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Abellio (Ézéchiel) – niilismo e santidade

segunda-feira 7 de julho de 2025

De 1934 a 1941, Patrick foi ininterruptamente membro do Comitê Central do partido comunista, e sua vida não deixou de ser para nós um maravilhoso estimulante. Nossa geração foi alimentada pelo marxismo. Mas o problema não é ser marxista, é deixar de sê-lo, é sair do marxismo como o próprio Patrick havia saído, sem recair na banalidade e na facilidade burguesas. Muitas vezes, no fim, Drameille e eu procurávamos e encontrávamos no rosto de Patrick aquele mesmo sorriso cético, quase imperceptível, que se descobre, olhando bem, nos traços de Stalin, e que é uma das coisas mais carregadas de sentido da época. Mas, para chegar a esse grau de ciência, Patrick havia passado por uma crise psicológica extraordinária, a crise-tipo pela qual passarão todos os comunistas reflexivos, todos os revolucionários com escrúpulos, uma vez que tenham tomado consciência da fatalidade que pesa sobre o mundo. E essa crise os levará todos a escolher conscientemente, como Patrick, entre as duas únicas vias que restam abertas: a ação, evidentemente, mas a ação sem esperança, sabendo bem que ela não tende mais do que a provocar a destruição coletiva, ou então, ao contrário, o distanciamento, uma espécie de contemplação lúcida que não tende mais do que a aceitar essa dita destruição. Patrick havia sido um dos primeiros a colocar, com admirável tranquilidade, esse dilema do niilismo e da santidade.