm) – As teorias sobre a "origem" dos contos
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroO conto considerado como forma de arte precisa ou fixa não existe na Alemanha — e dificilmente na Europa — antes do século X. Antes disso, trata-se muito mais de Kraftmärchen, ou conto heroico, mais próximo da gesta heroica (Heldensage). O conto do tipo KHM difundiu-se mais no norte da Alemanha (Holstein, Pomerânia, Mecklemburgo), enquanto a Áustria e a Baviera permaneceram como o local preferido para lendas e canções populares.
A Märchenforschung (o estudo do conto) "é uma ciência (…) -
Faivre (Grimm) - Os Irmãos Grimm e a germanística romântica
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroUma das características do Romantismo alemão, movimento tanto filosófico quanto literário, parece ser o gosto pela síntese. Esse traço, somado à obsessão pelas origens, explica um esforço intensivo e extensivo para obter um conhecimento aprofundado de todos os domínios possíveis, para encontrar entre eles relações e conexões. A enciclopédia de Novalis, que permaneceu inacabada, conserva um valor exemplar para a época, pois esse tipo de esboço feito de aforismos e fragmentos expressa um (…)
-
Fausto – zombarias de Mefistófeles e danação
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroZombarias de Mefistófeles e lamentos do doutor Fausto.
Enquanto o doutor Fausto se atormentava de tal modo que não podia mais falar, seu espírito Mefistófeles veio a ele e disse: Visto que conheces as Sagradas Escrituras, e elas te ensinam a amar e adorar apenas um Deus, servi-lo somente, e não a outro, nem à esquerda, nem à direita, e que era teu dever ser submisso e obediente a Ele; mas como não fizeste isso, ao contrário, o abandonaste e renegaste, perdeste Sua graça e misericórdia; e (…) -
Fausto – espíritos infernais
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroEspíritos infernais, entre os quais os sete principais são nomeados.
O diabo, chamado Belial, disse ao doutor Fausto: Do norte vi teu pensamento, e é tal que gostarias de ver alguns dos espíritos infernais que são príncipes; por isso quis aparecer a ti com meus principais conselheiros e servos para que tenhas teu desejo cumprido. O doutor Fausto respondeu: Ora, onde estão? Então Belial os fez vir. Belial aparecera ao doutor Fausto na forma de um elefante malhado com o dorso negro; apenas (…) -
Fausto – lamentações e inferno
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroAs lamentações e gemidos do doutor Fausto.
Ao doutor Fausto as horas escorriam como um relógio, sempre com medo de quebrar; pois estava todo aflito, gemendo, chorando e sonhando consigo mesmo, batendo os pés e as mãos como um desesperado. Era inimigo de si mesmo e de todos os homens, de modo que se escondeu e não quis ver ninguém, nem mesmo Mefistófeles, nem o suportou perto de si. Por isso, quis inserir aqui uma de suas lamentações que foram registradas por escrito.
Ah! Fausto, és bem (…) -
Fausto – Helena
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroNo domingo, Helena encantada.
No domingo, alguns estudantes vieram, sem serem convidados, à casa do doutor Fausto para jantar com ele, e trouxeram consigo carnes e vinho, pois eram pessoas de gastos extravagantes. Assim, quando o vinho começou a subir, começou-se a falar à mesa sobre a beleza das mulheres, e um deles começou a dizer aos outros que não desejava ver mulheres bonitas, a não ser a bela Helena da Grécia, porque sua beleza havia sido a causa da ruína total da cidade de Tróia, (…) -
Fausto – pacto com o diabo
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroO doutor Fausto conjura o diabo pela primeira vez.
Fausto foi a uma floresta espessa e obscura, como se pode imaginar, que está situada perto de Wittenberg e se chama floresta de Mangealle, que outrora era muito conhecida por ele. Nessa floresta, ao anoitecer, num cruzamento de quatro caminhos, traçou com um bastão um círculo redondo e outros dois que se entrelaçavam no grande círculo. Conjurou assim o diabo na noite, entre nove e dez horas; e então, manifestamente, o diabo se soltou no (…) -
Fausto – Apresentação
8 de julho, por Murilo Cardoso de CastroFAUSTO (JOÃO). – Como inventor da imprensa e por ter publicado e difundido na Europa as primeiras edições da Bíblia, Jean Faust merece ser mencionado no Dicionário de Literatura Religiosa. Seu nome pertence, aliás, à poesia lendária e foi popularizado pelo drama alegórico de Goethe. Na época em que vivemos, ainda é permitido duvidar se a invenção da imprensa foi um benefício ou um flagelo para a humanidade: o fato é que, por meio dessa arte, a árvore do conhecimento do bem e do mal sacudiu (…)
-
FAUST
8 de julho, por Murilo Cardoso de Castro