No entanto, o livro que acabo de ler propõe ao pensamento um Swedenborg completamente diverso. A ideia vaga e hoffmaniana que minha ignorância formara dele mudou-se na de uma figura não menos enigmática, mas precisa - potentemente interessante, cuja história intelectual suscita uma quantidade de problemas de primeira importância no âmbito da psicologia do conhecimento.
Li a obra de M. Martin Lamm com um apego crescente; via desenhar-se, de capítulo em capítulo, o extraordinário Romance de (…)
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Obras e crítica literárias
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O livro de M. Martin Lamm sobre Swedenborg (Valéry)
15 de abril, por Murilo Cardoso de Castro -
Os Cahiers carregam originalidade do viés anti-filosófico de Valéry
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroSignorile1993
A criação abre o caminho para o conhecimento, porque o conhecimento está ligado ao aprendizado sobre a ação e suas obras. Essa posição é suficiente para justificar a relevância filosófica dos Cahiers. Ela permite, inclusive, explicar as variações destes últimos, ao sabor das consequências e das discussões em meio às quais eles se desenvolvem. De fato, Valéry nunca define sua filosofia mais claramente do que nos momentos em que rejeita toda filosofia. Quando ele reflete sobre (…) -
A aparente desordem dos Cahiers de Valéry
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroSignorile1993
A aparente desordem e a repetição temática [nos Cahiers de Valéry] são inicialmente desconcertantes, ainda mais porque essa é uma filosofia profundamente racionalista e móvel. A todo momento, o leitor é convidado a traçar um paralelo entre o racionalismo de Descartes e o evolucionismo de Bergson.
Mas se, em ambos, Valéry considera a Razão o princípio e o movimento o instrumento, as observações relacionadas a construir, fazer e criar dão o tom da filosofia de Valéry, além de (…) -
Unidade da filosofia de Valéry
15 de abril, por Murilo Cardoso de CastroSignorile1993
A unidade da filosofia de Valéry não é imediatamente óbvia. A profusão e a aparente desarticulação dos Cahiers, bem como a recusa do autor em explicitar publicamente os principais princípios filosóficos de seu pensamento, são duas razões para isso.
De fato, a impressão de desordem que surge ao entrar em contato com esse corpus está correlacionada com a escrita fragmentária e os múltiplos temas abordados. Por outro lado, sua pesquisa e seu jízo voluntariamente crítico, por (…) -
Goethe – Fausto e Helena
1º de abril, por Murilo Cardoso de Castro(Hadot2018)
“Então o espírito não olha nem para frente, nem para trás. Só o presente é nossa felicidade”. Quando, no Fausto II, o herói de Goethe pronuncia essas palavras, parece haver alcançado o ponto culminante de sua “busca da mais elevada existência”. A seu lado, no trono que fez erguerem para ela, está sentada Helena, aquela cuja beleza esplêndida ele entreviu no espelho da cozinha da feiticeira, aquela que, para entreter o Imperador, ele evocou no primeiro ato, após uma assustadora (…) -
Goethe, luz irradiada pelas obras-primas
1º de abril, por Murilo Cardoso de Castro(Deghaye2000)
Assim, quando Goethe fala da luz irradiada pelas obras-primas, ele imita uma tradição religiosa. No entanto, os trovões e relâmpagos que acompanham o nascimento de Cristo exigem uma reflexão. Certamente, pode-se simplesmente dizer que houve uma tempestade, o que é verdadeiro, pois Goethe o especifica. Mas essa tempestade não teria um sentido simbólico?
O leitor desavisado pode pensar que essa anotação de Goethe não combina com a tradição religiosa. De fato, o nascimento de (…) -
Goethe, Dichtung und Wahrheit
1º de abril, por Murilo Cardoso de Castro(Deghaye2000)
Ao ler este relato, somos levados a interpretar retrospectivamente a reação de Goethe quando, ainda jovem estudante em Leipzig, ele visitou o museu de Dresden. O discípulo de Friedrich Oeser, que pregava o evangelho do Belo sob a invocação de seu amigo Winckelmann, não deveria se apressar em direção às obras antigas? Pois bem, não. Ele também não foi ver a Madona Sistina, que Winckelmann, apesar de seu "paganismo", muito curiosamente considerava como a obra-prima da imitação (…) -
Goethe, Viagem à Itália
1º de abril, por Murilo Cardoso de Castro(Deghaye2000)
Em Viagem à Itália, Goethe frequentemente se expressa como os místicos. Os espirituais cristãos atribuem grande importância à noção de segunda-nascença. Encontramos essa ideia nos escritos de Goethe, que repete o termo com demasiada predileção para não lhe atribuir certa realidade. Qual seria? Certamente não é a mesma de um tratado de teologia mística, mas, em um plano diferente, podemos aceitar uma equivalência. Goethe sente forças vivas atuando na raiz de sua personalidade, (…) -
Goethe e as artes plásticas
1º de abril, por Murilo Cardoso de Castro(Deghaye2000)
Assim, em vez de enxergar em Goethe um amador pouco talentoso que insistia em perseguir a quimera de uma arte para a qual não tinha verdadeira vocação, preferimos considerar sua reflexão estética segundo sua finalidade própria, que parece, antes de tudo, responder a uma preocupação literária.
A especulação sobre as artes plásticas se insere em uma evolução que, propriamente falando, não é a de um pintor, nem de um escultor, nem mesmo de um verdadeiro historiador da arte. (…) -
Werther, Goethe
1º de abril, por Murilo Cardoso de Castro(Deghaye2000)
Goethe havia sido consagrado poeta pelos sucessos que muito cedo havia conquistado. No entanto, ele acreditou por muito tempo que sua vocação era dupla. Ele se considerava verdadeiramente predestinado às belas-artes. Foi apenas em 1788, na Itália, que sua desilusão foi total.
Certamente, Goethe sentiu, muito antes, uma certa ambiguidade. Werther é testemunha disso. Sua história é essencialmente a de um artista atingido pela esterilidade e que não se reconhece como poeta. (…)