Nego que um pensamento claro possa ser inexprimível. No entanto, a aparência me contradiz: pois, assim como há certa intensidade de dor onde o corpo já não está envolvido, porque se dele participasse, fosse mesmo com um soluço, seria, parece, imediatamente reduzido a cinzas; assim como há um cume onde a dor voa com suas próprias asas, do mesmo modo há certa intensidade do pensamento onde as palavras já não têm parte. As palavras convêm a certa precisão do pensamento, como as lágrimas a certo (…)
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Matérias
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René Daumal – A Grande Bebedeira
1º de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
René Daumal – Diálogo laborioso sobre o poder das palavras (5)
1º de julho, por Murilo Cardoso de CastroTotochabo dizia:
— ... O mais cretino dos virtuosos, depois de alguns anos de exercício, consegue quebrar uma taça de cristal à distância, pela simples emissão da nota exata correspondente ao equilíbrio instável da matéria vítrea. Citam-se vários violinistas, não mais idiotas que outros, que faziam isso quase naturalmente. A dona da casa fica sempre muito orgulhosa de ter sacrificado à Arte, ou à Ciência, conforme o caso, a mais bela peça de sua cristaleira, uma lembrança de família, ainda (…) -
René Daumal – Rig-Veda IX - oferta do licor
1º de julho, por Murilo Cardoso de Castrotradução
1. Lá vem ele com o som tênue do pensamento Poderoso e com carros velozes, Ele vai aonde o Ardente o designar.
2. Eis que ele faz muitas coisas brilharem com o pensamento Para a grande luminosidade Aí onde residem aqueles que não têm mais morte.
3. Ei-lo excitado, ele é conduzido no interior por uma marcha de esplendor Quando os ardentes o incitam.
4. Ei-lo correndo sua corrida, ele afia Seus chifres, ele o touro do rebanho, Afirmando pelo dom da força os dotados de humano. (…) -
Fernando Pessoa – Pensar por antíteses...
28 de junho, por Murilo Cardoso de CastroSabem todos que a dialéctica platônica decompõe o movimento do raciocínio em três tempos sucessivos — a tese, a antítese, e a síntese. O mesmo íntimo critério preside ao movimento da ode grega, ou de toda a ode — a estrofe, em que se determina a ideia; a antístrofe, em que se lhe opõe a ideia contrária, que a própria posição daquela exige; o epodo, em que se conciliam as duas. Nem sempre assim era na realização da ode: sempre assim deveria ser.
Toda opinião é uma tese, e o mundo, à falta (…) -
Jean Richer – Cazotte, cabeças decapitadas
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroA última parte da carreira de Jacques Cazotte tem um caráter romanesco, embelezado à vontade pelos biógrafos.
Quanto à famosa profecia sobre a Revolução Francesa, que foi em grande parte uma invenção de La Harpe, acredita-se que a posição moderada adotada por Matter em sua biografia de Saint-Martin seja a mais sensata: "... Cazotte havia falado certa noite com certa gravidade sobre o futuro da França, em meio a uma sociedade frívola. Havia salpicado seu discurso de previsões mais ou menos (…)