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Linguagem onírica, presente no mundo da poesia e da revelação

sexta-feira 18 de abril de 2025

Apresentação de Patrick Valette (Schubert1982)

Mas Schubert Schubert Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) não se limita apenas ao domínio onírico. No segundo capítulo, ele propõe comparar o mundo do sonho ao da poesia e da revelação. O sonho compartilha com a poesia e a profecia "essa linguagem feita de imagens e hieróglifos, utilizada pela Sabedoria Suprema em todas as suas revelações à humanidade, que se manifesta na linguagem próxima da poesia e que, no estado atual, se assemelha mais à expressão metafórica do sonho do que à prosa do estado de vigília."

O autor, portanto, suspeita da analogia fundamental entre o sonho, a poesia e a revelação, já que seu idioma é idêntico, composto por imagens cujo conteúdo tem validade universal—identidade que Schubert Schubert Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) estende ao mito e às imagens míticas no capítulo 3. Nesta primeira parte da obra, encontramos uma associação particularmente perspicaz e ousada, que evidencia a universalidade das criações do inconsciente e confirma, caso fosse necessário, que a descoberta do inconsciente (não freudiano) foi, de fato, obra dos pensadores românticos.

Aqui nos aproximamos curiosamente da concepção de C.G. Jung Jung Carl Jung (1875-1961) , que, como Carus, reconhece a presença de um inconsciente pessoal e individual, mas que demonstraria a existência de um inconsciente coletivo—"absoluto" em Carus e diferente do inconsciente "relativo"—manifestando-se tanto nos sonhos individuais quanto nas obras poéticas e artísticas, assim como nos mitos coletivos e sistemas religiosos.

Um dos grandes méritos de Schubert Schubert Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) na Simbólica também é chamar a atenção do leitor para essa "função de compensação" do sonho, perceptível em diversos momentos e que C.G. Jung Jung Carl Jung (1875-1961) atribuía ao inconsciente como um todo: "uma grande parte de nossos sonhos [...] é constituída por uma verborragia vazia e insignificante, e às vezes a alma se compensa no sonho por todos os diálogos inúteis que lhe são negados durante o dia, assim como as almas profundas, que parecem não ter meios de expressão na vigília, encontram um, mais poderoso e rico, no sonho" (capítulo 1).

Além disso, as analogias que Schubert Schubert Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) descobre revelam-se particularmente fecundas, pois nos abrem caminho para uma melhor compreensão dos fenômenos psíquicos—introduzida pela noção de linguagem, que permeia toda a primeira parte da obra. Se essa linguagem é universal, é porque remonta às origens; nesse ponto, Schubert Schubert Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) se mostra discípulo de Hamann e Herder ao afirmar que "a poesia é [...] a língua original dos povos, sendo a prosa, afinal, uma invenção posterior."

Nos Aphorismen und Aussprüche (Aforismos e Máximas), de Hamann, de 1762, lemos: "A poesia é a língua materna da humanidade; ela precede a prosa como a jardinagem precede a agricultura, a pintura precede a escrita, o canto precede a declamação, as metáforas precedem os raciocínios, o escambo precede o comércio." Já Herder, em 1770, ao tratar das origens da linguagem, afirmava que "a poesia é anterior à prosa, pois o que é a linguagem em seus primórdios senão uma imitação da natureza que se expressa, age e se movimenta, um resumo dos elementos da poesia?"

A outra influência determinante, que se reflete no segundo capítulo da Symbolique, é a de Novalis, autor que Schubert Schubert Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) nunca deixou de ler. Afirmações como "A linguagem poética é mais expressiva, mais poderosa que a prosa" e "A poesia é a chave para nosso enigma interior" remetem ao valor supremo que o poeta dos Hinos à Noite atribuía à poesia: "A poesia é a realidade absoluta" e "A poesia é a representação do fundo da alma, do mundo interior em sua totalidade".

Assim, para os pensadores românticos—e naturalmente para Schubert Schubert Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) —ela representa um caminho privilegiado para o conhecimento do inconsciente: "É dentro de nós que o caminho misterioso conduz." Essa concepção elevada da poesia, vista como uma verdadeira fonte de conhecimento e como um sacerdócio, justifica todas as associações que Schubert Schubert Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) estabelece entre poesia e revelação: "A alma que, ao falar a linguagem do sonho, consegue realizar combinações proféticas e ver o futuro, dispõe também dessa faculdade na esfera da poesia superior; a inspiração verdadeiramente poética e a inspiração profética são aparentadas; os profetas sempre foram poetas."

A poesia, portanto, não é de forma alguma um mero passatempo divertido, como acreditavam os racionalistas do século XVIII, mas sim um meio de acesso a certas regiões obscuras em comunicação com uma realidade mais profunda do que aquela que alcançamos no estado de vigília, quando usamos a prosa para nos expressar.

Em Schubert Schubert Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) , assim como antes em Novalis, a poesia recupera esse caráter sagrado que a coloca em oposição radical ao mundo prosaico. Ela está associada à profecia, ao mito e até mesmo às vaticinações das pitonisas da Antiguidade, nas quais Schubert Schubert Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) identifica "o efeito tranquilizador, quase sonolento, da métrica, que conduz a alma à esfera dos sentimentos obscuros e do sonho".

Essa imersão nas profundezas da alma humana através da poesia pode, portanto, reencontrar, por meio do ritmo poético—que aqui assume o papel de uma incantação mágica—a harmonia do universo, cujo ritmo corresponde ao da alma exaltada pelo canto, que, ao apaziguar a consciência diurna, favorece o florescimento da vida inconsciente.