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Safranski (Romantismo) – medo do tédio em Tieck

domingo 6 de julho de 2025

[...] O mal  -estar diante da normalidade se concentra no medo do tédio  . Ele está sempre presente como ameaça nas obras dos românticos. No William Lovell de Tieck   encontra-se uma descrição marcante desse sentimento  : “O tédio é certamente a tortura do inferno  , pois até agora não conheci nenhuma maior; as dores do corpo   e da alma   ocupam o espírito, o infeliz passa o tempo   com lamentações, e sob o emaranhado de ideias   tumultuosas as horas passam rapidamente e despercebidas: mas como eu sento aqui a olhar as unhas, ando pelo quarto para cima e para baixo, para me sentar de novo, esfregar as sobrancelhas, e me concentrar em algo, não se sabe em quê; então de novo olhar pela janela, e depois, para variar, poder jogar-se ao sofá — ah... me diga um   sofrimento   que se iguale a esse crustáceo que devora o tempo pouco a pouco, e onde se mede o tempo minuto por minuto, onde os dias são longos e as horas tantas, e a gente, depois de um mês, exclama surpreso: meu Deus  , como o tempo é fugaz!”

SAFRANSKI  , Rüdiger. Romantismo  . Tr. Rita Rios. São Paulo : Estação Liberdade  , 2010