tradução
A palavra representação, que desnaturou toda a teoria do conhecimento, diz Mairena em curso de retórica, se presta a numerosas confusões que podem ser fatais para o poeta. As coisas estão presentes na consciência ou ausentes dela. Não é fácil demonstrar e, de fato, ninguém demonstrou que elas estavam representadas na consciência. Mas, mesmo se se admite que existe um tipo de espelho na consciência uma espécie de espelho que reflete imagens mais ou menos semelhantes às coisas (…)
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Ditados
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Antonio Machado: representação - consciência
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro -
Antonio Machado: identidade e o outro
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castrotradução
Do um ao outro é o grande tema da metafísica. Todo o trabalho da razão humana tende à eliminação do segundo termo. O outro não existe: tal é a fé racional, a crença incurável da razão humana. Identidade = realidade, como se, afinal, tudo houvesse que ser, absoluta e necessariamente, um e o mesmo. Mas o outro não pode ser eliminado; subsiste, persiste; é o osso duro de roer, no qual a razão deixa seus dentes. Abel Martín, com fé poética, não menos humana que a fé racional, (…) -
Antonio Machado: CANTARES
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroProverbios y cantares (Campos de Castilla)
Tudo passa e tudo fica porém o nosso é passar, passar fazendo caminhos caminhos sobre o mar
Nunca persegui a glória nem deixar na memória dos homens minha canção eu amo os mundos sutis leves e gentis, como bolhas de sabão
Gosto de vê-los pintar-se de sol e graná voar abaixo o céu azul, tremer subitamente e quebrar-se...
Nunca persegui a glória
Caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais; caminhante, não há caminho, se faz caminho ao (…) -
Machado de Assis (DC:CI) – Noite de Núpcias
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroPois sejamos felizes de uma vez, antes que o leitor pegue em si, morto de esperar, e vá espairecer a outra parte; casemo-nos. Foi em 1865, uma tarde de março, por sinal que chovia. Quando chegamos ao alto da Tijuca, onde era o nosso ninho de noivos, o céu recolheu a chuva e acendeu as estrelas, não só as já conhecidas, mas ainda as que só serão descobertas daqui a muitos séculos. Foi grande fineza e não foi única. S. Pedro, que tem as chaves do céu, abriu-nos as portas dele, fez-nos entrar, (…)
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Machado de Assis (MPBC:) – formas do mal
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroEram as formas várias de um mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor cedia alguma vez, mas cedia à indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era uma dor bastarda. Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das cousas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos (…)
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Proust (BTP:III) – o livro
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroFernando Py
Afinal, a noção do Tempo adquiria um último valor para mim: a de um aguilhão, ela me dizia que era tempo de começar, caso quisesse atingir o que por vezes sentira durante a vida, em breves intuições, no caminho de Guermantes, em meus passeios de carro com a sra. de Villeparisis, e que me haviam feito considerar a vida como digna de ser vivida. Quanto mais digna a considerava agora, visto que me parecia poder iluminá-la, ela que passamos nas trevas, trazê-la de volta à verdade (…) -
Masui: sair de si mesmo
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroDesde tempos imemoriais, as pessoas têm atestado o fato de que têm o poder de ser elas mesmas e de ser mais do que elas mesmas: que possuem a capacidade de sair de si mesmas ou de transcender a vida comum em breves momentos de intensidade variável. Esse dom secreto foi reconhecido por todas as religiões e todas as filosofias autênticas como a força motriz secreta e a razão de ser do homem.
É possível para nós", escreveu Shrî Aurobindo, "por meio de uma progressiva expansão ou superação de (…) -
Masui: vida interior
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroA vida interior é uma expressão um tanto vaga que precisa ser definida. Não pretendemos usá-la em oposição à vida exterior, da mesma forma que opomos os introvertidos aos extrovertidos. Tampouco pretendemos limitá-la apenas à vida religiosa.
Todo conhecimento exterior chega ao fim em seu interior, no espírito que constrói o mundo à sua própria imagem. Tudo é assimilado e resolvido no cadinho da alma, onde ocorre a identificação entre sujeito e objeto. O objetivo final da vida interior é o (…) -
Masui: o instante
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroQuais são as coisas que podem ter alguma certeza para nós, independentemente de qualquer contribuição cultural, senão os momentos? Pois a certeza não pode ser medida pelos dados de nossa vida cotidiana, mas apenas pelos momentos em que nos abandonamos a outra coisa, os momentos em que transcendemos os eventos de nossa própria vida.
Esses momentos não podem ser julgados ou avaliados; nenhum critério pode ser aplicado a eles: eles são. É deles que nos lembramos como os momentos abençoados de (…) -
Meyrink (Golem) – Quem pode dizer algo sobre o Golem ?
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroMeyrinkG
"— ’Eu só estava pensando como é muito estranho ver o vento agitar coisas sem vida, como nossos casacos há pouco’, respondeu rapidamente Prokop para justificar seu silêncio. ’Parece tão extraordinário quando objetos destinados à imobilidade de repente começam a se agitar. Não é?...’
Uma vez vi numa praça deserta um maço de papéis — sem que eu sentisse o vento, pois estava abrigado por uma casa — rodopiar violentamente e perseguir uns aos outros como se tivessem jurado morte (…)