Pois bem, um homem desses, um homem direto, é que eu considero um homem autêntico, normal, como o sonhou a própria mãe carinhosa, a natureza, ao criá-lo amorosamente sobre a terra. Invejo um homem desses até o extremo da minha bílis. Ele é estúpido, concordo, mas talvez o homem normal deva mesmo ser estúpido, sabeis? Talvez isto seja até muito bonito. Estou tanto mais convencido desta suspeita, por assim dizer, que se tomarmos, por exemplo, a antítese do homem normal, isto é, o homem de (…)
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Ditados
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Dostoiévski (Subsolo:C3) – um camundongo de consciência hipertrofiada
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro -
Goethe (Fausto): no princípio era a ação
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroAntónio Feliciano de Castilho
(Abre a Bíblia no Evangelho de S. João)
No princípio era o Verbo. É esta a letra expressa;
aqui está... No sentido é que a razão tropeça.
Como hei-de progredir? há ’í quem tal me aclare?
O Verbo!! Mas o Verbo é coisa inacessível.
Se apurar a razão, talvez se me depare
para o lugar de Verbo um termo inteligível...
Ponho isto: No princípio era o Senso... Cautela
nessa primeira linha; às vezes se atropela
a verdade e a razão co’a rapidez da pena;
pois (…) -
Goethe Doutrina das Cores
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroO Olhar Luminoso
Faust (erblindet): Die Nacht scheint tiefer tief hereinzudringen, Allein im Innern léuchtet helles Licht... Faust II, 11500[["Fausto (ofuscado)". A noite parece adentrar-se profundamente, Somente no interior resplandece clara luz.]
O Prefácio e a Introdução formam provavelmente a parte mais instigante da Doutrina das Cores, visto que contêm quase todas as questões discutidas posteriormente. Mas, apesar de extremamente sintéticos e de apresentarem argumentos que parecem (…) -
Goethe Doutrina das Cores Prefacio
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroGoethe — Doutrina das Cores Excertos da tradução de Marco Giannotti Prefácio
Quando se fala das cores, não se deve, em primeiro lugar, mencionar a luz? Pergunta bem natural, que responderemos de modo sucinto e direto, pois até agora se disse tanta coisa a respeito da luz, que nos parece inconveniente repetir o que já foi dito, ou acrescentar algo àquilo que muitas vezes se repetiu.
Expressar a essência de algo é propriamente um empreendimento inútil. Percebemos efeitos, e uma história (…) -
Hesse (Demian) – singularidade do "ser" humano
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroOs poetas, quando escrevem romances, costumam proceder como se fossem Deus e pudessem abranger com o olhar toda a história de uma vida humana, compreendendo-a e expondo-a como se o próprio Deus a relatasse, sem nenhum véu, revelando a cada instante sua essência mais íntima. Não posso agir assim, e os próprios poetas não o conseguem. Minha história é, no entanto, para mim, mais importante do que a de qualquer poeta é para ele, pois é a minha própria história, e é a história de um homem — não (…)
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Hesse (HOA:1) – uma caminhada na primavera
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro[HESSE, Hermann. Hymn to Old Age. Tr. David Henry Wilson. London: Pushkin Press, 2012 [ebook], "A WALK IN THE SPRING
tradução do inglês
UMA VEZ MAIS AS PEQUENAS gotas de lágrimas brilham nos botões das folhas resinosas, as primeiras borboletas abrem e fecham seus finos mantos de veludo e os meninos brincam com piões e bolinhas de gude. É a Semana Santa, repleta de sons transbordantes, carregada de memórias de ovos de Páscoa de cores deslumbrantes, Jesus no Jardim do Getsêmani, Jesus no (…) -
Hofmannsthal: tradução da presença em linguagem
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroA base de minha compreensão da Lebensphilosophie, ou filosofia da vida, é a presença da vida, por um lado, e a expressão dessa presença, por outro. Por mais pungente ou intensa que seja a experiência de vida de uma pessoa, há intervalos de inércia entre a realização e a apreensão, entre a apreensão e o compartilhamento da presença por meio da linguagem. Aqui, linguagem significa articulação. Os praticantes da filosofia da vida são indivíduos expressivos cuja extraordinária capacidade de (…)
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Allemann – Hölderlin, la structure temporelle de la poésie
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroL’utilisation de Heidegger par la critique littéraire existentialiste s’oriente surtout vers la reprise de structures existentiales qui semblent particulièrement appropriées à l’interprétation de la poésie. Ces structures se présentent surtout dans la première section d’Être et Temps. Il faut systématiquement distinguer d’une telle critique, l’interprétation qui s’interroge sur la structure de la temporellité poétique en se référant à l’analyse temporelle de Heidegger. Car la temporellité (…)
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Allemann: Hölderlin, la poésie comme document pré-ontologique
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroÊtre et Temps renvoie, en liaison avec l’explication du Souci comme structure fondamentale du Dasein, à la Fable d’Hygin, Cura cum fluvium transir et..., en tant que document littéraire pour l’analyse correspondante. Heidegger lui consacre un paragraphe entier qu’il intitule Uêpreuve de l’interprétation existentiale du Dasein comme Souci, à l’aide de l’ex-plication spontanée pré-ontologique du Dasein (SZ, 196). Mais Heidegger n’entre pas plus avant dans la question pourtant extrêmement (…)
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Kafka (ZA:13) – desejo de morrer
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castronossa tradução
Uma primeira indicação de vislumbre de compreensão é o desejo de morrer. Esta vida parece insuportável, uma outra inacessível. Já não se sente vergonha de querer morrer; a petição de alguém para ser movido de sua cela antiga, que odeia, para uma nova, que virá a odiar. Um último vestígio de crença também está envolvido aqui, pois, durante a movimentação poderia o governador da prisão, por acaso, caminhar pela passagem, ver o prisioneiro e dizer: "Não tranca este homem (…)