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Safranski (Romantismo) – medo do tédio em Tieck
domingo 6 de julho de 2025
[...] O mal-estar diante da normalidade se concentra no medo do tédio. Ele está sempre presente como ameaça nas obras dos românticos. No William Lovell de Tieck Tieck Ludwig Tieck (1773-1853) encontra-se uma descrição marcante desse sentimento: “O tédio é certamente a tortura do inferno, pois até agora não conheci nenhuma maior; as dores do corpo e da alma ocupam o espírito, o infeliz passa o tempo com lamentações, e sob o emaranhado de ideias tumultuosas as horas passam rapidamente e despercebidas: mas como eu sento aqui a olhar as unhas, ando pelo quarto para cima e para baixo, para me sentar de novo, esfregar as sobrancelhas, e me concentrar em algo, não se sabe em quê; então de novo olhar pela janela, e depois, para variar, poder jogar-se ao sofá — ah... me diga um sofrimento que se iguale a esse crustáceo que devora o tempo pouco a pouco, e onde se mede o tempo minuto por minuto, onde os dias são longos e as horas tantas, e a gente, depois de um mês, exclama surpreso: meu Deus, como o tempo é fugaz!”
SAFRANSKI Safranski Rüdiger Safranski (1945) , Rüdiger. Romantismo. Tr. Rita Rios. São Paulo : Estação Liberdade, 2010