Para raciocinar, julgar e querer, o homem precisa crer num absoluto que seja ao mesmo tempo o ser real e a verdade por excelência, e o valor supremo. Imediatamente me apresentarão o primeiro transeunte encontrado na rua e, ao interrogá-lo, mostrar-me-ão que ele nem sequer suspeita o que poderia ser tal noção; pois, como para a grande maioria dos homens, a preocupação de analisar as operações de seu espírito lhe é estranha. Mas aquele que pensa me contradizer ao me lembrar dessa observação (…)
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Ditados
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René Daumal – O Absoluto
30 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
René Daumal – A palavra Deus
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroA fisiologia e a sociologia, por si sós, poderiam, portanto, explicar, na maioria dos casos, como a palavra Deus, ouvida ou pronunciada por um indivíduo humano, coloca seu corpo em um estado de serenidade, alegria, exaltação ou medo; não é necessário passar pelo desvio da ideia. Além disso, para quem não teve a experiência real da noção de um absoluto, vários nomes podem substituí-la e comandar a disposição cenestésica que será falsamente chamada de certeza, fé, adoração ou graça. Assim se (…)
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René Daumal – Sábios da Índia
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroUn autre fait a contribué à semer dans l’immense littérature philosophique et mystique de l’Inde des vérités puissantes, fruits de révoltes anciennes et germes de futures révolutions. Les livres théologiques eux-mêmes sont minés, empoisonnés de vérités qui les nient. J’ai laissé de côté, comme n’intéressant pas l’histoire sociale de l’époque, le rôle des ascètes, qui, après de longues années de méditations solitaires, communiquaient leurs enseignements à quelques rares élèves. Nous ne (…)
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René Daumal – Carta a Geneviève (19 août 1942)
30 de junho, por Murilo Cardoso de CastroTu te lembras que, no início, te dissemos: uma das nossas primeiras tarefas é criar uma linguagem comum. No começo, isso é entendido como um acordo sobre os rótulos que se colocará nas coisas, concordar com uma terminologia. Tu vês hoje que isso tem ainda outro sentido. Não há nascimento sem morte. Não se adiciona uma nova linguagem à antiga. É preciso que a antiga morra. Mas entre a morte e o nascimento, há um «entre-dois», um bardo, que não é agradável. O intelecto é muito hábil. O próprio (…)
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Fernando Pessoa – No túmulo de Christian Rosenkreuz
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroI Quando, despertos deste sono, a vida, Soubermos o que somos, e o que foi Essa queda até Corpo, essa descida Até à Noite que nos a Alma obstrui, Conheceremos pois toda a escondida Verdade do que é tudo que há ou flui? Não: nem na Alma livre é conhecida... Nem Deus, que nos criou, em Si a inclui. Deus é o Homem de outro Deus maior: Adam Supremo, também teve Queda; Também, como foi nosso Criador, Foi criado, e a Verdade lhe morre... De além o Abismo, Siprito Seu Lha veda; Aquém não a há (…)
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Fernando Pessoa – O caminho da serpente está fora das ordens...
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroLes événements sont des hommes. Les circonstances sont les gens. Une bataille, un dîner, un regard, un baiser - chacune de ces choses, parce que c’est une chose, c’est un être, une personne d’une certaine manière de chair et de sang.
Nous les hommes ne sommes que des événements, lents par rapport aux autres, constitués de cellules, et chaque cellule est un événement parmi les éléments qui la composent... et donc à l’infini à l’intérieur.
Tout est séparé et tout est un. Tous les (…) -
Fernando Pessoa – Fogo
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroWay of the Serpent.
A disposição mundana das coisas, que são geradas pelo Fogo, tem a figura do symbolo do Fogo, que é a Pyramide (de pyr, que em grego é Fogo). Quer dizer, as Ordens das cousas são Um em cima, Dois a meio, e Trez em baixo. São um em cima, porque o vertice é um ponto; são trez em baixo porque a pyramide real tem trez faces, cada uma composta de um triangulo equilatero; são dois em meio porque, embora nada em meio seja materialmente, ou numericamente, dois, é dois todavia o (…) -
Fernando Pessoa - Eu vos encontrei
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroJe vous ai trouvé,
Eu vos encontrei,
Eu vos reencontrei
Pois vos havia sonhado
Há tantos dias,
E eu vos amei,
Oh, eu vos amei,
E eu vos amarei sempre.
Não, não sei
Se sequer existis,
Nem se este coração cansado
Pode vos achar quando vos ama.
Pois o amor
Sempre fala baixo,
Tem medo do preço [?] e dos dias.
Mas, eu vos amo,
Oh, eu vos amo,
E eu vos amarei sempre.
Sois rainha,
Sois sereia?
Que importa a este amor
Que vos faz soberana? (…) -
Fernando Pessoa – Mamãe, Mamãe
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroMaman, mamanMamãe, Mamãe. Teu pequeno filho Que cresceu Só ficou mais triste. Mamãe, Mamãe, Sinto tanto tua falta Por que te perdi? Meu coração de criança Teu pequeno filho De sempre, Terá se tornado de um adulto Só para te perder de vista E não ter mais teu amor? Mamãe, Mamãe, Mortas estás sem dúvida Em algum lugar onde me escutas Vê: continuo sendo teu filho Teu pequeno filho Que cresceu, E cheio de lágrimas e dúvidas. E que não tem prazer nem (…)
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Fernando Pessoa – Tabacaria
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroJE ne suis rien. Jamais je ne serai rien. Je ne puis vouloir être rien. Cela mis à part, je porte en moi tous les rêves du monde. _ Je suis aujourd’hui perplexe, comme qui a réfléchi, trouvé, puis oublié. Je suis aujourd’hui partagé entre la loyauté que je dois Au Bureau de Tabac d’en face, en tant que chose extérieurement réelle, Et la sensation que tout est songe, en tant que chose réelle vue du dedans. _ J’ai rêvé plus que jamais Napoléon ne rêva. J’ai sur mon sein hypothétique pressé (…)